Views: 0
Caros,
onésimo
José Augusto Macedo do Couto
Views: 0
Caros,
onésimo
Views: 0
Revista África21
Brasília – “Grave é fazer uso de uma cultura de falsa identidade do tipo nós africanos somos assim para credenciar a dominação histórica de um determinado grupo ou para justificar o injustificável”
Leio hoje que um terço da população swazi vive numa condição de fome e completamente dependente da ajuda alimentar de emergência. Enquanto isso, chegam notícias que o Rei da Swazilândia gasta milhões de dólares na aquisição de um avião particular e na compra de moradias de luxo para as suas dezenas de esposas.
A justificação usada é que a opulência e ostentação dos chefes africanos é uma questão «cultural». A cultura é, com frequência, usada como lixívia para lavar imoralidades e uma forma de colocar como «estranha e estrangeira» preocupações de mudança. O argumento é este: quem critica o Rei da Swazilândia está culturalmente alienado dos valores «africanos». Invoca-se a tradição «africana» para justificar práticas eticamente inaceitáveis na África dos nossos dias. Na realidade essa «tradição» é invocada de forma truncada, esquecendo-se duas coisas: a primeira é que a tradição também sugere outras obrigações (hoje convenientemente esquecidas) e, a segunda, é que essa tradição é, em grande parte, uma construção feita e refeita ao longo do tempo.
Persiste uma confusão deliberada entre cultura e tradição. A cultura é um grande saco, tão grande que pode lá caber tudo. É muitas vezes um expediente que pode ser usado para sancionar o intolerável. Eu vejo, por exemplo, que se criou entre nós uma desculpa comum para justificar a falta de pontualidade. Não é só entre nós mas em todo o continente. Dizermos chegar atrasado é uma «questão cultural». Mais grave ainda: imputamos essa falta de pontualidade àquilo que uns designam de «cultura africana».
Leia versão integral na edição impressa da revista África21 (N.º 68, outubro 2012). Para assinar a revista contacte: jbelisario.movimento@gmail.com
Views: 0
Li numa edição recente do DI que as bruxas chegaram a Florianópolis com os açorianos que ali aportaram em meados do século XVIII. Esta frase, a propósito de um livro para crianças lançado recentemente pelo escritor brasileiro Cláudio Fragata, cujo título – Uma História Bruxólica – não engana ninguém, pôs-me em pé os poucos cabelos que me restam.
Uma sensação que se me afigurou mais aguda depois de ter lido o romance The Undiscovered Island [A Ilha Encoberta], do escritor americano Darrell Kastin, onde tropeçamos em casas assombradas, navios fantasmas, sereias merencóricas e descendentes de Inês de Castro que deambulam por estas nossas ilhas, sobretudo no Pico e no Faial, em busca de homens desaparecidos no mar e de papéis enigmáticos por eles deixados em terra (este romance muito interessante e bem feito, apesar de publicado em 2009, ainda não teve, que eu saiba, uma tradução para Português, sendo de supor que os professores de “literatura açoriana” da Universidade dos Açores já terão metido mão à obra, como seria seu mister).
Mas que não se enganem os meus queridos leitores: se eu fiquei de cabelos em pé (e mais: com pele de galinha por todo o corpo) não foi com medo das bruxas que os nossos antepassados exportaram para o Brasil, ou dos fantasmas que escritores norte-americanos com ascendência açoriana teimam em vir desmascarar nas nossas Ilhas Afortunadas. Não senhores! Eu fiquei assim, porque me apercebi de que andamos a desperdiçar capital.
Ou seja, e no que diz respeito às bruxas, e embora o escritor brasileiro não diga que as bruxas açorianas emigraram todinhas para Santa Catarina (acho que sempre nos ficaram algumas por cá, embora, provavelmente, não as de melhor qualidade), a verdade é que se um povo despreza aquilo que de melhor tem e o deixa partir-se portas afora – como terá acontecido com as nossas simpáticas bruxinhas dos tempos pombalinos, ou, mais recentemente, com a nossa agricultura – poderá, no mínimo, ser apelidado de louco: tanta falta que nos faz um bom grupo de bruxas que nos ajudem a resolver os nossos problemas actuais… E sejamos honestos: não creio que o programa eleitoral da dr.ª Berta Cabral, por muitos plim-plins que ela faça com a sua varinha mágica, consiga levar-nos a algum lado sem a ajuda de uma boa bruxa – até porque é muito possível que, entretanto, o governo da República que ela apoia e pelo qual anseia, e que se nos tem revelado o melhor exemplo de Casa Assombrada que possamos imaginar, dê o seu derradeiro suspiro – fornecendo assim matéria fresca para um novo romance do supradito escritor americano.
