Centum Cellas: a sombra e o segredo

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Há muitas interpretações para este original monumento do concelho de Belmonte, mas parece evidente que ele foi reimaginado para vários usos, acompanhando a história atribulada do território.

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UMA GERAÇÃO DE PAIS ÓRFÃOS DE FILHOS

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【A CAUSA DAS COISAS】
UMA GERAÇÃO DE PAIS ÓRFÃOS DE FILHOS
Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira, dentro das suas posses.
Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país.
Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança. Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – mas da crença de que seus pais se bastam.
Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou mesmo impede, a partilha de valores e interesses por parte dos membros de uma família na actualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável.
O universo de relacionamento nas sociedades ditas modernas, provoca a insegurança permanente e monta uma armadilha, em que redes sociais são ilusoriamente suficientes, para gerar controle e sentimento de pertença. Não passam porém de falsidades, que mascaram as distâncias interpessoais que se acentuam e que esvaziam de afecto, mesmo aquelas que são primordiais: entre pais e filhos e entre irmãos.
O desespero calado dos pais abandonados, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afectuosa.
O primado da “falta de tempo”, torna muito difícil viver um dia a dia, em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

【A CAUSA DAS COISAS】
UMA GERAÇÃO DE PAIS ÓRFÃOS DE FILHOS
Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira, dentro das suas posses.
Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país.
Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança. Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – mas da crença de que seus pais se bastam.
Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou mesmo impede, a partilha de valores e interesses por parte dos membros de uma família na actualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável.
O universo de relacionamento nas sociedades ditas modernas, provoca a insegurança permanente e monta uma armadilha, em que redes sociais são ilusoriamente suficientes, para gerar controle e sentimento de pertença. Não passam porém de falsidades, que mascaram as distâncias interpessoais que se acentuam e que esvaziam de afecto, mesmo aquelas que são primordiais: entre pais e filhos e entre irmãos.
O desespero calado dos pais abandonados, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afectuosa.
O primado da “falta de tempo”, torna muito difícil viver um dia a dia, em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

«Escriptores e homens de letras» do capítulo XX, «Subsidio para uma bibliographia do Districto da Horta (Ilha do Fayal)».]

