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acabo de saber com imensa mágoa, tristeza infinda, e incredulidade, que um dos homens que mais admirava e que tanto nos ajudou desde 2007 nos colóquios da lusofonia, nos deixou dia 7 de fevereiro (não tenho mais detalhes)….faleceu o nosso patrono e Presidente Honorário João Malaca Casteleiro
`A Conceição os nossos votos de solidariedade neste momento difícil. Recordo algumas imagens dos últimos seis anos em que conviveu connosco e esteve sempre presente.
nota do Público dia 10.2.20
João Malaca Casteleiro (1936-2020), mais do que obreiro do acordo ortográfico
Ficará conhecido como o ‘pai’ do Acordo Ortográfico, mas o seu papel na coordenação do dicionário da Academia das Ciências é talvez a sua grande marca. João Malaca Casteleiro tinha 83 anos.. Não foram para já adiantados pormenores sobre as cerimónias fúnebres do linguista.
9 de Fevereiro de 2020, 16:04
Pela exposição mediática do Acordo Ortográfico, é provável que venha a ser recordado por ter sido um dos principais responsáveis pela elaboração do respectivo acordo em 1990 – que viria a entrar em vigor em Portugal em 2009. Mas para quem com ele privou, e acompanhou o seu percurso profissional, mais significativa foi a coordenação científica do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, que viria a ser publicado em 2001, resultante de 12 anos de trabalho.
João Malaca Casteleiro (1936-2020), mais do que obreiro do acordo ortográfico
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[LER MAIS “Acordo Ortográfico é uma medida pragmática”, diz Malaca Casteleiro | Portugal | PÚBLICO]
Crónica 316 Eulogia ao Mestre Malaca
Há textos que jamais se espera escrever e este é um deles. Dia 7 de fevereiro 2020 é um dia muito triste, vinte e oito anos e um dia depois da morte do meu pai morreu um dos meus mentores, uma pessoa que muito estimava e que me honrava com a sua amizade.
Escrevo estas linhas, a quente, pouco depois de ter sabido da notícia e tenho pena de não ter acedido aos pedidos dos associados da AICL, Luciano Pereira e do Rolf Kemmler em 2018, quando propuseram fazer uma homenagem aos nossos dois patronos, e decidimos que eles fossem (na nossa assembleia-geral de 2019) nomeados nossos Presidentes Honorários e continuassem como Patronos. Esperava eu que a sua longevidade nos permitisse fazer essa homenagem num colóquio inteiramente dedicado a ambos.
Claro que os homenageamos a ambos durante os anos em que com eles aprendemos tanto quando, connosco, humildemente partilhavam o seu saber.
O Professor João Malaca Casteleiro surgiu no nosso seio em outubro 2007 com Evanildo Bechara quando ambos aceitaram o meu ousado convite a estarem presentes, e lembro-me, como se fosse hoje, que depois de um dos jantares, no Poças em Bragança, quando regressávamos a pé, à velhinha Residencial Classis onde estávamos todos alojados, eles me perguntarem já perto da meia-noite se eu os queria aceitar como nossos patronos, dado que o primeiro patrono JOSÉ AUGUSTO SEABRA falecera em 2004. Nem queria acreditar que a sorte nos bafejara naquela conversa informal, quando eu me queixava da falta de visibilidade do 8º colóquio em 2007.
Logo a seguir, fruto desse mesmo colóquio em Bragança, a comunicação social daria tanto relevo ao acordo ortográfico de 1990 que ali se debatera, que prontamente o estado português o ratificou e começou a implementar. A partir desse momento, durante anos a fio, em escolas, universidades, colóquios, Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara eram as faces mais visíveis dos colóquios e do AO 1990, da Galiza a Portugal, Brasil, Macau, catapultando estes colóquios para a ribalta.
Durante os primeiros anos estabelecemos as metas necessárias para que a novel Academia Galega da Linga Portuguesa se pusesse de pé e frutificasse e a sua palavra e as suas estratégias ajudaram a conseguir o que poucos acreditavam ser possível numa Galiza espanholizada e castelhanizada linguisticamente.
