Bairros de casas pré-fabricadas, para minorar os actuais gravíssimos problemas da habitação em Portugal.

Quando se sabe que a habitação pública em Portugal é de apenas 2% do total edificado, ao contrário da média europeia que é de 8%, chegando em alguns países a ser de 10% e 15%,
quando se sabe que as pessoas carecidas de habitação a preços reduzidos, ou acessíveis, são na ordem das centenas de milhares,
sejam portugueses de origem, sejam imigrantes estrangeiros ou naturalizados,
quando se sabe que existem já cerca de 1800 famílias a viver em barracas, em 13 novos bairros de lata existentes à volta de Lisboa, no Seixal, Almada, Loures e Amadora,
quando se sabe que a actual alternativa às barracas para essas pessoas é viverem em tendas, colocadas nas ruas e em lugares públicos,
como acontece, em grande escala, em cidades dos Estados Unidos da América como Los Angeles, Seattle, São Francisco, Portland e Nova Iorque,
quando se sabe que, mesmo que se faça agora um forte investimento na construção de habitação social pública, os prédios e os apartamentos vão demorar vários anos para ficarem prontos para serem habitados,
então irei retomar aqui uma publicação que fiz na minha página do Facebook há uns tempos, em que se defende que a implantação de bairros de casas pré-fabricadas pode minorar o candente problema da habitação em Portugal.
Na verdade, e como já se afirmou acima, o problema da falta de casas no país é uma evidência e uma certeza inquestionável, seja no mercado da compra e venda, seja no mercado do arrendamento,
e a carência de habitação em Portugal multiplica-se ao longo do país, ainda que seja mais premente nos grandes centros urbanos do litoral,
sendo na ordem das muitas dezenas, ou mesmo centenas de milhares de fogos as actuais necessidades de habitação para satisfazer a população,
sendo que a construção de habitação pública a preços controlados e acessíveis é fundamental para suprir as carências habitacionais da população,
porque já se percebeu que a legislação actualmente em vigor, e o funcionamento das regras de mercado, só tem resultado no acréscimo acentuado e constante do preço de venda das habitações e das rendas,
e na redução da tipologia da construção para prédios, apartamentos e casas, privilegiando os promotores imobiliários privados o segmento superior de áreas e preços,
e estando presentemente o Estado central, e as autarquias locais, apesar do grande esforço financeiro que tem sido feito nos últimos cinco anos,
incapazes de assegurar rápidamente a construção de habitação condigna para todos aqueles que dela precisam, sejam jovens, ou não, nacionais ou imigrantes,
e a preços que possam ser efectivamente pagos pelos jovens ou pelas famílias de menores rendimentos,
pelo que urge tomar decisões que satisfaçam, a curto prazo e com uma mínima qualidade, a necessidade urgente de habitação acessível.
O mercado das casas pré-fabricadas tem evoluído muito nas últimas duas ou três décadas,
sendo cada vez mais oferecidas casas com grande qualidade de construção, em vários tipos de material, que se ajustam às condições climatéricas das regiões a que se destinam, e fornecidas com todos os equipamentos necessários,
com preços muito acessíveis, e de fácil e rápida instalação,
podendo ser uma solução célere para satisfazer a necessidade de habitação por parte de alguma da população em todo o país,
com a disponibilização de terrenos públicos vagos, aproveitando até a recente aprovação da Lei dos Solos, através do Decreto-Lei n.º 117/2024, entrado em vigor em 29 de Janeiro de 2025, que alargou substancialmente a área edificável a nível nacional,
mas também prestando-se apoio técnico e financeiro, por parte das autarquias locais e do Estado central,
e com a planificação, instalação de infraestruturas e construção de bairros com essas casas pré-fabricadas em muitos municípios do país,
o que podia fazer diminuir sobremaneira a pressão actualmente existente no mercado de habitação,
e ajudaria com certeza à demolição célere dos bairros de lata ora existentes, evitando o seu crescimento e, claro, a sua prória existência e necessidade,
e garantindo que os investimentos públicos e privados, actualmente em fase de execução ou de planificação, ou os novos que se prevejam para breve, pudessem ser efectuados nos prazos normais relativos à construção.
A construção e utilização de casas pré-fabricadas em grande quantidade é cada vez mais frequente em quase toda a Europa, como é o caso da Suécia, Alemanha, Reino Unido, Croácia, Áustria, Dinamarca, Hungria, e é muito generalizada nos Estados Unidos da América.
Não é com certeza uma solução permanente para a crise de habitação em Portugal, mas é uma fórmula temporária e expedita de enfrentar o problema,
que pode minorar em muito a actual carência de muitos cidadãos e suas famílias, e dos imigrantes pobres que aqui trabalham.