Categoria: TIMOR história e memorias

  • MEMÓRIAS DE TIMOR 1913

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    J M Domingues Silva to TIMOR NO CORACAO

    10 hrs

    Uma Lulik Timur. Casa sagrada do Oriente.

    Cabeças de rebeldes expostas em Manatuto numa foto de 1913, durante as Guerras do Manufai 1911-1913. Fotografia do Museu de História Natural da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

    Nota: Fotografia oculta por imposição do Facebook. Se pretender ver com responsabilidade clique em “mostrar foto”.

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    Uma Lulik Timur.

    Casa sagrada do Oriente.

    Cabeças de rebeldes expostas em Manatuto numa foto de 1913.

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  • TIMOR DO DESAPARECIMENTO DO ARBIRU AO MOTIM DE UATO-LARI 1959

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    CONTINUANDO…

    Há a tendência para, quando alguém está a passar por maus momentos, em vez de o animarem, tentarem reerguê-lo, procuram inventar e pô-lo mais para baixo. Ou, pelo contrário, quando uma pessoa está desfrutando de numa boa situação, a inveja suplantar tudo o que será razoável e até serem inventados episódios, que não são mais que mentiras e acabam por evoluir em disparatados boatos, crescendo sempre com mais hipotéticos pormenores. E Díli era fértil em ‘estórias’, que não eram da carochinha e atacavam, sem respeito nem pudor, a respeitabilidade de gente honesta.
    Do mesmo modo, alguém que não mostrou competência para resolver determinada situação, tem que arranjar subterfúgios e pormenores, a fim de dissimular e camuflar a sua incapacidade. Ou que quis ocultar pormenores de algum deslize, fazer com que outrem venha a ‘pagar as favas’.
    Um dos boatos mais conhecidos, e que hoje já é uma lenda, foi o desaparecimento do navio ‘O Arbirú’, afundado por uma ‘tromba marítima’, no Mar das Flores, e que não sei porque motivo (julgo que, talvez, por uma questão de seguros), o governador e a PIDE/DGS, de conluio, não permitiram que o chefe dos Serviços Metereológicos falasse com o único sobrevivente da tragédia, o Paulo do Rosário, assim como criaram uma incrível anedota, ou que teria sido um ataque da FRELIMO (porquê?) ou de piratas javaneses ou de contrabando de armas. Não atinjo qual seria a intenção do Governador, mas parece-me entender a posição do inspector da polícia, querendo mostrar serviço, que não aparecia, tal como fizera com o anterior governador, levando-o a cometer vários erros crassos, envolvendo a alfândega, com ‘estórias’ de contrabando de armas, quando, repetidamente informávamos que a alfândega abria todos os caixotes, e seria impossível que alguém fosse tão estúpido que pretendesse passar armas por ali, quando tinha um litoral imenso sem qualquer fiscalização. Mas o boato cresceu, com gente que viu o navio em Hong-Kong e em Díli, outros viram passageiras do navio em Bali… e até o Paulo do Rosário ter vindo até Lisboa, a fim de ser interrogado.
    Desculpem-me, desviei-me do meu assunto habitual, ao verificar que, ao querer aproximar-me, tanto quanto possível da verdade, ela poderá estar longe do que se passou. Já me disseram que, o que eu tenho escrito, vale zero, porque tudo já teria sido estipulado, em 1960, pelos EUA, a Austrália e a Indonésia. No que eu não acredito, tal como “a guerra do Ultramar” ter tido início em Timor, em 1959, com a revolta em Viqueque/Uato Lari/Uato Carbau, com fim à independência, porque, tendo conhecimento de quase tudo o que se passou, porque convivia diariamente com os oficiais milicianos, e sabia perfeitamente que, naqueles tempos, os timorenses não sonhavam com independência e, somente alguns, industriados pelos militares indonésios que haviam pedido refúgio em Oé-Cusse, se atreveram a tentar revoltar-se com vista à integração na Indonésia, com a ‘ajuda’ do então cônsul indonésio em Díli — o Sr. Nazwar Jacub Sutan. E, tanto assim aconteceu que, enquanto que, em Díli, a 3 de Junho, se iniciaram, com grande alvoroço e estrondo, as prisões de supostos implicados, somente naquela região oriental, a 7 daquele mês, os refugiados indonésios deram início à revolta.Foi enviada para Baucau, uma pequena força, constituída pelo tenente Ferreira, o furriel Pires e nove praças timorenses, os quais, juntamente como administrador Artur Marques Ramos, que conseguira, milagrosamente, sair de Viqueque com a família, para lá voltaram, por estrada, com mais timorenses, europeus e chineses, com algumas armas e munições. No entanto, devido ao pouco conhecimento do que se passava naquela região, foi enviado para lá, no dia 9, mais um certo número de militares comandados pelo cap. Manuel João Fajardo, que passado alguns dias, nada adiantava e se lamentava de que já havia dois ou três dias que não tomava banho. Entretanto, vários arraiais fiéis tinham sido levantados mas como o impasse em Viqueque continuava, foi enviado o cap. Barreiros, o qual, entendeu que não substituía o colega e apenas o coadjuvava. E logo mandou atacar Uato Lari a ferro e fogo, embora alguém o tivesse tentado impedir de resolver aquela ‘guerra’ de maneira tão drástica, implorando-lhe que houvesse fé, porque deveria haver ainda gente viva. Em uma semana tudo se resolveu rapidamente, de tal modo que, a 20 daquele mês, uma ‘Companhia Destacada’ aéro -transportada de Goa para Baucau, em aeronave pilotada por Solano de Almeida, que já estivera em Timor, — e em que, muitos deles, eram meus conterrâneos — ficam verdadeiramente decepcionados, por, em vão, indagarem… “onde está a guerra” ?

