dom SEBASTIÃO AÇORIANO

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D. Sebastião
Mateus Álvares era magro, ruivo e parecido com o rei D. Sebastião. Nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira, do Arquipélago dos Açores, filho dum pedreiro. Fez-se religioso, num convento de Sintra, mas fugiu e foi viver numa gruta, a sul da Ericeira. Era considerado um homem bonito e alourado e como apareceu na altura do desastre de Alcácer Quibir, o povo viu nele o desejado D. Sebastião, e daí ele começou a reclamar o trono, e, como casou com Ana Susana, filha de um lavrador, coroou-a com a tiara duma imagem, exigia beija-mão, gostava de ser tratado como Rei e reuniu um exército pequeno que ganhou algumas batalhas contra o ocupante espanhol, mas foi capturado e entregue a Filipe II de Espanha que o mandou enforcar em 1585 e esquartejar juntamente com o sogro e os seus mais importantes fiéis. Com ele cresceu e se fortaleceu o mito do Desejado que haveria de voltar numa manhã de nevoeiro para nos libertar do jugo castelhano. Não sei porque raio me veio à memória este valente açoriano que sabendo que a sua aventura acabaria necessariamente em tragédia, ainda assim seguiu a alma da sua Ilha e atreveu-se a desafiar o homem mais poderoso do planeta e a fazer-lhe guerra, certamente convencido que a sua semelhança com o mais amado dos reis de Portugal, empolgaria todo um Povo que se recusava a perder o seu bem mais precioso: a independência. Mas a política, meus caros, naquela altura, era um emaranhado de conjuras embrulhadas em interesses inconfessáveis em que os grandes apenas tinham cuidado com os seus umbigos que protegiam muito bem da justeza das grandes causas. Com tanta gente a estudar a nossa história, parece que ainda não houve ninguém que estudasse e escrevesse sobre este herói e valente terceirense que tentou vingar as malvadezes que o usurpador Filipe fez na nossa e sua Terra.
Roberto Y. Carreiro, TóZé Almeida and 9 others
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