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[Nota importante: Na realidade, o texto abaixo foi escrito também por Ernesto Rebello, fazendo parte das suas Notas Açorianas, nomeadamente da secção «Escriptores e homens de letras» do capítulo XX, «Subsidio para uma bibliographia do Districto da Horta (Ilha do Fayal)».]
No mesmo Archivo dos Açores em que Ernesto do Canto publicou, no volume VII, de 1885, o magnífico conto de Ernesto Rebello intitulado «Uma Noite de Reis na Freguezia da Fajãzinha», publicou, no volume VIII, um texto por ele próprio escrito (ou, pelo menos, assim me parece [erradamente, ver acima]) que faz uma biografia do P.e Camões, insigne florentino, aliás referido extensamente por Ernesto Rebello no seu próprio conto. Aqui vai ele. No final, alguns excertos de uma das obras do P.e Camões. Leia esses extractos apenas se lidar bem com um estilo bem brejeiro.
Note-se que as obras completas do P.e Camões, com o título «Obras: Memória da Ilha das Flores, Testamento de D. Burro, Pai dos Asnos, Os Pecados Mortais, Poemas Dispersos», foram publicadas pela Câmara Municipal de Lajes das Flores, em 2006, com organização de José Arlindo Armas Trigueiro.
O PADRE CAMÕES.
Pelos annos de 1760 a 1770, na ilha das Flores e na sua agreste e humilde freguezia da Fajanzinha, existia um rapasinho, engeitado, o qual recebera na pia baptismal o nome de José.
Era esperto e atilado, mostrando desde verdes annos rara propensão para as letras, aprendendo com muita facilidade o pouco que alli lhe podiam ensinar e desde que conseguio ler, mais ou menos correctamente, devorando quanto livro lhe vinha ás mãos, de cuja aturada leitura logrou, em precoce edade senão solidos, ao menos bem variados conhecimentos.
Era uma verdadeira lucta aquelle seu viver, tanto mais que estando por termo em casa de lavradores, pouco ensejo tinha de applicar-se, visto que o cuidar das vaccas e ajudar os trabalhos no matto e cerrados, quasi lhe tomavam as horas todas.
Felizmente a gente campesina, devido ás continuadas fadigas, deita-se cêdo, e, emquanto os seus patrões dormiam, quando a Pintada e a Trigueira já tinham bastante pasto na mangedoura e que a noite mais fechava o seu escuro manto por sobre serras e vallados, o pequeno engeitado, ás occultas, no canto de um sotão aonde dormia, accendia, a mêdo, uma ordinaria candeia e lia, lia muito, estudando por vezes até ver raiar a madrugada seguinte.
No outro dia estava que não prestava para nada, maxime no amanho das terras, o lavrador zangava-se, os rapazes seus companheiros escarneciam de semelhante fraqueza e pouca actividade, levava por vezes o seu murro para ser mais diligente e era crença acceita na freguezia que o pequeno andava enfeitiçado, ou que as bruxas se lhe haviam mettido no corpo.
Chegaram a benzel-o.
Nem podia ter outra explicação aquelle facto, o rapaz tinha comida em abundancia, Deus louvado, leite e bôlo de milho quanto quizesse, trabalho tambem em abundancia para enrijar os ossos, e em vez de andar sadio e alegre e de boas cores era o que se via, um enfesado.
Ainda assim não desgostavam d’elle, por quanto o rapazinho não era respondente, nem á medida das suas forças se negava ao trabalho, tratando com desvelado carinho aos animaes, que jamais queria que passassem fome ou sêde.
Nessa parte o lavrador chegava a elogial-o, fosse a que horas do dia ou da noite fosse, o gado andava sempre bem tratado, limpo, conforme a estação com pasto secco, ou folha verde, bem picada na mangedoura, as horas de lhe dar agua guardadas com toda a regularidade e as mudanças d’um para outro cerrado, quando a herva em qualquer sitio ia escasseando, effeituada com a mais attenta vigilancia.
Por isso o gado do lavrador não tinha outro que se lhe comparasse em toda a freguezia, as vaccas andavam nedias e luzidias e davam leite que era um espanto.
E nem era preciso espicaçar os animaes para trabalharem, o José indo com elles, fazia das rêzes quanto queria, conheciam-no ás legoas.
Mais tarde, por morte do lavrador, seu primeiro patrão, ou por qualquer outra circumstancia, que ignoramos, vamos encontrar o engeitado José em outro sitio, na freguezia de Ponta Delgada, em caza de uma familia que tinha um filho que estudava para clerigo.
O genio meigo do engeitado acompanhara-o para a sua nova residencia, travando-se de intimas relações com o estudante que alli havia, sendo o seu companheiro de estudos e dedicando mais folgadas horas ao trato dos livros, do que até alli tinha podido consagrar.
O latim, esse pesado rochedo de Syzypho, maxime n’aquella epocha, não teve, em breve tempo, grandes mysterios para o seu porfiado trabalho, tornando se-lhe uma estrada Coimbrã, para mais largos horisontes litterarios.
Quando o seu amigo e companheiro d’estudos teve de ir para Angra cursar aulas superiores e necessarias para a sua ordenação, conseguio tambem o engeitado acompanhal-o, realisando assim un sonho que ainda lhe parecia irrealisavel, a não ser a protecção que lhe dispensavam.