    Amanhã continuarei com a matéria anterior, pois hoje despistei.-me, ao ler que o presidente da Fretilin, Xavier do Amaral proclamava, à plebe, sua ouvinte, que abriria o Tata-Mai-Lau e de lá jorraria imenso ouro, assim como encomendara uma máquina de fazer notas, e já ninguém teria que trabalhar.
    No entanto, no seu manual político, a Fretilin chamava a atenção para o “RACISMO”, quando o seu presidente Xavier, em entrevista ao ‘Diário de Notícias’, declarava que ele é que era “puro” e os Carrascalões eram mestiços e o Xanana era misto de misto; que o partido protegia a agricultura porque eram um país de camponeses e o povo timorense tinha fome de tudo, quantitativa e qualificativa, e o regime colonial só protegia a agricultura de exportação, —embora saibamos que muitos patrões, quando queriam dar da sua comida aos seus empregados, eles preferiam o seu milho, arroz ou mandioca —, não percebendo que as exportações, principalmente do café, eram necessárias, para poder haver importações. O presidente Xavier do Amaral não deve ter percebido bem, quando eu lhe contei que, enquanto eu estive ausente em Portugal, tinham importado cerveja estrangeira, com base num decreto que dizia, mais ou menos o seguinte: “que em casos graves de carestia de alimentos para a população, poderia ser importado, livre de direitos, quantidades determinadas do mesmo, num prazo fixo, depois de ouvido o Conselho do Governo.” Penso que não era a cerveja que faria parte da alimentação da maior parte dos timorenses.
    E, como me já me adiantei mais do que pensava, fico por aqui.

    MAS… haverá mais, assim eu tenha saúde.

    (mais…)

  • TIMOR E A NOVA DILI QUE NUNCA O FOI

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    Rui Sá Pinto Correia replied to a comment on a post from 2 July 2016.

    Cutulau (Em busca de Nova Díli) – 2ª Viagem exploratória

    A 5 de Abril de 1946, Oscar Freire de Vasconcelos Ruas, encarregado do governo, determina após aprovação do Ministro das Colónias, que a cap...

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    1 post

    A 5 de Abril de 1946, Oscar Freire de Vasconcelos Ruas, encarregado do governo, determina após aprovação do Ministro das Colónias, que a capital de Timor seja transferida para Cutulau.
    Esta transferência pretendia solucionar a necessidade de resolução dos problemas de saúde que caracterizavam Dili, reconhecidamente insalubre e a situação de ruína em que ficara a cidade depois da ocupação nipónica, para uma região de melhor clima onde se pudesse construir de raiz uma nova capital.
    A mudança de localização da capital nunca se viria a realizar, por se terem de imediato mobilizado os recursos e meios para a recuperação das infra-estruturas existentes em Dili, deixando sem sentido a proposta de edificação de uma Nova Dili, remetendo assim este projecto para o esquecimento.

    Esta é a segunda tentativa de reconhecimento do local a que se referiam.
    Na lista de locais com este nome surgia próxima a Díli a aldeia de Cutulau no vizinho Municipio de Liquiçá, Posto Administrativo de Bazartete.
    Em verdade viria a perceber que Nova Dili estava projectada para esta outra Cutulau, mais proxima a Díli, no Posto Administrativo de Laulara, Aileu.

    Ruy Cinatti, a Cutulau se referiria na sua obra poética (Para uma corografia emotiva de Timor, 1946-1972)

    Cototalu – cidade,
    toda a cumeada.
    Cidade sonhada
    que nunca existiu.

    Cotolau – ó ermo
    de eucaliptos pretos
    de ramadas altas
    e crepes de líquenes!

    Cotolau – a pedra
    da inauguração,
    encontrei-a eu,
    coberta de musgo.

    Cotolau – ó sonho,
    por quem estás de luto?
    Podem indicar-me
    onde é Nova Díli?

    Cotolau – deserto.
    Fui a Cotolau
    e trouxe de lá
    braçadas de lírios!