Bem vistas as coisas, faltam-nos as bruxas, sobejam-nos os fantasmas…
![]() |
|
(no diXL, de Angra do Heroísmo)
Views: 0
URBANO BETTENCOURT (Que paisagem apagarás, 2010)
Para Adelaide e Vamberto Freitas
Para Adelaide e Vamberto Freitas
Havia uma mulher sentada junto ao murete de pedra, nessa meia tarde de um Outono precoce em que visitámos as ruínas da Abadia de Howth.
O guia turístico adquirido na recepção do hotel informava que Howth “has long been a favoured dwelling place for writers”, mas, referida a Dublin, qualquer indicação sobre a presença literária na cidade será sempre redundante. Assim, a manhã esgotara-se entre a visita ao Dublin Writers’ Museum e a demorada passagem pela Martello Tower, aliás, James Joyce Tower, cujos recantos e escadarias pareciam ressumar ainda a inquietação difusa perante a ameaça de uma eventual invasão napoleónica .
A voz de Buck Mulligan, que nos havia transportado até aos alvores do século XIX num andamento pausado e a rondar a monotonia, adquiriu uma súbita vivacidade ao descrever o memorial joyceano. E ganhou uma inesperada gama de modulações e registos quando se pôs a evocar os acontecimentos dessa luminosa manhã de Junho de mil novecentos e quatro em que Leopold Bloom saiu de casa para comprar rins de carneiro e, ao entrar no talho, pediu tomates, num particular momento de perturbação espacial e linguística cujo eco o escritor Arménio Vieira faria chegar às ilhas de Cabo Verde.
Em Howth não houve qualquer Buck Mulligan a falar-nos do remoto prestígio da Abadia e do fascínio que exerceu sobre os intelectuais da Europa medieval. Vagueámos pelo seu interior, tentando apenas surpreender ainda um possível rumor de passos e as vozes dos homens que ali, um dia, construíram o seu mundo por entre o recolhimento e a contemplação da Ireland’s Eye, separada de terra por um curto braço de mar e, mesmo assim, ilha longínqua, entregue ao seu destino de solidão e abandono. E tudo isso se harmonizava, enfim, com a melodia que a mulher sentada junto ao murete se pusera, entretanto, a entoar.
Nessa noite, Briege Murphy cantava no Howth’s Abbey Center. Mas só quando começou a interpretar “The sea” me apercebi de que ela era, afinal, a mesma mulher que nós surpreendêramos junto às ruínas da Abadia. A sua voz desenhava um fio melódico que se erguia no ar em movimentos oscilantes, acentuados pelo dedilhado sóbrio do violão, e nessa ondulação devo ter pressentido os ritmos marítimos de Saint-John Perse, o fluxo e refluxo das suas marés verbais, dos seus versos desmaiando sobre o corpo de uma ilha da memória. Talvez tenha mesmo tentado perseguir no rasto dessa voz o remoto apelo do mar que secretamente ecoa na poesia de Emanuel Félix. O mesmo mar que traçou para sempre o destino de Enrico Mreule, levando-o a trocar o fechado Mediterrâneo pelo Atlântico infindo, sem saber que este era, afinal, esse outro mar de Claudio Magris e onde tudo acontece.
