governo dos açores feng shui

Definitivamente terminou o estado de graça do governo triangular dos Açores. Primeiro foi, e continua a ser, o dossier das Agendas Mobilizadoras que obrigou José Manuel Bolieiro a cancelar o processo em curso e a voltar à casa de partida. Uma decisão aplaudida pelas Câmaras de Comércio que dias antes andavam a trocar farpas e acusações, com Horta e Angra em ataque cerrado à Câmara de Comércio de Ponta Delgada.
Um caso político de impacto ainda por descodificar, mas que já fez transpirar o Presidente do Governo e abalou o presidente da Câmara do Comércio de Ponta Delgada. Ambos na mira dos ataques políticos e empresariais.
No caso da maior Câmara do Comércio dos Açores sabe-se que já existem diversos protagonistas no terreno a tentar “contar espingardas”, para depois decidir se apresentam ou não uma lista à liderança da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.
Espera-se que prevaleça o interesse dos empresários e da economia micaelense e não de players ao serviço de outros capazes de jogadas políticas para atacar o poder empresarial do grupo Oriental.
Voltando ao Governo. José Manuel Bolieiro ainda estava a lamber as feridas causadas pela catástrofe das Agendas Mobilizadoras e já sofria nova estocada, esta aplicada a frio por Nuno Barata, deputado e líder regional da Iniciativa Liberal. Barata afirmou, com todas as letras, que não aprovaria o orçamento se este mantivesse “um endividamento de 295 milhões de euros” para injetar na SATA “mais 133 milhões de euros em aumento de capital, sem que a empresa demonstre que vai reduzir o passivo”. Mais um susto para o Governo Regional que bem pode agradecer à providencial agenda de Bruxelas que atirou para 2022 o dossier SATA.
Mas Nuno Barata deixou um outro aviso: o de que rasgará o acordo com o PSD se “continuarem os atropelos à democracia” e a “caça às bruxas, sem, no entanto, concretizar quem são as vítimas dessa caça inquisitorial, nem quem serão os ignóbeis inquisidores. Ser deputado e líder de um partido obriga a que, quando se aponta o dedo, se identifique o alvo, sob pena de ficarmos pelo mero “diz-que-disse” que prolifera nas redes sociais e mesas de alguns cafés.
Em resumo, o ar político já foi bem mais saudável para o governo açoriano e o estado de graça que costuma abençoar os primeiros meses da governação já se esfumou. O que até pode ser positivo para o Presidente do Executivo Regional se contribuir para que ele entenda que está na hora de arrumar a casa e procurar melhorar o seu Feng shui político.
A mobília parece fora de sítio, os cortinados não condizem com a cor das paredes e há móveis a atravancar as portas. Nada como reordenar a casa de acordo com as sábias práticas orientais. O Oriente sempre teve muito a ensinar ao Ocidente.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 24/10/2021)
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