Turismo, viagens, restauração, escassez de géneros, custo de vida

Turismo, viagens, restauração, escassez de géneros, custo de vida

Há uma série de factores que se estão a conjugar no sentido de criar um cenário nada favorável à economia dos Açores nos próximos tempos. Para além do coronavírus, que nos obriga a mudar de hábitos, a decisão dos EUA em proibir viagens para aquele país é um rude golpe para os Açores, pela relação que temos com a América, um rombo para as contas da SATA, que tem naquela operação uma das rotas mais lucrativas, e ainda por cima a greve dos estivadores em Lisboa, que já está a provocar a escassez de bens nas lojas.

A proibição de voos entre os Estados Unidos da América e a União Europeia por causa do surto de coronavírus durante um mês poderá afectar cerca de 24 voos da Azores Airlines, se somarmos os seis voos semanais com aquele país.

O “Diário dos Açores” sabe que, durante o dia de ontem, as autoridades americanos e portuguesas estavam a tentar saber como se iria efectuar o regresso de algumas centenas de americanos e luso-americanos naturalizados nos EUA, que se encontram nos Açores e no resto do país.

A decisão de Trump não abrange os cidadãos americanos, pelo que poderá haver uma janela de excepção, no sentido de transportar os cidadãos americanos.

Para a TAP representa cerca de 200 voos, porque conta com 49 voos semanais para os EUA.

Recorde-se que o presidente norte-americano anunciou a decisão de proibir voos entre os EUA e a Europa a partir de hoje, sexta-feira, durante 30 dias para tentar conter o surto de coronavírus no seu país, que conta com 38 mortos e mais de 1.300 casos de infecção.

O mercado americano foi o que mais cresceu nos Açores nestes últimos anos, figurando já como o segundo principal mercado emissor, depois da Alemanha.

O crescimento da TAP no mercado norte-americano também tem sido uma forte aposta da TAP.

Nos Estados Unidos da América, a companhia aérea manteve a sua forte expansão em 2019, crescendo de seis para nove rotas com o lançamento de operações em Chicago, Washington, e São Francisco. Adicionalmente, as frequências entre o Porto e Nova Iorque (Newark) aumentaram”, segundo o relatório da TAP relativo a 2019.

“Com estas alterações, número de voos semanais para os Estados Unidos cresceu para 49 (aumento de 63%), reforçando a relevância deste mercado para a TAP. As rotas para a América do Norte agora pesam 14% nas receitas totais de passageiros comparando com menos de 6% em 2015”, pode-se ler no documento.

Esta decisão dos EUA poderá representar um rude golpe no turismo açoriano (ler entrevista com Mário Fortuna na página seguinte), com reflexos também na restauração e no alojamento local.

Greve dos estivadores agrava

Por causa do coronavírus já é possível assistir a uma pequena corrida às compras, para açambarcamento, nos supermercados de S. Miguel. Por enquanto não há escassez de bens essenciais, mas o facto de estar a ocorrer a greve dos estivadores em Lisboa, também está a prejudicar a vinda de bens.

Mais grave é o facto de a Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL) admitir não ter condições para satisfazer os serviços mínimos decretados pelo Governo, durante esta nova greve dos estivadores, devido à insolvência que atravessa e à saída de trabalhadores.

Esta situação poderá provocar constrangimentos na operação de transporte marítimo de mercadorias, sobretudo para o arquipélago dos Açores, que actualmente não tem transporte alternativo para carga, a não ser o navio.

Daí que já algumas entidades e partidos da oposição estejam a propor uma requisição civil, mas o governo, até ao momento, não se pronunciou, dizendo apenas que “está atento”.

jornal@diariodosacores.pt

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