Lentamente, porém, a canção ganhava corpo nas palavras de uma dorida história de amor em que uma mulher a pouco e pouco se perdia de si mesma nas repetidas ausências do seu homem no imenso Atlântico selvagem: he takes a piece of me with him, each time he leaves the shore. Depois, uma fina amargura invadia os versos e a melodia até desembocar num desabafo derradeiro em que tudo era já sem remédio nem consolação: he won’t stay home for me, cause my love he has a mistress, she’s the sea. De súbito, naquela história de enamoramento e ciúme chegavam-me os ecos da belíssima abertura do romance Saudade, de Katherine Vaz, e nela vibrava a voz de Conceição Cruz, como se José Francisco tivesse decidido perder-se em definitivo da terra. E dei comigo a pensar como será bom saber que, de cada vez que sucumbirmos ao íntimo chamamento do mar, uma voz de mulher há-de erguer-se para chorar-nos o destino e a perdição.
Assim, longe dos Açores e da Califórnia, ouvindo Briege Murphy no Howth’s Abbey Center, eu era ao mesmo tempo leitor e personagem do romance de Katherine Vaz.
(Que paisagem apagarás, 2010)
Views: 0
PEDRO DA SILVEIRA, autor açoriano
, CASTELO DE VILA NOVA DE CERVEIRA, SETEMBRO 1959
INSCRITO SOBRE A ÁGUA D’UM RIO
(a Ernesto Guerra da Cal e também em memória de Rosalía de Castro e de João Verde)
Há um cais no outro lado;
Atrás do cais, árvores;
Além das árvores, uma casa.
Montes ao longe:
Mais perto, verdes,
Azulados os outros.
Com uma espingarda em cada olho
E nas mãos uma espingarda,
Um fantasma assombra o cais.
A água olha-o, calada.
Calada, foge.
Desgostosa.
Mas feliz.
Pedro Laureano Mendonça da Silveira (Fajã Grande, 5 de Setembro de 1922 — Lisboa, 2003), mais conhecido por Pedro da Silveira
Views: 0
POR CAM
A natureza do terror abre uma espécie de fenda no pensamento: “escrever um poema após Auschwitz é um acto bárbaro, e isso corrói até mesmo o conhecimento daquilo que tornou impossível escrever poemas.” (Theodor Adorno). Celan, com o seu poema “Todesfuge” [“Fuga da morte”], versos nos quais evoca o horror da Shoah [Holocausto], levou muitos a questionarem o veredicto adorniano.
Entre nós, a guerra colonial calou muitas vozes – não apenas as dos homens que física e mentalmente tombaram na guerra real, mas também as dos outros, as dos sobreviventes, quer a tenham directamente sofrido, quer não. É claro que há a excepção de Manuel Alegre, na poesia, e de Lobo Antunes, na ficção, ou os esforços antológicos de João de Melo, mas não muito mais (parece existir agora, muito recentemente, um movimento em sentido contrário). Falamos disto como se fosse uma necessidade – será mesmo? O problema é que não sabemos se a ausência se deve a uma espécie de recusa ética e, digamos, ontológica, ou se a outras razões menos compreensíveis (aceitáveis?). Ninguém saberá – mas a questão – porque se corta das nossas experiências estéticas o terror – existe, como as bruxas (que las hay, las hay).
O novo livro de Urbano Bettencourt (Piedade, Pico, Açores, 1949-), “África Frente e Verso” (Ponta Delgada, Letras Lavadas, 2012) mergulha na guerra (já o tinha feito antes, e alguns dos poemas e textos deste livro apareceram justamente em livros anteriores). A sua experiência da guerra colonial (Guiné) acompanha-o (homem e poeta) até hoje – o último poema deste livro, “Agostos”, vem datado de 2011. Nos melhores momentos deste livro, como em “Da ilha carn(av)al”, de 1973, esbatem-se as fronteiras entre géneros e ficam as palavras na eterna luta do dizer o inominável (não apenas a guerra, ou o terror…). E delas ressalta, quem sabe se pela intensidade do vivido, outra intensidade, outra beleza (porque não?), porque a palavra é justa (ali), porque faz embater em nós ritmos, conjugações inesperadas, mas sempre com a força do retorno ao espaço e ao tempo do terror, espécie de ética de que Urbano parece não querer abdicar (e que, aqui e ali, parece tolher-lhe o impulso do dizer – questão controversa e longa de debater).