    “Nova Díli, o grande sonho do governador Óscar Ruas (1946-50) que nela via a futura cidade residencial, não passou de um sonho assaz custoso em dinheiro e esforço. O fitogeógrafo E. Meijer-Drees, dos Serviços Florestais holandeses, depois indonésios, dizia-me, opondo-se, de certo modo, aos desejos do governador, que, de facto, não se morreria de malária, como em Díli, senão de pneumonia, ou de acidentes de viação. O sítio, por lindo que o seja, não tem condições urbanísticas, por se reduzir quase que exclusivamente a uma faxa e cumeada desprovida de água, e com a base das nuvens baixas descendo a níveis inferiores na época das chuvas. Daí, as pneumonias – clima frio e húmido, que os liquenes denunciam, e também ventoso – e os acidentes de viação – declives muito pronunciados, quase abruptos mesmo, imersos em nevoeiro durante, pelo menos, quatro meses por ano, embora com abertas matutinas.”

    (Paisagens Timorenses com vultos, Ruiy Cinatti, Relógio D’Água, 1996)

  • A Voz de Timor online | Timor Archives

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    National Library of Australia has added to its marvellous Trove facility some text-searchable issues of the Portuguese Timor-era newspaper, A Voz de Timor. We briefly introduce this important …

    Source: A Voz de Timor online | Timor Archives

     

    A Voz de Timor online

     

    adorei reler alguns dos meus artigos Chrys em 1973-1975 Search results for ‘CHRYSTELLO’ – Digitised newspapers and more – TroveThe

  • para não esquecer o 1º volume da trilogia da história de timor

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    https://www.academia.edu/35921684/ET_dossier_secreto_73-75_PT_cc0.pdf

     

    em ingl~es

    https://www.academia.edu/attachments/55803139/download_file?st=MTU1OTczNzEzMywxODUuMjI0LjE2NC4xNjAsNzY1NDg1MTY%3D&s=swp-toolbar

  • a visita de Freycinet a Dili 1818

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    José Bárbara Branco to Foto do “Menino Descalço”- Identidade de antigos portugueses em Timor.

    Em 17 de Novembro de 1818 arribava à baía de Díli a corveta francesa L’Uranie, na viagem à volta do mundo que ficou célebre pelas investigações científicas pioneiras (costumes, antropologia, botânica e zoologia) que levou a cabo em diferentes partes do globo. As descrições publicadas por Louis de Freycinet (Voyage Autour du Monde, 1824, Paris) e o “Diário” (A Woman of Courage: The Journal of Rose de Francynet on Her Voyage Around the World 1817-1820, na versão inglesa publicada pela National Library, Austrália) de sua mulher Rose (que viajou “clandestinamente” no navio) são muito interessantes. Rose Marie Pinon de Freycinet descreve no seu Diário a chegada a Díli (onde permaneceram 4 dias) e a recepção muito calorosa pelo Governador José Pinto Alcoforado de Azevedo e Sousa. Relata os pormenores da vida no “Palácio do Governo”, a baixela, a variedade e requinte das refeições, o vestuário dos portugueses (europeus e timorenses). Devo dizer que fiquei surpreendido, pois estou habituado a outros relatos coevos miserabilistas.
    Acho interessante publicar uma das gravuras que acompanham a obras citadas e que mostra o desembarque em Díli. A verosimilhança com a topografia real é muito interessante: a tranqueira de Díli (mais ou menos em frente ao Quartel, actual Casa Europa, onde, na marginal, está a praceta com canhões antigos), ao fundo a ponta de Fatucama que limita a baía e, à esquerda, a ilha de Ataúro.

  • TAT avião Manatuto, memórias de Timor

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    Chico E Zinha Baptista shared a post to the group: Timor-Leste Friends.

    Yesterday at 12:17

    Avião ” Manatuto ” pertence a Timor Leste !

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    Ricardo Antunes

    De Havilland Dove CR-TAG “Manatuto”

    Nestes dias tive a oportunidade de visitar o único sobrevivente conhecido da frota da Transportes Aéreos de Timor (TAT). Trata-se de um De Havilland DH 104 Dove, que está a descansar à sombra de um B-52, no museu aéreo de Darwin, no norte da Austrália. Este avião foi oferecido à Austrália pelo governo português.

    (Texto da Wikipedia)
    Transportes Aéreos de Timor (TAT) foi uma empresa aérea colonial do Timor Português, sediada em Díli, que operou entre 1954 e 1975.

    A companhia aérea colonial foi fundada em julho de 1939. Com sede em Díli, as suas bases de operações funcionavam em Díli e Baucau. A companhia servia os destinos da colónia e da Austrália e Indonésia.

    Em 1967, a TAT realizou voos entre Baucau e Oecusse, e entre Baucau e Darwin, na Austrália, com dois aviões de Havilland Doves.

