uma crónica de 2018 muito atual

1.11. DE FOGOS QUE NINGUÉM APAGARÁ, GOVERNAÇÃO E INSIGNIFICÂNCIAS, CRÓNICA 207 9.8.18

 

 

“A verdadeira natureza da felicidade é, muitas vezes, mal compreendida.

É frequentemente confundida com satisfação, contentamento, ou paz de espírito.

A forma mais simples de explicar a diferença é descrever o contentamento como a disposição que sentimos quando a vida nos corre bem, enquanto a felicidade é a sensação que temos quando ela melhora subitamente.

No preciso momento em que nos acontece algo de maravilhoso, somos invadidos por uma onda de emoção, um sentimento de prazer intenso: uma explosão de puro deleite.

Este é o momento em que somos verdadeiramente felizes.”

Desmond Morris in A Natureza da felicidade

 

 

Hoje não falarei de fogos, de maus-tratos, de abusos, de saúde, da greve dos professores e contagem de tempo de serviço, nem da falta de médicos ou outras questões. A minha cor política é o país onde vivo, nem direita nem esquerda. Claro que tenho preferências e já as afirmei. (Desmistifiquemos: apesar de hoje não ser já relevante, tenho de me definir, como de “esquerda” o que significa simpatizar com a noção de social-democracia à sueca, do tempo do malogrado Olof Palme. Sou multicultural e não aceito xenofobia nem extremismos de qualquer formato).

 

Tal como no desporto (tenho simpatias), na política nunca serei membro partidário pois o meu individualismo e desprendimento nunca pactuariam com disciplinas partidárias. Nunca me inibi de fazer sugestões de preservação linguística e cultural, mesmo quando me apodavam (crime de lesa majestade) de elitista e não respeitar as massas (por mais que as respeite e suas vontades, sempre foram dirigidas, era preferível serem por elitistas culturais do que por populistas, demagogos e outros).

 

Quando como jornalista critiquei igualmente a Austrália e Portugal em relação a Timor, chamaram-me muita coisa, e antipatriota, desde que adotei os Açores nunca me coibi de exigir o melhor para o país e Açores. Sim (apesar da idade) sou um poeta, utópico que acredita em mundos mais perfeitos, sonhador que imagina justiça, equidade e transparência, e é difícil encontrá-las.

 

Cito Jack Kérouac

“Aqui estão os loucos.

Os desajustados.

Os rebeldes.

Os criadores de casos.

Os pinos redondos em buracos quadrados.

Os que fogem ao padrão.

Aqueles que veem as coisas de um modo diferente.

Não se adaptam às regras, nem respeitam o status quo.

Pode citá-los, discordar, glorificá-los ou caluniá-los.

Mas a única coisa que não pode fazer é ignorá-los.

Porque eles mudam as coisas.

Empurram a raça humana para a frente.

E enquanto alguns os veem como loucos, nós vemo-los como geniais.

Porque as pessoas suficientemente loucas para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.