venham as propostas Osvaldo Cabral

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Venham as propostas
Neste começo de campanha eleitoral há um aspecto curioso que vale a pena realçar: os partidos mais pequenos prepararam-se muito melhor para estas eleições do que nos outros actos eleitorais anteriores.
O número de forças políticas a concorrer é o mesmo do que há quatro anos (13), mas desta vez há mais pequenos partidos a concorrer em vários círculos eleitorais, muitos deles apresentaram antes da campanha as linhas mestras dos seus programas eleitorais e foi notória uma maior mobilização por parte dos mesmos.
Outra curiosidade: ao contrário dos maiores partidos, as listas dos mais pequenos são compostas, na sua maioria, por gente não afecta aos aparelhos partidários, quase todos com as suas profissões e vida resolvida e praticamente sem ninguém a viver exclusivamente da política.
Esta envolvência é uma boa notícia nesta campanha e pode ser um sinal de que há gente na sociedade civil interessada em dar o seu contributo à política açoriana sem estar comprometida com os aparelhos dos partidos.
É, provavelmente, a prova de que, se o sistema eleitoral nos Açores tivesse sido alterado, como era de esperar e como foi prometido pelos tais “políticos profissionais”, muito mais gente se envolveria no processo de construção da democracia açoriana, quer em listas de cidadãos independentes, quer na escolha antecipada dos candidatos em círculos uninominais.
A anterior legislatura foi coroada por um mandato preguiçoso, com um parlamento que não conseguiu elaborar uma única proposta legislativa para a tão propalada “revisão da Autonomia”, pelo que vamos ter nestas eleições mais do mesmo.
São erros como estes, cometidos pelos “políticos profissionais”, que causam as elevadas abstenções de eleição em eleição, pelo que não surpreende nada se no dia 25 de Outubro muitos eleitores preferirem ficar em casa do que irem às urnas.
Neste arranque de campanha os eleitores estão a receber uma carta da Autoridade Tributária e Aduaneira explicando e apelando ao voto em mobilidade.
Não cremos que haja qualquer segundo motivo por detrás da iniciativa, inédita em actos eleitorais, utilizando os endereços dos contribuintes, em favor de um esclarecimento do Governo dos Açores.
Mas há que interrogar desde quando é que uma Autoridade Tributária e Aduaneira se envolve em processos eleitorais e com que intenção.
Da próxima vez serão os Serviços de Estrangeiros e Fronteiras a enviarem-nos cartas eleitorais? E depois a PSP, que também possui uma base de dados com os endereços dos condutores? Qual é o critério?
Curiosamente, uma Autoridade Tributária tão preocupada em nos esclarecer eleitoralmente, mas que, quando é para tributar, envia primeiro a penhora e depois é que nos pede explicações!
Parece haver um frenesim anormal em muitas instituições públicas.
Deixemos então estas inquietações e venham de lá as propostas para os próximos 4 anos.
Para que haja um bom julgamento no dia 25.
(

Osvaldo Cabral

– Diário dos Açores de 11/10/2020) — with

Osvaldo José Vieira Cabral

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