    Em 1969, a TAT realizou voos para seis destinos timorenses, e um voo fretado semanal com a aeronave Fokker F27 Friendship da companhia aérea australiana Trans Australia Airlines (TAA), que operou na rota de Baucau para Darwin.

    Entre 1974 e 1975, a TAT realizou serviços domésticos programados de Díli para Ataúro, Baucau, Maliana, Oecusse e Suai. Os serviços que eram realizados de Baucau até Darwin pela Trans Australia Airlines para a TAT passaram a funcionar três vezes por semana, e a TAT passou a servir também a cidade de Kupang em Timor Ocidental, na Indonésia, desde a capital timorense Díli, usando o avião bimotor Douglas DC-3 da empresa aérea indonésia Merpati Nusantara Airlines com um voo fretado por semana.

    Em 1967, a TAT aumentou a sua frota com dois aviões de Havilland Doves. Em 1969, a frota foi aumentada com três aeronaves Austers, mas em 1971 foram retiradas da frota.

    Após o encerramento das atividades da TAT e na sequência da invasão indonésia de Timor-Leste em 1975, a frota consistia em dois aviões Doves e uma aeronave Britten-Norman BN-2 Islander.

    A 26 de janeiro de 1960, o avião de Havilland Heron, de prefixo aeronáutico CR-TAI, caiu a noroeste da ilha Bathurst, no mar de Timor, aproximadamente uma hora após a descolagem de Darwin até Baucau, onde dois tripulantes e sete passageiros foram mortos.

    O avião de Havilland Dove CR-TAG “Manatuto”, batizado com o nome da cidade timorense de Manatuto, encontra-se em exposição no Museu da Aviação de Darwin.

    Comments
    • Jose Teixeira Pilotado nod últimos anos em 1974-5 por um australiano chamado Roger (?). Conheci-o muito bem porque meu too foi I meteorologista no aeroporto de Baucau. Foi aonde ganhei a minha paixão de pilotar aviões até conseguir fazer o meu voo solo em 1983.

    Avião ” Manatuto ” pertence a Timor Leste !

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    Ricardo Antunes

    De Havilland Dove CR-TAG “Manatuto”

    Nestes dias tive a oportunidade de visitar o único sobrevivente conhecido da frota da Transportes Aéreos de Timor (TAT). Trata-se de um De Havilland DH 104 Dove, que está a descansar à sombra de um B-52, no museu aéreo de Darwin, no norte da Austrália. Este avião foi oferecido à Austrália pelo governo português.

    (Texto da Wikipedia)
    Transportes Aéreos de Timor (TAT) foi uma empresa aérea colonial do Timor Português, sediada em Díli, que operou entre 1954 e 1975.

    A companhia aérea colonial foi fundada em julho de 1939. Com sede em Díli, as suas bases de operações funcionavam em Díli e Baucau. A companhia servia os destinos da colónia e da Austrália e Indonésia.

    Em 1967, a TAT realizou voos entre Baucau e Oecusse, e entre Baucau e Darwin, na Austrália, com dois aviões de HavillandDoves.

    Em 1969, a TAT realizou voos para seis destinos timorenses, e um voo fretado semanal com a aeronave FokkerF27Friendship da companhia aérea australiana TransAustraliaAirlines (TAA), que operou na rota de Baucau para Darwin.

    Entre 1974 e 1975, a TAT realizou serviços domésticos programados de Díli para Ataúro, Baucau, Maliana, Oecusse e Suai. Os serviços que eram realizados de Baucau até Darwin pela TransAustraliaAirlines para a TAT passaram a funcionar três vezes por semana, e a TAT passou a servir também a cidade de Kupang em Timor Ocidental, na Indonésia, desde a capital timorense Díli, usando o avião bimotor Douglas DC-3 da empresa aérea indonésia MerpatiNusantaraAirlines com um voo fretado por semana.

    Em 1967, a TAT aumentou a sua frota com dois aviões de HavillandDoves. Em 1969, a frota foi aumentada com três aeronaves Austers, mas em 1971 foram retiradas da frota.

    Após o encerramento das atividades da TAT e na sequência da invasão indonésia de Timor-Leste em 1975, a frota consistia em dois aviões Doves e uma aeronave Britten-NormanBN-2Islander.

    A 26 de janeiro de 1960, o avião de HavillandHeron, de prefixo aeronáutico CR-TAI, caiu a noroeste da ilha Bathurst, no mar de Timor, aproximadamente uma hora após a descolagem de Darwin até Baucau, onde dois tripulantes e sete passageiros foram mortos.

    O avião de HavillandDoveCR-TAG “Manatuto”, batizado com o nome da cidade timorense de Manatuto, encontra-se em exposição no Museu da Aviação de Darwin.

    a minha primeira viagem, dez 1973 na Maliana

    a despedida do gov alves aldeia maio 75

    1974 ou 75

    as meninas da tat

  • SIRANA FILME DE TIMOR

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    em seis partes aqui

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    Joao Paulo Esperanca added a newphoto to thealbum: Timor.