O plural de Agosto, trazido à liça lá em cima, é um modo do Urbano religar tempos, o do tempo em que uma “metralha e fogo e luz / e um homem deixou no adobe da parede / o seu retrato de cinza.”, o tempo em que “sobre uma esteira podia morrer-se de loucura / num corpo a corpo de vencidos, / desafiando a sombra da outra morte. A que vem / por detrás e por diante, da direita e da esquerda, / e deixa os seus dentes de chumbo na carne destroçada.” – e o tempo, o nosso de agora, o dos “pares que se devoram / nos jardins de cimento” “Não há chuvas neste Agosto. A calma / vibra nos telhados, as guerras trazem outros nomes, / outros donos. E talvez seja assim que tudo tem de ser. / E talvez seja este o melhor dos mundos.”
É mesmo preciso religar coisas. Ou não.
Views: 7
|
View Post on Facebook · Edit email settings · Reply to this email to add a comment.
![]() |
Não esquecer João Bosco,como um vulto da cultura timorense.
|
Views: 0
É O PRÓPRIO AUTOR QUE SUGERE ESTA LEITURAAgualusa foi um escritor que sempre me chamou a atenção. Sabe quando você vai na livraria e acaba reparando sempre no mesmo livro (ou autor)? Pois bem, comigo foi assim. Não escondo que a edição l-i-n-d-a da Lingua Geral (tem Capas de Quinta com ela aqui) tenha uma participação nessa atração. Mas não deve ser só isso. Outros livros que nunca li e que me provocam isso: Dublinenses do Joyce, Grandes Esperanças do Dickens, Norwegian Wood do Murakami e outros.
Bem, voltamos ao Agualusa. Não sabia por onde começar, ia passar uma semana na casa dos meus pais e resolvi levar alguma coisa dele. Dei uma olhada na Travessa do Ouvidor e fiquei em dúvida entre Nação Crioula e Estação das Chuvas, o primeiro ganhou, já que a personagem principal do segundo era uma historiadora (de Histórias com H eu já tenho as minhas). Acontece que eu também estava procurando a biografia da Sylvia Plath, e como o livro era relativamente novo ninguém na livraria sabia muito bem onde ele estava. Foi uma comoção geral, e quando o livro apareceu acabei levando só ele e esqueci o Agualusa. Logo que voltei pro Rio esse erro foi sanado na livraria do cinema. Não me arrependo.
O livro é escrito de forma epistolar (cartas), e a leitura é muito fluida. Suas 200 páginas passam pela gente deixando uma vontade de mais. Quem escreve as cartas é Fradique Mendes – sim, aquele – entre 1868 e 1888. Esse português chega em Luanda e começa a escrever sobre o que encontra, o que entende e o que o deslumbra. Por diversas situações sua vida se move entre Portugal, Angola e Brasil. O fim do tráfico negreiro, a possibilidade de abolição e as relações transatlânticas estão presentes em todo o livro. Ele é triste como o período pede, mas também tem a beleza triste que algumas personagens exigem.
O romance de Fradique e Ana Olímpia não é perfeito nem explicado, e por isso me pareceu tão real. Ana Olímpia é uma personagem linda. Mas descobri-la durante o livro é um prazer que não pretendo tirar de quem ler esse texto.
Fui ainda surpreendida por um viés auto reflexivo do livro. Já disse algumas vezes que tenho problemas com livros pretensamente metalinguísticos, acho que nem sempre eles cumprem o que prometem. Com Nação Crioula foi diferente, ele não se mostrou logo de cara “meta”, mas foi recebido assim no meu coração.
Encontrei algumas passagens especialmente bonitas, mas acabei não marcando por serem longas. Duas vezes li um par de páginas que gostei, mas não marquei. Acho que foi o capricho da edição que me reprimiu.
De toda forma, quero ler mais desse autor. Não sei qual será o próximo, mas ele aparecerá.