Foi a primeira vez que careceu d’um sobrenome com que se apresentasse em terra estranha e consequentemente assignou-se José Antonio Camões, por ser este o appellido que mais venerava, como o do cantor das nossas glorias patrias, dos Luziadas, cujas estancias sabia de cor e salteadas.
Na ilha Terceira logrou captar a decidida protecção do convento dos franciscanos, aonde se albergara e seja aqui dito, em louvor das ordens religiosas, que os sentimentos de generosidade para quem nas suas aulas queria estudar, eram grandes e desinteressados, não raro mandando até para Coimbra e Lisboa os estudantes nos quaes reconheciam notavel vocação para as letras, a frequentar estudos d’uma esphera superior áquelles que nas ilhas lhes podiam ministrar, de que resultou por vezes terem no seu gremio varões insignes em differentes ramos dos conhecimentos humanos.
Embora José Antonio Camões não chegasse a sahir d’este archipelago, ainda assim não lhe era ingrata a fortuna na carreira que adoptara, tornando-se um estudante distinctissimo e tomando ordens sacras, com geral louvor, de quantos conheciam o seu talento e dedicação ao estudo.
Ordenou-se conjunctamente com o seu companheiro Manuel Fernandes de Barcellos[1], regressando ambos em seguida para a ilha das Flores e tratando-se por irmãos, do que resultou, pelo tempo adiante, muita gente acreditar nesta consanguinidade, quando não havia nenhuma, mas simplesmente uma velha amisade.
O Padre Manoel Fernandes de Barcellos foi em breve nomeado Vigario da freguezia de Ponta Delgada e o Padre Camões, vivendo da sua missa, abrio em Santa Cruz uma aula de latim, para rapazes que quizessem seguir a vida ecclesiastica, mas aula gratuita, da qual sahiram magnificos discipulos, a ponto de muitos estudantes da ilha do Fayal, em logar de seguirem para Angra irem aprender para as Flores, aonde se vivia, relativamente, com menos dispendio do que na capital dos Açores.
O homem que fora educado por esmola, esmolava tambem agora, e largamente, aos famintos da instrucção.
Melhoraram em breve, consideravelmente, os meios pecuniarios do Padre Camões, com a sua nomeação de Vice-Vigario da freguezia de Ponta Delgada, de Prioste, ou Recebedor das rendas das egrejas e afinal de Ouvidor das ilhas das Flores e Côrvo, justo galardão dos seus meritos e serviços.
Assim viveu por dilatados annos e embora tivesse rasoaveis rendimentos, nunca coalhou vintem, como geralmente dizemos.
O motivo d’isto era o seu genio bemfasejo e desprendido completamente de ambições, exercendo a sublime virtude da caridade a mãos largas e concorrendo diariamente a pobresa da localidade em que vivia a partilhar de quanto o bom Padre Camões possuia.
A unica coisa que elle não deixava levar eram os seus livros, possuindo uma esplendida bibliotheca, que gradualmente engrossava e estando, quanto possivel, ao corrente das publicações do continente. Ainda hoje, na ilha das Flores existe grande copia de volumes com o nome do P.e Camões no frontispicio.
Era a unica riquesa de que foi avaro, em quanto existio.
Ora um sacerdote n’estas condições e com grande aura, faz sombra a espiritos mais acanhados e nem sempre é olhado com bons olhos, até, infelizmente, pelos seus proprios collegas.
Seria isto o que aconteceu?
Os precedentes do ouvidor ecclesiastico parece deverem abonar, sobejamente o seu caracter.
Fosse, porem, como fosse, houveram sete padres florentinos que se travaram de questões com o P.e Camões e aquelle espirito até alli docil e amoravel, azedou-se e retribuio-lhes offensa por offensa.
Ninguem é perfeito.
A intriga chegou a ponto que, com grande consternação do P.e Camões, foi-lhe superiormente, retirada a Ouvidoria.
Estava então velho, cançado, pobre e vivia completamente só. Escreveu n’essa epocha, despeitado pelo procedimento com elle havido:
«Os Peccados Mortaes» — Dialogo entre um marido e sua mulher, no qual fazem uma justa paridade dos sete peccados mortaes com os sete clerigos que não querem para ouvidor ecclesiastico d’estas duas ilhas Flores e Corvo ao Padre José Antonio Camões.»
A edição, que temos presente d’esta composição é um folheto em 8.º, contendo 15 paginas, impresso em Lisboa, sem designação da typographia e com a data de 1883 e o seu conteúdo uma pungente satyra, ou para melhor dizer, uma diatribe, parte em prosa e outra parte em verso, pondo pelas ruas da amargura os seus inimigos, com a indicação dos respectivos nomes, á laia de notas. As duas epigraphes que precedem Os Peccados Mortaes, são conceituosamente escolhidas de Horacio e Juvenal.
Desancou-os, é verdade, mas desceu a termos tão baixos que não permittem indistinctamente, a leitura d’aquella satyra, aliás escripta com chiste.