    March 8, 2008

     

    «sábado, março 08, 2008
    Sirana – O início do cinema timorense

    As cenas iniciais mostram-nos o interior de uma casa de palapa, um típico lar timorense com uma fotografia do Papa João Paulo II pendurada na parede, um oratório onde rezam os habitantes com uma vela acesa, frinchas nas paredes, cozinha e quarto-de-banho exteriores, também feitos de materiais como palapa ou chapas. Um senhora de lipa e cabaia reza as orações matinais e faz a lida da casa. Ficamos então a saber quem mais mora na casa, Sirana, a protagonista, filha da senhora, e a irmã mais velha daquela e o cunhado. Este está desempregado, é vadio e bêbado, e bate na mulher. As discussões entre o casal são constantes.

    Vemos depois Sirana sair cedo a pé com a mãe para irem vender legumes da sua horta no mercado. Aí aparece uma antiga conhecida da mãe, acompanhada por uma jovem colega de Sirana, ambas bem vestidas e com visual moderno. As senhoras conversam um pouco e a que compra os vegetais diz que trabalha num kantor [escritório] e refere as muitas colegas de ambas de antigamente, que são agora deputadas no Parlamento e funcionárias de Ministérios. A cena apresenta, sem tal mencionar explicitamente, o contraste chocante entre a vida de uma que continua pobre e a forma como a outra subiu na vida e se move no mundo dos políticos, dos malais, das ONGs… As duas raparigas andam ambas a ensaiar para uma peça de teatro e combinam encontrar-se lá no CJPAV mais tarde. Sirana interpreta o papel principal, o de Rosa Muki Bonaparte.

    Já em casa, aparece a visitá-las uma prima, moça moderníssima, toda gira, transportada de carro. Explica que trabalha com os malais, ganha muito dinheiro, e, inquirida, responde que para arranjar um emprego assim “tem que se saber inglês e português, saber vestir-se bem, ser bonita, e mais outras coisas… que tu [Sirana] ainda não sabes”. Veio contar-lhes que na semana seguinte será o seu “troka prenda”, noivado, e que o namorado é estrangeiro, mas muito boa pessoa, e que no próximo ano irão ambos à terra dele.

    Noutra cena, as amigas de Sirana vêm chamá-la para ir com elas à praia. São exuberantes, elegantes e belas, vestem roupas justas com ombros nus e umbigos à mostra… Sirana vai com roupas que a prima lhe havia oferecido. Na praia ela está triste e acaba por desabafar com dois colegas, um rapaz e uma cachopa, contando os problemas em casa entre a irmã e o cunhado, e também que não lhe estão a correr bem os ensaios porque não sabe o suficiente sobre Rosa Muki Bonaparte. Os colegas falam-lhe do papel desta como pioneira dos direitos da mulher em Timor, no âmbito da OPMT, e que foi assassinada pelos militares indonésios no porto de Díli logo no primeiro dia da invasão, e aconselham-na a procurar nos livros e perguntar às senhoras mais velhas. Ela confessa que há mais uma coisa a preocupá-la, um amigo, Nonó, gosta dela, mas ela sente-se reticente em retribuir porque ele é rico e ela não. Eles asseguram que o Nonó é um tipo impecável que não dá importância a essas coisas.

    Noutro ensaio, um senhor lá no CJPAV (uma das mais importantes instituições culturais de Díli) pergunta à nossa jovem heroína porque não pede ela à mãe informação sobre a personagem que tem que interpretar e sobre esses tempos. Ele tinha afinal estado no mato com a mãe de Sirana. Esta conta depois à filha sobre os primórdios da luta das mulheres pela sua dignidade, oprimidas que estavam pela sociedade e pela cultura tradicional, e sobre as actividades da OPMT na montanha nos primeiros anos da guerra.

    Entretanto o namoro com o tal Nonó parece estar encaminhado. Sirana chega a casa e depara com a irmã que fora novamente espancada.

    Temos depois uma cena com a prima, numa esplanada com o namorado. Este é “português”, apesar de o actor falar com um forte sotaque anglo-saxónico:

    “- Amor, quando é que me levas para Portugal?
    – Fazer o quê?
    – Aprezentaha’ubaó-nia família [apresentar-me à tua família], ofcourse!
    – Querida, ó tenkekomprendeha’u tropa ne’e. Ha’ulabelelori ó baPortugál agora. [tens que compreender que sou militar aqui. Não posso levar-te para Portugal agora]
    – Mas amorzinho, ó promete atuaprezentaha’ubaó-nia família! [tu prometeste apresentar-me à tua família] Sabes perfeitamente que eu estou grávida!
    – Eu sei amor. Ne’ela’ósha’umak sala. Itruamakhakarak!… [isso não é culpa minha. Ambos quisemos… ]
    – Mas amor…
    – Não, não! Itala promete buat ida bamalu. [nós não prometemos nada um ao outro]
    – Ó labele halo ha’unune’e [não podes fazer-me isso], por favor! “

    E o “português” pede desculpa e põe-se a andar. Fica a moça abandonada a chorar. Depois vai a casa das primas contar-lhes lavada em lágrimas.

