VASCO CORDEIRO O ANUNCIADOR, PEDRO GOMES

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O ANUNCIADOR
1. O Presidente do PS/Açores, Dr. Vasco Cordeiro, ainda não encontrou o registo de líder da oposição nos Açores, comportando-se – como venho escrevendo – como um Presidente do Governo no exílio, oscilando em intervenções públicas em registo de Presidente do Governo Regional ou de anúncio de desgraças ou problemas resultantes da acção do Governo Regional, que ele já não chefia.
A postura do Dr. Vasco Cordeiro deixa o seu partido desconfortável, quando o debate político interpretado por um grande partido como o PS impõe outra conduta, outra altitude e, sobretudo, outra serenidade. Vasco Cordeiro é o candidato natural à sua sucessão como Presidente do PS/Açores, no próximo congresso socialista, mas o seu estilo de liderança na oposição – para ele inédito, pois foi sempre foi líder no poder –agrava a instabilidade interna no PS, que já não é apenas um rumor entre os opositores políticos.
2. Durante a pandemia, que o actual Governo Regional foi obrigado a enfrentar, com a necessidade de contenção da propagação da SARS-COV-2, da protecção da saúde pública, no respeito pelas liberdades individuais, na preservação da capacidade de resposta do Serviço Regional de Saúde (SRS), no processo de vacinação global de toda a população dos Açores, a postura do PS contrastou com a do PSD, quando este partido estava na oposição. O tipo de intervenções, a falta de serenidade nas propostas formuladas, a linguagem do PS e dos seus principais dirigentes – Vasco Cordeiro e Tiago Lopes – que se pronunciaram sobre as questões da saúde, relacionadas com a pandemia, transformaram o debate sobre o combate à pandemia numa arena política, de confronto partidário, em que o principal alvo era o Secretário Regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, que tem feito um trabalho notável na difícil pasta da saúde.
Vasco Cordeiro usou a pandemia como território de luta partidária, ao contrário do Presidente PSD, enquanto líder da oposição, que fez do consenso alargado uma estratégia para a defesa dos Açores.
3. Num momento de incerteza, provocada pela guerra da Ucrânia, que projecta as suas consequências por todo o mundo, atingindo as pequenas e periféricas economias, como a nossa, o líder do PS volta a ser o anunciador da desgraça futura que, na opinião dele, resulta da incapacidade do Governo Regional em dar resposta ao aumento do preço dos combustíveis. Vasco Cordeiro defendeu, na segunda-feira, que a Região adopte uma política de redução do Imposto sobre os produtos Petrolíferos (ISP), que se traduziria numa descida de 21 e 32 cêntimos no preço da gasolina e do gasóleo, respectivamente. Claro que todos desejam a diminuição do preço dos combustíveis, a começar pelo Presidente do Governo Regional que já afirmou que a Região iria manter o diferencial de preços em relação aos preços praticados no Continente português, ainda que, com prudência, não tenha adiantado valores.
O Dr. Vasco Cordeiro tem um problema de coerência: o PS, sob a sua liderança opôs-se à redução fiscal que o Governo Regional e os partidos que apoiam o Governo no parlamento adoptaram, em plena pandemia, anunciando que seria uma tragédia para as finanças públicas regionais, o que não se verificou. Agora, rasga as vestes e torna-se adepto numa redução do ISP, proposta à pressa, sem ponderação da evolução dos preços nos mercados internacionais durante esta semana.
O líder do PS transformou-se num anunciador de desgraças.
(Publicado a 23 de Março de 2022, no Açoriano Oriental)
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