Como a leitura, em copias manuscriptas, dos Peccados Mortaes, causasse grande escandalo na ilha das Flores deu esta occorrencia ensejo aos seus inimigos para se queixarem ao Bispo D. José Pegado, que então governava a diocese, do grande insulto que acabavam de soffrer.
Pouco tempo depois, o P.e Camões recebia ordem do seu Prelado para se apresentar ao mesmo na ilha Terceira a fim de responder pela impropriedade do seu procedimento e designadamente a respeito das inconveniencias consignadas n’aquelle seu escripto.
Não logrou justificar-se, obrigaram-no a ler elle proprio, em alta voz, na presença do Bispo e dos principaes clerigos d’Angra a malfadada satyra que composera, regressando em seguida para as Flôres, desautorado como antecedentemente.
Os desgostos e a doença começaram então a animar aquella existencia, e, apesar de tudo, como o seu enlevo eram as letras, para desenfado das suas horas tristes, converteu de novo a sua penna em latego sem piedade para zurzir os seus detractores, ou as pessoas a quem não era affecto.
D’esta vez foi author d’uma obra de mais folego.
Eis o frontispicio d’um exemplar que da mesma podémos obter: O Testamento de D. Burro, pai dos asnos. Obra de grande divertimento; Nova Edição. Copiado por um florentino. — Boston: Typ. de Dakin e Metcalf. Cornhill n.º 37. 1865.
Esta extensa satyra pode, a nosso ver, conferir ao Padre Camões os foros de um original e muito chistoso poeta, tendo excellentes versos e tiradas explendidas, no seu genero.
Encontram-se alli alguns trechos que, como os do Hyssope de Antonio Diniz da Cruz e Silva ficam-nos logo no pensamento, e poucos leitores do Testamento esquecerão, por exemplo aquella passagem em que o Grão-Jumento, fazendo as suas ultimas disposições contempla tambem o Padre Thesoureiro ao qual manda que dêem:
«O meu couro p’ra chamarra que não tem
«Pois se hade comprar basta em loje
«Faça uma côr de burro quando foge!
N’aquelle documento são lembrados numerosos florentinos, muitos dos quaes da gente mais grauda da ilha e mesmo para quem não chegou a conhecer esses individuos, o riso é irresistivel em algumas passagens.
Semelhante escripto, porem, como Os Peccados Mortaes, pecca pela licenciosidade de algumas phrases.
Nesta edição de Boston, em 8.º, contendo 38 paginas numeradas. vem em seguida uma declaração do typographo, que era um florentino residente nos Estados Unidos, na qual pede desculpa aos leitores dos erros e falta de virgulação que na mesma se encontra.
Effectivamente, ha alli muitos versos estropiados, rimas trocadas e pontuação mal distribuida, embora a impressão esteja nitida, em bom papel e o typographo deseje fazer um serviço à sua patria, divulgando o apreciavel trabalho d’um seu conterraneo.
Salve-o esta boa intenção.
Depois de concluido o celebre Testamento, o Padre Camões foi sempre em decadencia e até chegou a passar fome.
Conta-se que uma vez estando elle enfermo e de cama, foram-no visitar alguns dos seus patricios, e como vissem o padre estar a metter dentro d’uma tigella vasia um quarto de pão que tinha na dextra e depois a mastigal-o, perguntaram-lhe o que queria aquillo dizer, não o julgando já muito seguro nas suas faculdades intellectuaes.
—Isto é para enganar este canto de pão e elle deixar-se engulir com mais facilidade, que emquanto a mim bem sei que é sêcco e bem réles.
Consta por tradição, na ilha das Flores, que por occasião da ida do Padre Camões à Terceira, fora hospedado na nobre casa da familia Bruges, e que desgostoso da celeuma que perante o Bispo haviam cansado Os Peccados Mortaes alli abandonara alguns outros manuscriptos de que era author.
Não sabemos, até que ponto, é isto exacto, mas um bom serviço seria ás letras açorianas a sua publicação, se acaso existem.
O Padre José Antonio Camões morreu muito pobre, quasi na miseria, no decurso do anno de 1825.
Na Villa de Santa Cruz, das Flôres, ainda actualmente (1886) existe, já octogenario, um dos seus mais dilectos discipulos, o Sr. Domingos de Ramos, natural de Ponta Delgada da mesma ilha, cavalheiro que pela sua seriedade de caracter e abundosos haveres, tem na sua patria exercido importantes cargos publicos.
A este respeitavel ancião devemos algumas informações que figuram n’esta noticia concernente ao seu saudoso mestre, um dos maiores talentos que tem produzido aquella ilha.
Extractos de O Testamento de D. Burro, pai dos asnos.
Retirados do blogue Nothingandall:
Atenção! Não leia se se ofende facilmente com linguagem brejeira.
(…)
Na pobre estrebaria em que me vejo,
cheio de pulgas, piolhos, percevejos,
eu D. Burro, pai dos asnos calcitrantes,
que o mundo vai deixar dentro de instantes,
vendo-me já tanto de anos carregado,
no mais triste e lastimoso estado,
sem abrigo de pai nem de parentes,
da cabeça já calvo, e já sem dentes,
do meu dono desprezado, e abatido,
ingrata satisfação de o ter servido;
vendo que neste mundo me não resta
coisa com que fazer a minha festa,
