ANTERO DE QUENTAL, O PRÓPRIO

O PRÓPRIO

Tenho o feio hábito de perguntar às pessoas por causa dos nomes que ostentam se porventura seriam parentes ou familiares de uma determinada pessoa que conhecia. Muitas vezes diziam que sim e outras que era uma infeliz coincidência de nomes. Estando no aeroporto de Ponta Delgada dirigi-me ao posto de informação para perguntar pela hora do voo para Lisboa, uma vez que havia sido adiada sucessivas vezes. A pessoa que me atendeu olhou muito bem para mim com os seus olhos pretos e profundos e respondeu-me com uma voz áspera que nem o próprio Deus sabia. Perante resposta tão eloquente e, vendo o seu nome na lapela que o identificava como sendo Antero Quental, fiz-lhe a pergunta se porventura seria familiar do poeta. A resposta veio de imediato:- Está a falar com o próprio!