Quando em outubro de 2010 fomos vítimas de uma ameaça da Câmara Municipal de Bragança de tomar conta dos nossos colóquios encontrei em ambos, o apoio necessário para avançar a todo o gás para a nossa associação, a AICL, garantindo os direitos de autor do nosso logótipo, do nosso nome e do nome dos colóquios.
Depois, foi Malaca Casteleiro quem coordenou as diligências para irmos a Macau em 2011, no ano a seguir à nossa bem-sucedida ida ao Brasil, onde marcamos presença na conferencia de Brasília da CPLP (março 2010), no Museu da Língua em São Paulo e no 13º colóquio em Florianópolis. Assim, acabaríamos por levar uma extensa comitiva de 43 participantes, dos quais 19 totalmente apoiados pelo Instituto Politécnico de Macau.
Recordo as passadas rápidas e vigorosas de Malaca Casteleiro na nossa ida ao Canadá em setembro 2012 pela Yonge St abaixo rumo à Universidade de Toronto onde a Manuela Marujo nos esperava para celebrar os 65 anos de estudos portugueses. Antes disso, em abril de 2009 na Lagoa, o nosso patrono recusara a carrinha de 9 lugares que andava numa lufa, para a frente e para trás, e decidira meter pés ao caminho que separava o teatro da Lagoa da residencial Arcanjo na vizinha Atalhada, onde estava hospedado, e quase conseguia chegar ao mesmo tempo que a viatura.
Durante os primeiros anos estabelecemos as metas necessárias para que novel Academia Galega da Linga portuguesa se pusesse de pé e frutificasse.
Já em 2016 em Montalegre, em amena cavaqueira, com ele, e a sua inseparável Conceição, perdemo-nos do nosso guia, o célebre Padre Fontes e fomos a pé cavalgando as ruas e caminhos de Vilar das Perdizes, enquanto os restantes faziam a rota cultural estabelecida.
Mais tarde quando o meu filho João foi convidado pelo Ministro da Ciência e Tecnologia a ir falar a Picoas, ao atual edifício Altice, em maio 2017 nos 30 anos do programa Ciência Viva, o Malaca e a Conceição lá estavam, a partilhar o meu orgulho imenso, jantando connosco e ficando em amena cavaqueira até altas horas quando fecharam o bar do Hotel.
E sempre estiveram connosco desde 2007, menos no ano de 2018 quando a saúde do nosso mestre e patrono o traiu e ele não pode estar presente no 29º Belmonte 2018, 30º Madalena do Pico 2018 e 32º na Graciosa 2019 (por temer a falta de condições hospitalares em caso de necessidade urgente nas ilhas). Ainda em novembro último confirmara a sua presença em Belmonte este ano…
Não vou falar da sua notável carreira, nem da sacanice da perseguição que a Academia lhe moveu nos últimos anos que nos levou em 2009 a propor uma ACADEMIA DE LETRAS DE PORTUGAL mas que infelizmente, não lograria apoios suficientes para arrancar e deixar de ser uma subserviente Secção de Letras da Academia de Ciências de Lisboa, mas recordarei sempre a sua confissão de que tinha vindo de uma família humilde e, como quase todos os desta geração, subira a pulso, fruto de muito trabalho e estudo, coisas que, indubitavelmente fazem falta hoje em dia.
Muitas vezes falamos disto, da ética de trabalho, da necessidade de sermos exigentes e perseverantes.
Guardarei comigo tudo o que partilhamos nestes 13 anos de convívio são e fico eternamente grato pelo muito que com ele aprendi. Continuará sempre como nosso patrono e Presidente Honorário, ele que presidiu à Mesa da Assembleia-Geral da AICL desde a sua fundação em 2010 até à Assembleia-Geral de 2019 e deixo aqui em imagens a sua passagem no nosso seio, que tanto nos ajudou e influenciou. [1]
Chrys Chrystello, 9.2.2020
Presidente da Direção da AICL, Colóquios da Lusofonia
[1] As imagens serão projetadas no 33º colóquio em abril 20202 Belmonteé o 2º mentor e 2º patrono dos colóquios que nos deixa….jose augusto Seabra em 2004 e agora o Malaca..