remédio não hei já senão prestar-me
fazer minha viagem, preparar-me:
essa viagem de todos tão temida,
pois os dias termina, acaba a vida.
É certo que minha alma irracional
não goza os privilégios de imortal,
mas como de cá vou pra não tornar,
e várias coisas tenho d’arranjar
— além de amigos meus e de parentes
(não que bem descendentes ou ascendentes);
por isso tomarei sequer urna hora,
na qual sem dúvidas e sem demora,
para exemplo a futuros e vindouros,
dispor eu possa bem de meus tesouros.
Como é fácil anular um testamento
o meu quero fazer com fundamento.
Por que o não posso fazer por minha mão,
impedido de angústia e de aflição,
ao Senhor Vigário eu peço mo escreva,
não porque ele favor algum me deva,
mas por ser sua letra mui par’cida
com a que eu escrevia em minha vida
quando pra amanuense seu me preparava,
pois só tal amanuense lhe quadrava.
(…)
Quarenta anos, pouco mais, tenho de idade:
sempre foram pra mim d’austeridade;
nunca neles senti barriga cheia
em almoço, jantar, merenda ou ceia.
Só quando era pequeno, lá no Corvo,
minha avó me frigiu um dia um ovo.
Estando pra o comer, eis de repente
meu avô chega, velho e impaciente,
e não só o papou ele dum bocado
mas até minha avó pôs em tal estado
que a pobre prometeu com juramento
não se embaraçar mais co’o meu sustento.
(…)
Meu corpo quero seja sepultado
aí no canto dum qualquer cerrado,
onde de mim lembrança mais não possa haver;
mas porquanto bem pode suceder
o almotacé pra o açougue me mande ir,
e à sua ordem ninguém pode resistir,
cada um de por si vá preparado
pra me levar de carne o seu cruzado.
Mas saiba quem a leve, lá por teimas:
comendo-a, morre cheio de almorreimas;
porque não pode ser que, em tal idade,
minha carne não cause enfermidade.
Herdeiros
Item. Precisando nomear testamenteiros,
o Capitão Silvestre é o primeiro;
Felipe António fique de segundo;
e suposto que me acho moribundo,
sempre nomeio terceiro aristocrácio,
meu compadre o Alferes Francisco Inácio.
P’lo trabalho de testamentaria,
peças lhes deixo da maior valia:
ao primeiro, meu óculo de alcançar,
um óculo tão distinto e singular
que com ele até mesmo observava
quantas cricas de burra encontrava.
(…)
Item. Ao segundo meu testamenteiro,
eu deixo quinze réis em bom dinheiro,
porém co’a obrigação, todos os anos,
de os pagar aos padres franciscanos
por mesada daquele pouco tempo
em que estive de estudante no convento.
Item. Ao terceiro, pouco tenho que deixar,
pois são muitos os que têm de me herdar,
e os meus bens, como sabem, poucos são.
Mas pra fugir a toda a ingratidão
as canelas lhe deixo duma perna
e meu terçado feito já pela moderna.
Em o tendo não mais use espadim,
pois é traste que nem servia a mim.
— Obrigações primeiras satisfeitas,
usemos com os outros às direitas.
(…)
Item. Ao Padre Tesoureiro mando dêem
meu couro pra chamarra que não tem;
pois se há de comprar baeta em loje,
faça uma cor de burro quando foge.
E depois, quando deste mundo eu for,
não quero mais ouvir que ante o Ouvidor
aparece com calças à maruja,
que é ação muito feia, muito suja.
Se o Ouvidor até ‘qui dissimulou,
foi força de prudência de que usou;
pois eu se ouvidor fosse não sofria
uma tão temerária grosseria.
(…)
Item. Deixo ao Sr. Juiz por bem da lei
quantas lágrimas neste mundo eu chorei,
as quais ordeno sejam misturadas
co’aquelas que têm sido derramadas
por tanto pobre a quem sua mercê
cadeias, ferros manda que se dê.
(…)
Item. Meu contraparente João Bernardo,
pra ostentação maior de seu estado,
mando se dê depois da minha morte
meu rabo, que lhe sirva de chicote.
E se não se contentar com esta deixa,
pra que de mim não forme alguma queixa
dar-lhe-ão mais uma dúzia de bolotas
e couro das minhas pernas pra umas botas.
Item. A António Furtado Nunes, meu parente,
a quem Deus não fez como a outra gente,
deixo por minha morte duas pipas
do miolo que me saía pelas tripas.
(…)
Item. A minha prima Maria Joaquina
deixo dois gamelões da minha urina:
o caldo só, pois os cascos não,
porque estes meus também não são.
Com ela poderá dar uma calda
e alvejar quando quiser a sua fralda.
(…)
Item. A José Paciente e a Francisco Dente,
deixo em legado pio o meu pendente,
uma jóia de tanta estimação
que render não pode menos de um tostão.
(…)
Item. A João Castelo e sua irmã Isabel,
o meu sangue para um sarapatel;
mas com a rigorosa obrigação
que pelo olho do cu mo chuparão,
pois não quero se me faça anatomia
nem do corpo mo tirem por sangria.
(…)
O meu olho do cu já o deixei
a meu primo José, porém errei
em deixar-lho para ele assobiar,
pois nisso os beiços podem bem bastar.
Mando pois que embrulhado em um papel
o remetam a Alexandre Pimentel;
que o ponha no lugar do que não tem,
e só assim lhe pago o mal com bem.
(…)
A meu primo Manuel Furtado Sousa
Desejava deixar-lhe alguma cousa
Mas, como os meus bens findos são,
Só lhe deixo um cagalhão.
[1] [(1774-1854)]

