Blog

  • Anabela Freitas Rui Paiva, A Carta e o silêncio

    Views: 2

    Rui Paiva, A Carta e o silêncio
    Uma leitura
    Abre-se o livro. Um sobrescrito castanho. Uma carta a sair dele. Os dedos percorrem a página, na esperança de agarrar a carta. Mas a carta não sai. Pura ilusão de ótica! É então este o Silêncio? O poeta não nos mostra a carta, porque é o seu reino?
    Volto devagar a folhear o livro. E é a surpresa de encontrar pequenos recados poéticos em papéis de ocasião. Cada um deles com a marca do pintor: na escolha dos suportes, nos desenhos, nas emendas a caneta, na escrita manual e na assinatura também manual.
    Continua-se a folhear e a tentar destacar da página o suporte da escrita. Ah! Lá está a folha de registo de um jogo de bridge, apenas colada no seu topo. Além deparo, finalmente, com um sobrescrito solto. A surpresa do encontro. Levanto-o em busca da carta. Em vão, pois também este não traz a carta. A explicação: «chega a carta com selo e tudo/ dentro… vem o silêncio». O leitor percebe agora o jogo dos sobrescritos, o título do livro.
    Apetece continuar a folhear e a entrar naquela intimidade da feitura do poema. Uma intimidade provocadora. Na verdade, apenas uma intimidade aparente.
    Estamos perante memórias de quem vai em viagem (pela vida?), afinal «uma carta é sempre uma viagem», daí chamar ao livro (ao livro ou ao poema?) carnet de voyages. Memórias de quem vai tomando notas em pequenos papéis que o momento lhe proporciona. Depois recolhe os papéis e cola-os num diário. «Diário gráfico», como lhe chama. Mas «o poeta é um fingidor», porque quando reparamos na elegância, no bom gosto, no jogo suave das cores, no cuidado gráfico, percebemos que essa intimidade é apenas aparente, pois foi maduramente pensada e sabiamente emoldurada em páginas, que também não são páginas, mas apenas chão para a colagem dos poemas.
    É agora a altura de agarrar o poema. O que está «pousado na areia» ou que está à espreita em cada folha que o leitor vira, porque afinal «um poema deve ser marinado no olhar». E estes poemas são para ser vistos, mirados longamente para recreio do leitor curioso e atento que aqui pode conversar longamente com esta escrita «a tinta solidária».
    Anabela B. Freitas
    All reactions:

    You, Diana Zimbron and 1 other

    Like

    Comment
    Send
    Share
  • PDL DE LUTO

    Views: 12

    May be an image of 1 person
    Faleceu Monsenhor Weber Machado, 93 anos de idade, 66 de sacerdote.
    Foto: Açoriano Oriental

    Tomás Quental

    Partiu o “pai dos pobres”
    Faleceu hoje, em Ponta Delgada, aos 93 anos de idade, monsenhor dr. Weber Machado Pereira, mais conhecido como o “pai dos pobres”.
    Sacerdote, professor, homem de Cultura, escritor, colaborador de jornais e democrata, a vida do “padre Weber”, como era mais conhecido, foi sempre pautada pela defesa e pelo apoio aos mais frágeis da sociedade, através da Cáritas e de outras instituições.
    Era vê-lo com frequência transportando alimentos para os mais pobres, sempre no silêncio, usando o seu próprio dinheiro também.
    Nunca se encostou aos poderes, nem antes nem depois da instauração da democracia em Portugal. De resto, assumiu-se sempre como um opositor ao regime salazarista do Estado Novo. Se era mal visto pelo poder de então, a verdade é que também no interior da própria Igreja Católica, por vezes, foi encarado com desconfiança e indiferença.
    Os pobres, os verdadeiramente pobres, que ainda existem nos Açores, principalmente na ilha de São Miguel, vão sentir a falta do “padre Weber”, que muito fez por eles, numa solidariedade e numa generosidade sem limites, durante longas décadas.
    Conheci pessoalmente monsenhor dr. Weber Machado Pereira e tive o privilégio de ser seu amigo desde o tempo em que fui redactor no Correio dos Açores, em que ele era colaborador, versando quase sempre questões sociais e apelando às autoridades por maior apoio aos mais vulneráveis da sociedade.
    Presto à sua ilustre memória o preito da minha mais sincera admiração.
    All reactions:

    You, Henrique Schanderl, Sonia Nicolau and 14 others

    4 comments
    Like
     

    Comment
    Send
  • Filho de Salgueiro Maia quer ser reconhecido – Últimas – Correio da Manhã

    Views: 3

    Testes de ADN dão razão ao requerente, mas os tribunais portugueses dizem que falhou os prazos legais para apresentar o seu pedido.

    Source: Filho de Salgueiro Maia quer ser reconhecido – Últimas – Correio da Manhã

  • /ilha-das-flores-pocos-e-paradoxos-por-manuel-menezes-de-sequeira

    Views: 3

    Ilha Das Flores Poços E Paradoxos Por Manuel Menezes De Sequeira

  • turismo-sempre-a-subir-ate-um-dia.pdf

    Views: 6

    Turismo Sempre A Subir Até Um Dia

  • /aumentou-salario-medio-nos-acores.pdf

    Views: 2

    Aumentou Salário Médio Nos Açores

  • /afinal-quem-governa-trump-ou-musk-por-m-luisa-soares.pdf

    Views: 2

    Afinal Quem Governa Trump Ou Musk Por M Luisa Soares

  • /a-espera-da-cimeira-osvaldo-cabral.pdf

    Views: 2

    à Espera Da Cimeira Osvaldo Cabral

  • a-AMERICA-está-doente-jose-gabriel-Avila.pdf

    Views: 2

    A AMÉRICA Está Doente José Gabriel Ávila