UM NOVO ESPAÇO NOS AÇORES (S MIGUEL)

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Game On é o primeiro salão de jogos de vídeo e de tabuleiro com snack-bar lançado por um casal de canadianos a viver em São Miguel
Correio dos Açores – O que vos trouxe aos Açores?
Steve DelZotto – Queríamos constituir família e procurávamos um lugar diferente, mais descontraído. Viemos aos Açores de férias e adoramos. Decidimos mudar-nos. Estamos cá há quatro anos.
Em que trabalhavam no Canadá?
A Danna é designer gráfica, por isso é que o espaço é tão diferente e criativo. Ela desenhou o mural. Eu já fiz um bocado de tudo. Tenho experiência com jogos, atendimento ao cliente, cozinha. Toda essa experiência juntou-se para moldar o Game On no que é agora.
Há algo parecido a este espaço no Canadá?
Sim. Este é um conceito popular no Canadá e nos Estados Unidos da América, um café com jogos de tabuleiro. É já um modelo de negócio muito bem-sucedido na América no Norte, na Inglaterra, países europeus, no Japão. É muito popular. As pessoas adoram comer, beber e jogar. Queríamos trazer esta ideia de negócio para a ilha, porque quando nos mudamos para cá sentimos falta de um lugar para jogarmos com amigos e queríamos criar essa experiência aqui.
Era algo que faltava cá?
Sim, não havia nenhum lugar para jogar e encontrarmo-nos com os nossos amigos. Quando nos mudamos, apesar de ser descontraído, senti falta de ter um espaço deste género. Queixava-me disso até que a minha mulher disse: “faz tu próprio.” Esse foi o momento em que a luz se acendeu e eu disse que o faria. Aqui estamos, dois anos depois de começar a pensar no conceito do Game On. Durante um ano, fomos conceitualizando e passando pela burocracia. Depois, estivemos um ano em construção. Agora o espaço está pronto a abrir, só estamos à espera de mais um certificado do Governo. Podemos abrir assim que tivermos esse documento.
Sempre adorei videojogos, cresci com isso. Quando era criança tinha uma Nintendo, um Gameboy. Passei a maior parte da minha infância a jogar videojogos. Também joguei jogos de tabuleiro, mas interessei-me mais por eles com a Danna. Fomos a um café com jogos de tabuleiro, e jogamos um jogo chamado “Splendor”, que me abriu os olhos para o mundo dos jogos de tabuleiro e ensinou-me que havia mais do que o “Monopólio” e o “Scrabble”, que havia mais para ser explorado. O nosso amor por estes jogos cresceu, experimentamos mais tornou-se neste sonho de algum dia abrirmos o nosso próprio espaço. Ambos adoramos jogar. No Canadá, juntávamo-nos com amigos, jogávamos, fazíamos comida. O Game On pareceu tão natural porque eu já fazia isto com os meus amigos e pensamos partilhar isto com todos.
Quem quiser pode vir para cá passar o dia?
Absolutamente. Se alguém quiser vir quando abrimos e ir embora quando fechamos, divirtam-se, joguem o dia todo. Estamos abertos a isso.
Podem jogar qualquer jogo que tenham aqui?
Sim, temos videojogos na Playstation e Nintendo Switch e jogos de tabuleiro. Podem trazer os seus próprios jogos, se quiserem. Podem usar o espaço como quiserem. Temos uma ênfase maior nos jogos cooperativos e locais. Temos cerca de 250 jogos de tabuleiro, e mais de 100 videojogos. A nossa biblioteca vai continuar a crescer e à medida que recebermos o feedback dos clientes, vamos adicionar mais jogos. Alguns são da nossa colecção pessoal. Também temos uma grande selecção de jogos para crianças. Investimos em mais jogos para o café, tentamos encontrar jogos populares e abranger vários géneros para todos os gostos e agradar a todos as comunidades gaming.
Este edifício estava desprezado.
Sim, estava em ruínas. Há 10 anos era uma pastelaria ou um café, ou algo parecido, antes de me mudar para cá. Algumas pessoas disseram-me que quando andavam na escola costumavam vir cá. Depois ficou abandonado e em ruínas. Estava destruído, com buracos no tecto. Tivemos de fazer uma restauração em todo o edifício e acho que ficou muito giro. A Danna é designer gráfica e projectou tudo, então todas estas cores, formas e desenhos são ideias dela.
Com quantos colaboradores vão contar?
Temos 10 colaboradores. Temos anfitriões, baristas, e cozinheiros. Os anfitriões vão ensinar as pessoas a jogar jogos. Se alguém vier e não souber jogar ou não estiver por dentro do assunto, os anfitriões podem recomendar alguns jogos e ensiná-los a jogar. Temos um grupo fantástico de baristas que fazem cafés, batidos, smoothies, chás. Temos cozinheiros que fazem gelados, sandes…
As mesas de madeira foram criadas pela associação A.R.R.I.S.CA. …
Sim. O engraçado é que elas têm um compartimento em baixo para quando a comida chegar, guardarem os jogos aí em baixo e poderem comer em cima da mesa. Também para colocar as caixas dos jogos. Esta parte das mesas é bastante útil para jogar jogos de tabuleiro. São personalizadas e construídas pela A.R.R.I.S.C.A. Estou muito satisfeito com o trabalho deles. Também fizeram o bar. É tudo feito com pinho branco, muito resistente. Precisávamos de mesas pesadas porque quando se joga não gostamos que as peças caiam. São resistentes, personalizadas e muito boas para se jogar.
Que dificuldades encontraram para começar o vosso negócio?
Muitas. Foi um processo muito difícil para abrir este espaço. Como disse, durou dois anos. No primeiro ano foi apenas burocracia, e foi um pesadelo. Depois, no segundo ano, a parte da construção, que agora finalizamos, foi ainda pior do que a outra. A construção na ilha é vagarosa, é difícil. Às vezes as pessoas não querem aparecer. Acaba tudo por se atrasar. Não foi fácil conseguir fazer isto. Com toda a burocracia, levou-nos um ano para sequer podermos tocar no edifício, porque tivemos de conseguir toda a certificação no que toca à arquitectura, à engenharia. Foi um processo difícil. Tivemos de lutar. Estes dois anos colocaram-nos em baixo. Foi muito penoso. Houve muitos problemas que tivemos de ultrapassar. Não falamos português, por isso tivemos de recorrer a pessoas para nos ajudarem com a burocracia para certificarmos que fazíamos tudo o que era necessário e que respeitávamos o espaço. Tivemos muita ajuda para chegarmos onde chegamos hoje. Nos últimos dois anos subimos uma montanha, com muita dificuldade.
Para quando a abertura?
Espero que para a próxima semana, 1 de Agosto.
Que expectativas têm agora?
Quero abrir o espaço e partilhar o meu amor pelos jogos com a ilha. Tivemos uma recepção muito boa. Muitas pessoas passam aqui à frente e ficam entusiasmadas para entrar. O feedback tem sido incrivelmente positivo. Parece que todos adoram o conceito. Assim que abrirmos, acho que vamos ter um óptimo acolhimento. Quem não gosta de jogar?
Estão à espera de receber tanto turistas como locais?
Acho que teremos um ‘mix’ saudável entre turistas e locais. De certeza que os residentes vão gostar muito, mas os turistas vão ver isto, e se alguma vez já estiveram num espaço como este, tenho a certeza de que vão ficar entusiasmados de entrar também.
Mariana Rovoredo, Correio dos Açores
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