Urbano Bettencourt

Documento muito pormenorizado que eu desconhecia, com dados que não encontro na “biografia oficial” (os livros, afinal, nao trazem tudo). Vai para os meus arquivos.
A edição portuguesa (& etc, 1983) indica alguns elementos biográficos colhidos nos “Anais da Ilha Terceira”.
No meu livro “Sala de Espelhos” dedico alguma atenção ao “Testamento de D. Burro…”, enquadrando-o no universo dos testamentos satíricos da cultura popular e da literária.
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Manuel Menezes de Sequeira

Urbano Bettencourt, nota que fiz um erro de atribuição! Na realidade, o texto foi escrito também por Ernesto Rebello, fazendo parte das suas Notas Açorianas, nomeadamente da secção «Escriptores e homens de letras» do capítulo XX, «Subsidio para uma bibliographia do Districto da Horta (Ilha do Fayal)».
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açores O centralismo político-administrativo está vivo

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O centralismo político-administrativo está vivo
Os presidentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira participaram há poucos dias numa reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa, no que foi considerado um acontecimento histórico, por ser a primeira vez que tal se verificou.
Miguel Albuquerque, da Madeira, e José Manuel Bolieiro, dos Açores, entraram sorridentes, mas saíram com cara de enterro, como as imagens divulgadas bem documentam e mostram, sem margem para dúvidas.
Os dois governantes regionais traziam justificadas expectativas e foram deixados com uma mão vazia e outra cheia de nada. Eles diziam que o primeiro-ministro era um amigo das Autonomias político-administrativas insulares, mas, afinal, saiu-lhes uma “encomenda”…Habituem-se!
No caso dos Açores, existem dois problemas importantes para resolver, entre outros, obviamente, e que são da responsabilidade do Governo nacional. Um é a necessária substituição do cabo submarino entre o arquipélago e o Continente. Está praticamente fora de validade e pode comprometer as comunicações. O outro problema é a construção de um novo estabelecimento prisional na ilha de São Miguel, já que o actual tem mais de 150 anos e encontra-se muito degradado.
Boleiro – coitado! – bem que procurou disfarçar a desilusão com a reunião no Conselho de Ministros, proferindo no fim palavras bonitas, mas o rosto carregado dele valeu por mil palavras…
O antigo primeiro-ministro socialista António Costa não foi bom para os Açores e o social-democrata Luís Montenegro vai no mesmo caminho. O centralismo político-administrativo não morreu com a democracia e tem sido muito nocivo tanto para os Açores e a Madeira como para as regiões do Continente. Os governos nacionais tendem a privilegiar as grandes áreas metropolitanas, esquecendo muitas vezes o interior do Continente e os dois arquipélagos.

Valter Franco

Meu caro, não foi a primeira vez.
Vez houve que foi muito mais.
Reunião de todos os membros do Governo dos Açores com todos os membros do Governo da República.…

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Tomás Quental

Valter Franco O José Manuel Bolieiro é que disse que o encontro tinha cariz “histórico” e que, assim, se iniciava um novo relacionamento entre os Governos Regionais e o Governo da República. Frisou até que se passava de uma “Autonomia tutelada” para um…

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澳廣視新聞|Multados 44 peões em Macau durante operação de trânsito|Multados 44 peões em Macau durante operação de trânsito

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Source: 澳廣視新聞|Multados 44 peões em Macau durante operação de trânsito|Multados 44 peões em Macau durante operação de trânsito

