OMS E ONU DESCONTENTES COM CRÍTICAS DE TIMOR

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Antonio Sampaio

Covid-19: ONU considera “irresponsáveis” críticas timorenses a apoio da OMS

Díli, 25 mar 2020 (Lusa) – O coordenador da ONU em Timor-Leste expressou hoje “grande desilusão e descontentamento” pelas críticas “irresponsáveis” de um comandante policial timorense sobre o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à covid-19 no país.
“É angustiante ver e ouvir um alto funcionário público declarar publicamente na televisão nacional ontem [terça-feira] à noite que “’não está satisfeito com a OMS, que não estão a ajudar o Governo a combater a covid-19”, disse Roy Trivedy em comunicado enviado à Lusa.
“A declaração feita pelo comandante Operacional da PNTL é factualmente incorreta, mostra uma falta de compreensão do papel da OMS e é altamente irresponsável”, referiu.
Manifestando “grande desilusão e descontentamento”, Trivedy sublinhou que desde meados de janeiro equipas da OMS e de outras agências das Nações Unidas têm trabalhado em colaboração com as autoridades timorenses para combater a pandemia.
“O chefe da OMS em Timor-Leste, Rajesh Pandav e a sua equipa, juntamente com outros, têm trabalhado praticamente todas as horas do dia, sete dias por semana, com grande profissionalismo, dedicação e determinação, apesar de muitos desafios”, lê-se no comunicado.
Roy Trivedi reiterou que as críticas feitas por Pedro Belo, em declarações na televisão pública RTTL, são “factualmente incorretas”, já que tanto o primeiro-ministro com outros líderes e responsáveis nacionais “reconheceram publicamente o contributo significativo da OMS para ajudar Timor-Leste a preparar-se para a pandemia”.
“A declaração do Comandante da PNTL mostra também uma má compreensão do papel da OMS – que é uma agência especializada das Nações Unidas, principalmente aqui para aconselhar, apoiar e ajudar o Governo de Timor-Leste em todas as questões de saúde”, sustentou Trivedy.
“É irresponsável porque, como funcionário público, fazer tal declaração não só pode minar a confiança pública no trabalho do Governo de Timor-Leste e da OMS, que é reconhecida como uma instituição global altamente respeitada, mas também coloca a vida dos povos em perigo, em consequência de ouvir tal desinformação”, referiu ainda.
Isso, sublinhou Trivedy, pode levar a que algumas pessoas “deixem de ouvir os conselhos dados por profissionais qualificados” podendo igualmente resultar em “ameaças e abusos ao pessoal da OMS e às Nações Unidas”.
“Em última análise, cabe ao Governo de Timor-Leste e ao seu Ministério da Saúde implementar as medidas de resposta à emergência COVID-19. A OMS e a ONU complementam e apoiam esta resposta, mas não a substituem”, insistiu.
A Lusa tentou obter comentários adicionais dos responsáveis da ONU e da OMS em Timor-Leste, mas tal não foi possível.
Timor-Leste tem até agora um caso confirmado da covid-19.

ASP // JMC
Lusa/Fim

Covid-19: PM timorense pede desculpa à OMS por declarações de responsável policial

Díli, 25 mar 2020 (Lusa) – O primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, lamentou hoje as declarações e um responsável policial do país que criticou o trabalho das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Timor-Leste.
Uma nota divulgada na página oficial do seu gabinete no Facebook, explica que Taur Matan Ruak se reuniu hoje com o responsável da ONU em Timor-Leste, Roy Trivedy e com o responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS), Rajesh Pandav.
Nesse encontro o chefe do Governo “lamentou a declaração com falta de cuidado” do superintendente chefe da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Pedro Belo, sobre a ação das Nações Unidas em Timor-Leste.
“O Governo pede desculpa à OMS e realça que as declarações não refletem o Governo ou o Estado de Timor-Leste”, refere.
Taur Matan Ruak disse ter dado instruções ao ministro interino do Interior, Filomeno Paixão, para que garanta que “o comandante se limita a falar da sua área de trabalho”.
O chefe do Governo reiterou a “confiança” do executivo na OMS e que o Estado aprecia o trabalho que a organização tem vindo a desenvolver no país no apoio aos esforços do Governo para combater a pandemia de covid-19.
A Lusa tentou sem sucesso contactar o ministro interino do Interior.
Em comunicado enviado à Lusa hoje, Roy Trivedy expressou “grande desilusão e descontentamento” pelas críticas “irresponsáveis” de um comandante policial timorense sobre o apoio da Organização Mundial de Saúde no combate à covid-19 no país.
“É angustiante ver e ouvir um alto funcionário público declarar publicamente na televisão nacional ontem à noite que “’não está satisfeito com a OMS, que não estão a ajudar o Governo a combater a covid-19”, disse Roy Trivedy em comunicado enviado à Lusa.
“A declaração feita pelo comandante Operacional da PNTL é factualmente incorreta, mostra uma falta de compreensão do papel da OMS e é altamente irresponsável”, referiu.
Também o ex-Presidente timorense, José Ramos-Horta, pediu hoje desculpas, como cidadão de Timor-Leste, pelas críticas que alguns compatriotas têm feito contra os cidadãos e agências estrangeiras, incluindo a ONU, presentes no país.
“Peço desculpas a todos os nossos hóspedes que trabalham nesta terra amada quando algum timorense vos desrespeita. Como cidadão de Timor-Leste curvo-me, baixo a cabeça, e peço-vos desculpas”, escreveu numa mensagem no Facebook.
“Alguns já se esqueceram da solidariedade da comunidade internacional. Alguns deitaram fora o seu coração”, sublinhou.
Os comentários de Ramos-Horta surgem na sequência de relatos de incidentes envolvendo estrangeiros, incluindo portugueses, que são associados ao novo coronavírus, bem como das críticas do responsável policial.

ASP // SB
Lusa/Fim

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