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Um açoriano de peso
(in revista Macau)
Arriaga da Silveira
Nasceu nas Angustias em 22/03/1776 e faleceu em 13/12/1824 em Macau. Descendente de uma das mais ilustres famílias portuguesas das Ilhas, Miguel José d’Arriaga da Silveira, teve como primeiro ascendente açoriano João d’Arriaga.
João d’Arriaga era filho de outro João d’Arriaga (Jean D’Arriague natural de Baiona, França, casado com a faialense dos Flamengos, Catarina Brum da Silveira) e neto de Salvador d’ Arriaga, fidalgo espanhol e da Sra. Heribaron, da Casa francesa de Berrendi.
Os Arriaga, da família tradicional açoriana, deram a Portugal inúmeros homens ilustres, como o primeiro presidente da República Portuguesa, Manuel José d’ Arriaga Brum da Silveira e o político de carreira, bacharel em Leis, Provedor da Fazenda e Alcaide-mor da Horta, Miguel José d’Arriaga da Silveira. Amigo da família real portuguesa e da imperial brasileira teve uma filha (D. Maria da Glória Vicência de Paula Arriaga Brum da Silveira) afilhada de D. Maria I e de D. Pedro I do Brasil (IV, de Portugal).
Miguel José d’Arriaga da Silveira era um espírito empreendedor. Nascido nas Angustias (cidade da Horta, Ilha do Faial, Arquipélago dos Açores), formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Fora da ilha onde nasceu, foi Juiz do Crime em Lisboa, Desembargador da Relação das Índias e Ouvidor Geral de Macau. Personalidade inquieta, ativa, desempenhava todas as atribuições de Ouvidor com afinco e presteza. Em Macau, superintendia a Fazenda, a instrução religiosa e laica, as áreas administrativa, militar e da Justiça. Ilustrado e dinâmico, era como afirma o historiador faialense Marcelino Lima; “um pequeno rei”. Dentre os seus empreendimentos:
– Fundou uma escola real de pilotagem, uma fábrica de pólvora, um colégio para missionários, uma casa de seguros, criou um batalhão provincial de infantaria, aboliu o imposto das sisas, revogou a distinção vexatória entre os súditos do mesmo Estado, desenvolveu o comércio marítimo, estimulou o estudo do Português entre os macaístas, encaminhou chineses para a Universidade de Coimbra, estabeleceu carreiras diretas entre Macau e Brasil, isentando de direitos aduaneiros os produtos macauenses, fomentou a emigração de chineses para o Brasil, com o intuito de promover ali a cultura do chá (Arquivo dos Açores vol. XI 403). Com Ele Macau cresceu e floresceu, como nunca. A cidade enriqueceu e se enfeitou com belos edifícios. A diplomacia decidiu as divergências e as disputas. Famosa foi a intervenção apaziguadora do Ouvidor entre os ingleses e os chineses, quando estes se sentiram ameaçados pela esquadra britânica que aportara em Macau. Arriaga mediou habilmente o conflito (1808). Angariou respeito junto aos Mandarins quando, à custa própria e dos cofres do Estado, na contramão dos interesses portugueses, limpou os mares da costa dos piratas chineses (Tigres dos Mares). Atitude paradoxal que angariou confiança dos chineses. A todos procurava ajudar. Por muitos era estimado, por alguns potentados da Índia, invejado. Intrigas e manobras políticas fizeram com que se demitisse. Mais tarde, o rei D. João VI, seu simpatizante, reconhecendo as injustiças, atende os pedidos dos chineses para que Miguel José d’Arraiga volte a Macau. Mas a doença já lhe abatera a força e o animo. Com comoção pública, morre na cidade que governou em 13/12/1824 aquele que mereceu com toda a justiça o cognome de “ O Pombal de Macau”, pelos benefícios e desenvolvimento que trouxe à colônia portuguesa do Oriente.
Dados e referências bibliográficas:
Genealogia das Quatro ilhas ( Jorge Forjaz e Antônio Ornelas Mendes)
Famílias Faialenses (Marcelino Lima)
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 02/10/12
fonte; www.uaisites.adm.br/images/umacoriano.dot