A minha Avó Maria, afinal, NUNCA falou Português

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A minha Avó Maria, afinal, NUNCA falou Português
Uma das coisas que é mais gratificante ao, por aqui, ir tentando partilhar a nossa essência, para lá da maior ou menor adesão, é a aprendizagem que obtenho com os inúmeros comentários que vão sendo deixados. Ontem, uma Senhora escreveu um, do qual extraí este elucidativo excerto (para mim, pelo menos): «Depois desta leitura, vi realmente o português com que balbuciei as primeiras palavras bem escrito […] Eu chamo-lhe, orgulhosamente, o português dos meus avós, pais e ainda meu».
A referida Senhora, Maria Antónia de seu nome, inadvertidamente, revolucionou a visão que tinha. Ficar-lhe-ei eternamente grato por isso! Tudo porque mencionou, entre outras coisas, «o português com que balbuciei as primeiras palavras bem escrito» ou «o português dos meus avós». O que me transportou, de novo, à já «célebre» minha Avó Maria. Pensamento puxa pensamento, à conclusão cheguei de que a “nh’ábó” NUNCA falou Português. Tal como muitas outras avós e avôs, NUNCA terão falado Português.
A minha Avó Maria nasceu em 1913. Nunca frequentou a escola, por isso constando do imenso número de analfabetos que foram imagem de marca de Portugal. Como tal, e de facto, NUNCA aprendeu Português. A língua que ela falava tinha-a aprendido através da transmissão oral dos seus pais, os meus bisavós que não conheci. Suponho que esses meus bisavós também nunca tenham frequentado a escola. Especialmente no século XIX, no qual as taxas de analfabetismo, no Portugal rural trasmontano, rondavam os 80% no sexo masculino, subindo essa percentagem acima dos 90% para o sexo feminino.
Presumo, portanto, que esses meus bisavós se incluíssem no vasto grupo populacional que Leite de Vasconcellos identificou como falando «Mirandês», ou uma sua variante dialectal. Ou seja, a minha Avó Maria falava uma variante do Ásturo-Leonês que tinha aprendido, oralmente, com os seus pais. Por isso, os meus colegas «alfacinhas», que apenas se comunicavam na “língua fidalga”, a norma-padrão, o Português, me perguntaram que língua falava a minha Avó…
Subitamente, recuei aos meus tempos de «estudantezeco» em Lisboa. E recordei-me que tinha por lá um grande amigo, de Macedo, tal como eu. Embora estudantes na mesma universidade, éramos de cursos diferentes. Mas raro era o fim-de-semana no qual não nos encontrássemos, ou indo eu para as «tainadas» com os colegas dele, ou o inverso, vinha ele para a «copofonia» com os meus. Naquilo que julgávamos ser uma mera brincadeira, quando pretendíamos que ninguém nos entendesse, ou queríamos troçar com os restantes, malvadez de jovens, falávamos “à Macedu’e”, como lhe chamávamos.
Vulgar sendo, no meio de um jantar, sair, com pronúncia carregada, um “abonda d’i um carólu’e”, ou um “bota lá mais um catchu de pinga”, ou um “tchega aí u caçoulu da tchitcha”. Ou passávamos a utilizar os pronomes “ou, mou, tou”, ou os derivados de «ele» no plural, “eis, deis, aqueis, daqueis”, entre tantas outras coisas, onde também entravam “tchítcharus’e”, “érbançus’e” ou ”coubes-trontchas’e”. Recorrentemente fazíamos uso do “bô”, do “bem m’ou fintu’e”, do “c’mu quera”, sem “sequera” ponderarmos que, de facto, estávamos a comunicar-nos num idioma distinto do Português. Por isso não nos entendiam…
Mais nos divertíamos a fazer contas em “me’ réis”. Bem ao género de, dividida a conta, dar “binte deis me’ réis” a cada um. Atónitos ficavam os comensais perante a moeda que utilizávamos. Hoje, enquanto pensava sobre esses episódios, fui assolado pela expressão que tantas vezes usámos, o “bota a bubere uas cerbeijas”. Inevitavelmente, lembrei-me do «Mirandés»… E pensei para com os meus botões: “Rais’parta! Pois, em Mirandés, «beber umas cervejas», escreve-se «buber uas cerbeijas»!”… Estão a entender?… Nessas paródias, nós não falávamos deturpando o Português! Nós falávamos, mesmo (!), noutro idioma!!!
E, creiam, só hoje me apercebi, com clarividência, desse facto. Em simultâneo me apercebendo por que entendia, ao mesmo tempo, a minha Avó Maria, que NÃO falava Português, e os meus colegas «alfacinhas», que Português falavam. Reparado tendo que a “nh’ábó” não intervinha muito quando a conversa decorria em “língua fidalga”, agindo de forma semelhante àquela que acontecia quando alguns dos membros da família, também filhos e netos da emigração, desatavam a «parler en français», demonstrando um alheamento que só os “belhotes’e” sabem fazer. “Ele hai cousas du catantchu’e”!…
E, de facto, as minhas conversas com a Avó Maria só eram consequentes e profícuas, quando falávamos em “língua tcharra”, a variante do Ásturo-Leonês que era a sua língua materna! Variante essa que, sem consciência ter, também eu tinha aprendido, quer nos contactos com ela, quer naqueles que mantinha quando fazia as minhas incursões à aldeia. E deixava de dizer «a minha avó», passando para “a nh’ábó”, ou «o meu tio», transformando-o em “u mou tiu’e”. Ou a «chuva» passava a “tchuba”, a «água» a “auga”, o «descer» para “decere”, as «escadas» para “scaleiras’e”, o «descalço» para “zcalçu’e”, ou o «nu» para “couratchu’e”…
A minha Avó Maria, afinal, NUNCA falou Português, idioma do ramo do Galego-Português, porque NUNCA o aprendeu. Só aprendeu a comunicar-se numa versão de Ásturo-Leonês, que é, afinal, tudo menos o «português dos nossos avós». É, sim, o Ásturo-Leonês dos nossos avós! Há dias tão felizes!… “Caralhitchas’e, que contchu stou’e! E zculpim qualquera cousinha”… Perante isto, “tchaldra-me” que a D. Maria Antónia, cujo magnífico comentário deu azo a isto, não terá balbuciado as suas primeiras palavras em Português, mas sim numa versão de Ásturo-Leonês dos seus avós e dos seus pais. Estou-lhe tão grato!
 