    Este é um drama relativamente comum em Timor, o das namoradas grávidas deixadas entregues à sua sorte por namorados malais que terminam o tempo de serviço e voltam para os seus países. Mas achei curioso que – ainda por cima sendo o actor falante de inglês – tivessem optado por dar ao personagem a nacionalidade portuguesa. É certo que um soldado australiano me contou (não sei se estava a dizer a verdade ou não) que eles estão proibidos de namorar com as timorenses e que por isso, enquanto dura a comissão, têm alguns dias de licença de xis em xis semanas para irem a Báli, mas também é verdade que ele me disse isso num bar e que fiquei com a impressão que ele namorava com uma das empregadas que lá trabalhava…

    A história no filme continua a desenrolar-se com a estreia da peça, que retrata a violência da invasão indonésia. As cenas da peça alternam com outros acontecimentos: o cunhado que aparece bêbado mais uma vez e que a sogra expulsa de casa, o reaparecimento deste num estado deplorável andando aos tombos até à porta que ninguém lhe abre. A peça termina com aplausos entusiásticos do público e com a subida ao palco de Mari Alkatiri (na época Primeiro Ministro) para dar beijinhos e cumprimentos aos actores e actrizes.

    O filme foi feito em Díli há uns quatro ou cinco anos, e parece-me que é a obra pioneira do cinema timorense. Lembro-me de ter visto pelo menos uma produção antiga com actores da diáspora, “Flores Amargas”, ambientado no meio dos refugiados do Vale do Jamor, em Portugal, mas produto nacional mesmo, este – que eu saiba – é o primeiro. Apesar de algumas dificuldades ao nível técnico, como por exemplo a captação do som que não está muito boa, parece-me um trabalho muito bem conseguido a vários níveis. O primeiro é a sua radicação consciente na realidade local, falado em tétum, não se tratando apenas de olhares de malai sobre Timor mas sim de ambientes e histórias que fazem parte do quotidiano genuíno dos timorenses. Outro aspecto que me agradou foi, que apesar da aparente simplicidade do argumento, há a possibilidade de mais do que um nível de leitura. Resta dizer que Ivete de Oliveira foi a realizadora, e que o filme resulta do trabalho conjunto de várias instituições: FundasaunKulturalLe-Ziaval, SaheInstitute for Liberation, SanggarMamura e CatholicInstitute for InternationalRelations, com apoio da Caritas Australia e Caritas NewZealand. Da banda sonora fazem parte pelo menos Os Novos 5 do Oriente e o Nelson Turquel, que também aparecem no filme.

    Publicada por João Paulo Esperança à(s) 11:03 da manhã»
    https://jpesperanca.blogspot.com/2008/03/sirana-o-incio-do-cinema-timorense.html

    «sábado, março 08, 2008
    Sirana – O início do cinema timorense

    As cenas iniciais mostram-nos o interior de uma casa de palapa, um típico lar timorense com uma fotografia do Papa João Paulo II pendurada na parede, um oratório onde rezam os habitantes com uma vela acesa, frinchas nas paredes, cozinha e quarto-de-banho exteriores, também feitos de materiais como palapa ou chapas. Um senhora de lipa e cabaia reza as orações matinais e faz a lida da casa. Ficamos então a saber quem mais mora na casa, Sirana, a protagonista, filha da senhora, e a irmã mais velha daquela e o cunhado. Este está desempregado, é vadio e bêbado, e bate na mulher. As discussões entre o casal são constantes.

    Vemos depois Sirana sair cedo a pé com a mãe para irem vender legumes da sua horta no mercado. Aí aparece uma antiga conhecida da mãe, acompanhada por uma jovem colega de Sirana, ambas bem vestidas e com visual moderno. As senhoras conversam um pouco e a que compra os vegetais diz que trabalha num kantor [escritório] e refere as muitas colegas de ambas de antigamente, que são agora deputadas no Parlamento e funcionárias de Ministérios. A cena apresenta, sem tal mencionar explicitamente, o contraste chocante entre a vida de uma que continua pobre e a forma como a outra subiu na vida e se move no mundo dos políticos, dos malais, das ONGs… As duas raparigas andam ambas a ensaiar para uma peça de teatro e combinam encontrar-se lá no CJPAV mais tarde. Sirana interpreta o papel principal, o de Rosa Muki Bonaparte.