Views: 1
2012-07-28 17:25:26
Vowel Sound Shift and the Portuguese of the Azores
For some linguists, the area of origin of the pioneering settlers remains an important factor that must be taken into consideration when examining regional linguistic variations. As Raven McDavid (1980:19) points out: “Evidence accumulated in Germany, France, and Italy revealed that in Europe regional speech differences are related to historical forces: original settlements, routes of migration, older political boundaries, and centers of cultural diffusion.” In the case of the Azores, the information available, though not conclusive, would seem to suggest a southern Portuguese component in the early settlement of the islands, primarily in São Miguel. As such, the linguistic legacy from mainland Portugal ought to be recognized as constituting the predominant factor in regard to the foundation of the Azorean speech. This language continued its process of natural and spontaneous phonetic evolution, thus giving rise to its distinctive phonological characteristics (Blayer 2003, 2005, 2007).
The presence of the palatal sounds, [ü] and [ö], in the vocalic system of São Miguel has been discussed as largely due to the working of Celtic substratum influences, explained by a possible French settlement in the village of Bretanha. Any attempt to argue an external influence for the presence of the palatal vocalic sounds in the speech of the Azores has only been claimed on the basis that this phenomenon is reflected in the speech community of one area. Furthermore, in most linguistic studies on the Portuguese language, the barest mention of other islands, as well as other Portuguese-speaking areas where these sounds are prevalent, has been scarcely recorded.
To explain the presence of [ü] in Romance as a Celtic connection, is according to Posner (1980:238) “somewhat tenuous, especially as we know little about Gaulish Celtic […] We have little hard evidence about persistence of Gaulish, nor indeed of the widespread use of Celtic throughout Roman Gaul.” With reference to São Miguel, it is not possible to conclusively posit interference of the speech pattern of Bretanha on that of São Miguel, nor trace a Celto-French contribution to the speech of this village. It is important to insist upon the fact that the settlement of the Azores was primarily of Portuguese origin, thus negating the probability that a foreign linguistic presence played a role in ‘phonological’ development. While some of the arguments are questionable regarding the Celto-French interference, and given the scarcity of documentary evidence seeking to locate the causes of sound changes in Romance by means of an external factor, Jungeman maintains that to identify substratum influence in phonology some conditions should be fulfilled: (1) the internal factors alone may not explain the presence of the palatal sounds in; (2) there should have existed characteristics with a direct or indirect relationship with this phenomenon, (3) was there a period of bilingualism in which the two languages influenced each other; and during this time was this community completely isolated from other external influences – such as the other ethnic forces? (1955:418).
The interpretation of this phenomenon in phonological terms leads us to note that the hypothesis postulated by structuralists (Haudricourt-Juilland 1949:100-113, Martinet 1955:52-3) to explain the presence of the rounded mid-high fronted and back vowels, as well the change ü > U in Romance, is that the appearance of ü < U can be seen as a reduction of a Mehrlautphoneme ui, as a result of a displacement of back vowels. Due to asymmetry in the articulatory space available at the front and back of the mouth when [o] in checked syllables became [u], the functional load of [u] < Latin U and Romance [o] became excessive and U acquired a palatalizing articulation. The resulting vowel acted as a catalyst for the formation of the parallel phoneme /ö/. On the basis of linguistic economy, Martinet (1955) explains that everything concerning language must be viewed from “the point of view of function” -languages prefer symmetrical phonological systems and the function of sound shifts is to bring symmetry into an otherwise asymmetrical system -. Posner argues that “On the whole the structuralist ideas about symmetrical systems, cases vides, functional loads and push and drag chains are currently unfashionable […]. However, certain sound shifts can conceivably be seen as consequent on others, where potentially pathological phonological mergers threaten.” (1996:161). Spence (1972: 302), on the other hand, argues that “If we are to admit the desire for symmetry as an important factor in the process of change, it seems more plausible to see a re-organization of the system as a sort of therapeutic reaction to phonemic splits or mergers which have as it were ‘slipped under the guard’ of the users of the system: a move towards the re-establishment of symmetry implies that an asymmetry has arisen.” Furhermore, he explains that the changes which formed the Romance vowel systems cannot be explained by systemic pressures with totally predictable results, since they led to different norms in different areas.
In light of the fact that vocalic phonological variants in other areas of the insular speech share similar tendencies (Blayer 1992), we are left wondering if the external and foreign causes were really responsible for their alleged results in São Miguel. Hence, an attempt to explain phonological changes with competing vowel systems in Romance may well prove to be more solid.
Irene Maria F. Blayer
Views: 1
|