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antiguidade das pirâmides da Madalena do Pico,

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Os dados da pesquisa
NOTA
de imprensa:
Informa-se que será realizada uma apresentação pública internacional sobre os resultados de uma Datação absoluta que confirma a antiguidade das pirâmides da Madalena do Pico, Açores
A APIA – Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica, através do seu Presidente o Arqueólogo Nuno Ribeiro, vem informar que estará presente nos próximos dias, no congresso internacional “9th Symposium of the Hellenic Society for Archaeometry (HSA) of the Hellenic Society for Archaeometry (HSA) Patras” na Grécia.
Os resultados da datação serão agora apresentados publicamente e correspondem ao Século X d. C.
A apresentação terá o tema:
“P6. Atlantic Crossroads: First C 14 Results from Pico Island and Their Implications for Pre-Colonial Settlement of the Azores. D. Görlitz, N. Ribeiro.”
O fragmento de carvão agora datado foi proveniente da única intervenção arqueológica realizada nas pirâmides da Madalena na Ilha do Pico, apoiadas pela Câmara Municipal da Madalena. (Açores)
Já antes provenientes da mesma escavação arqueológica, tinham sido datados carvões que datavam os períodos de 1450-1500 e 1700 d. C.
A intervenção arqueológica foi realizada em 2013 por uma equipa da APIA ( Nuno Ribeiro, Anabela Joaquinito, Fernando Pimenta) e do investigador Americano Romeo Hristov, em colaboração com outros investigadores da Universidade dos Açores (Félix Rodrigues); Antonieta Costa e outros de Portugal.
As sondagens foram desenvolvidas no interior de uma estrutura piramidal de degraus já violada, formada por muitas toneladas de blocos de basalto, alguns pesando mais de uma tonelada. No interior desta estrutura piramidal encontra-se um corredor de acesso a uma câmara quase quadrada, esta estrutura com planta uterina, subterrânea tem cerca de 5 metros de comprimento da entrada até ao fim. Foram recolhidos durante os trabalhos no corredor do monumento e na câmara, ossos, pontas de seta em metal, anzóis de metal, indústria lítica, fauna malacológica, espinhas de peixe, e uma grande quantidade de restos de fogueiras quase exclusivamente na câmara, ou seja na parte mais afastada da porta do monumento, indiciando que o local terá tido uma longa ocupação e que terá certamente mais de 1000 anos, confirmando a análise estilística que se fez aos materiais ali recolhidos.
A datação agora obtida resulta de um carvão recolhido numa das partes mais profundas da câmara que tem quase um metro de potência arqueológica.
Refira-se que esta estrutura piramidal se encontra próximo de uma outra com quase 13 metros de altura equivalendo a um prédio de mais de 3 andares ( foto da imagem).
Existindo na área mais de 80 estruturas piramidais, estando arrumadas na paisagem com duas orientações predominantes, sendo a principal a orientação Nascente/poente.
Esta segunda datação só foi possível com o apoio financeiro e Institucional do projecto de investigação internacional ABORA, sob a coordenação do arqueólogo Alemão Dominique Görlitz. A datação foi efectuada num laboratório da Universidade de Kiel na Alemanha.@destacar
 

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