    Já em casa, aparece a visitá-las uma prima, moça moderníssima, toda gira, transportada de carro. Explica que trabalha com os malais, ganha muito dinheiro, e, inquirida, responde que para arranjar um emprego assim “tem que se saber inglês e português, saber vestir-se bem, ser bonita, e mais outras coisas… que tu [Sirana] ainda não sabes”. Veio contar-lhes que na semana seguinte será o seu “troka prenda”, noivado, e que o namorado é estrangeiro, mas muito boa pessoa, e que no próximo ano irão ambos à terra dele.

    Noutra cena, as amigas de Sirana vêm chamá-la para ir com elas à praia. São exuberantes, elegantes e belas, vestem roupas justas com ombros nus e umbigos à mostra… Sirana vai com roupas que a prima lhe havia oferecido. Na praia ela está triste e acaba por desabafar com dois colegas, um rapaz e uma cachopa, contando os problemas em casa entre a irmã e o cunhado, e também que não lhe estão a correr bem os ensaios porque não sabe o suficiente sobre Rosa Muki Bonaparte. Os colegas falam-lhe do papel desta como pioneira dos direitos da mulher em Timor, no âmbito da OPMT, e que foi assassinada pelos militares indonésios no porto de Díli logo no primeiro dia da invasão, e aconselham-na a procurar nos livros e perguntar às senhoras mais velhas. Ela confessa que há mais uma coisa a preocupá-la, um amigo, Nonó, gosta dela, mas ela sente-se reticente em retribuir porque ele é rico e ela não. Eles asseguram que o Nonó é um tipo impecável que não dá importância a essas coisas.

    Noutro ensaio, um senhor lá no CJPAV (uma das mais importantes instituições culturais de Díli) pergunta à nossa jovem heroína porque não pede ela à mãe informação sobre a personagem que tem que interpretar e sobre esses tempos. Ele tinha afinal estado no mato com a mãe de Sirana. Esta conta depois à filha sobre os primórdios da luta das mulheres pela sua dignidade, oprimidas que estavam pela sociedade e pela cultura tradicional, e sobre as actividades da OPMT na montanha nos primeiros anos da guerra.

    Entretanto o namoro com o tal Nonó parece estar encaminhado. Sirana chega a casa e depara com a irmã que fora novamente espancada.

    Temos depois uma cena com a prima, numa esplanada com o namorado. Este é “português”, apesar de o actor falar com um forte sotaque anglo-saxónico:

    “- Amor, quando é que me levas para Portugal?
    – Fazer o quê?
    – Aprezenta ha’u ba ó-nia família [apresentar-me à tua família], of course!
    – Querida, ó tenke komprende ha’u tropa ne’e. Ha’u labele lori ó ba Portugál agora. [tens que compreender que sou militar aqui. Não posso levar-te para Portugal agora]
    – Mas amorzinho, ó promete atu aprezenta ha’u ba ó-nia família! [tu prometeste apresentar-me à tua família] Sabes perfeitamente que eu estou grávida!
    – Eu sei amor. Ne’e la’ós ha’u mak sala. Itrua mak hakarak!… [isso não é culpa minha. Ambos quisemos… ]
    – Mas amor…
    – Não, não! Ita la promete buat ida ba malu. [nós não prometemos nada um ao outro]
    – Ó labele halo ha’u nune’e [não podes fazer-me isso], por favor! “

    E o “português” pede desculpa e põe-se a andar. Fica a moça abandonada a chorar. Depois vai a casa das primas contar-lhes lavada em lágrimas.

    Este é um drama relativamente comum em Timor, o das namoradas grávidas deixadas entregues à sua sorte por namorados malais que terminam o tempo de serviço e voltam para os seus países. Mas achei curioso que – ainda por cima sendo o actor falante de inglês – tivessem optado por dar ao personagem a nacionalidade portuguesa. É certo que um soldado australiano me contou (não sei se estava a dizer a verdade ou não) que eles estão proibidos de namorar com as timorenses e que por isso, enquanto dura a comissão, têm alguns dias de licença de xis em xis semanas para irem a Báli, mas também é verdade que ele me disse isso num bar e que fiquei com a impressão que ele namorava com uma das empregadas que lá trabalhava…

    A história no filme continua a desenrolar-se com a estreia da peça, que retrata a violência da invasão indonésia. As cenas da peça alternam com outros acontecimentos: o cunhado que aparece bêbado mais uma vez e que a sogra expulsa de casa, o reaparecimento deste num estado deplorável andando aos tombos até à porta que ninguém lhe abre. A peça termina com aplausos entusiásticos do público e com a subida ao palco de Mari Alkatiri (na época Primeiro Ministro) para dar beijinhos e cumprimentos aos actores e actrizes.

    O filme foi feito em Díli há uns quatro ou cinco anos, e parece-me que é a obra pioneira do cinema timorense. Lembro-me de ter visto pelo menos uma produção antiga com actores da diáspora, “Flores Amargas”, ambientado no meio dos refugiados do Vale do Jamor, em Portugal, mas produto nacional mesmo, este – que eu saiba – é o primeiro. Apesar de algumas dificuldades ao nível técnico, como por exemplo a captação do som que não está muito boa, parece-me um trabalho muito bem conseguido a vários níveis. O primeiro é a sua radicação consciente na realidade local, falado em tétum, não se tratando apenas de olhares de malai sobre Timor mas sim de ambientes e histórias que fazem parte do quotidiano genuíno dos timorenses. Outro aspecto que me agradou foi, que apesar da aparente simplicidade do argumento, há a possibilidade de mais do que um nível de leitura. Resta dizer que Ivete de Oliveira foi a realizadora, e que o filme resulta do trabalho conjunto de várias instituições: Fundasaun Kultural Le-Ziaval, Sahe Institute for Liberation, Sanggar Mamura e Catholic Institute for International Relations, com apoio da Caritas Australia e Caritas New Zealand. Da banda sonora fazem parte pelo menos Os Novos 5 do Oriente e o Nelson Turquel, que também aparecem no filme.

    Publicada por João Paulo Esperança à(s) 11:03 da manhã»
    https://jpesperanca.blogspot.com/…/sirana-o-incio-do-cinema…

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  • Os malais têm memória de passarinho

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    retirado de Diálogos Lusófonos

     

    Joao Paulo Esperanca 14 de junho compartilhou no FB

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    «É sempre perigoso querer medir inteligências, à maneira daquela corrente da psicologia estadunidense obcecada com QIs. Lembro-me de quando andava na faculdade ter sido cobaia de colegas meus, estudantes de psicologia, que andavam a participar nos esforços dos professores deles para adaptar os testes de QI para a realidade portuguesa. O problema é que os testes desse género medem competências específicas, e um lavrador lá da minha terra pode ter um péssimo resultado neles mas ter por outro lado capacidades e conhecimentos, ligados ao seu labor de amanhar a terra para nela semear a vida, que os doutos psicólogos nem sabem que existem.

    Um texto recente do jornalista/escritor Pedro Rosa Mendes que deu muito que falar mencionava a existência de uma geração de timorenses que “chegou à idade adulta e ao mercado de trabalho sem muitas vezes conhecer conceitos como a lei da gravidade, o fuso horário ou as formas geométricas”. Sorri quando li isto no artigo, recordando os seis anos em que dei aulas na universidade em Timor e as muitas vezes em que expliquei nas aulas conceitos básicos, incluindo exercícios como “Se a estátua do Cristo-Rei fica a oito quilómetros daqui, isso significa uma distância de quantos metros?” ou “Se a altura da Maria é cento e cinquenta centímetros, quantos metros mede a Maria?” (os alunos que fizeram a escola primária no tempo colonial português – mesmo os que revelavam muitas dificuldades nas matérias leccionadas nas diversas cadeiras do curso – não tinham normalmente qualquer dificuldade em responder a isto, bem ao contrário de muitos jovens).
    Escrevi neste blogue em diversas ocasiões textos sobre a necessidade de preparar programas e currículos pensados a partir da realidade local, e não num qualquer gabinete distante por pessoas que sonham com um público-alvo que não existe. Mas não é disso que quero falar agora. O tema de que me ocupo aqui é a existência de algumas competências que os timorenses têm na sua esmagadora maioria e que deixam atónitos os malais que por cá andam. Uma delas é um refinadíssimo sentido de orientação.
    Todo o timorense sabe sempre para que lado está o mar e qual é a direcção para as montanhas. Daí que o seu sistema de coordenadas geográficas de uso quotidiano seja diferente do nosso. Enquanto o meu limitado cérebro só consegue computar direcções como ir em frente e virar à esquerda ou à direita, os timorenses dão habitualmente indicações como “sa’e” e “tun” (“subir” e “descer”). Isto é complicado de processar quando vou de motorizada com a minha mulher, seguindo as instruções dela para irmos a casa de alguma amiga, e todos os caminhos possíveis no cruzamento são completamente planos!…
    Uma outra capacidade que os timorenses em geral têm extremamente desenvolvida é a memória para genealogias complexas, e para os rostos associados a elas. Vindo do ocidente onde, cada vez mais, família significa a família nuclear com poucas caras, fico com um nó no cérebro de cada vez que tento compreender todos os laços de parentesco da família alargada que algum familiar ou amigo me tenta pacientemente explicar.
    Uma das primeiras coisas que duas pessoas fazem aqui quando se encontram pela primeira vez é começar a explicar áreas geográficas de origem ou de ramificação das respectivas famílias, posicionando-se assim na complicada teia de parentescos e alianças que ocupa um papel central na forma como os timorenses se vêem no mundo.
    Tudo coisas demasiado complexas para malais, que têm memória de passarinho.
    João Paulo Esperança à(s) 7:01 da tarde»
    “opinião”

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