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OPINIÃO
TURISMO INTERNO PRECISA-SE
Passada a pandemia e entrados no tempo depois disso, eis que estas ilhas e o Mundo voltam a ter enxames de turistas a “andar por aí”.
É bonito ver gente e passear, a perguntar, a mexericar a querer saber.
É bonito ver pequenos negócios a aparecer para dar resposta a quem precisa.
É bonito ver as estradas a ser arranjadas, as bermas a serem limpas, as zonas de lazer bonitas para estar.
Anoto isto porque, a juntar à ideia de que as ilhas se mostram limpas, muito mais limpas que outros lugares do mundo, a quem nos visita, é bom que quem aqui mora e vive, todo o ano, saiba disso e dessa opinião e tenha conhecimento de como as coisas se passam.
Isso devia fazer a diferença e diferença positiva, no entanto acontece menos do que devia e, penso eu, temos, todos, de pensar e procurar soluções.
Por um lado, há aquele sentimento de que o mundo se divide em coisas para turistas e coisas para a gente da terra, por outro há um hábito, entranhado e sociologicamente conhecido, de que, quando somos turistas temos curiosidade, quando não somos, passamos ao largo.
Os modos como se ensina e se dão a conhecer as coisas a quem nos visita precisa de constante formação e informação, mas acontece e, mesmo com fantasias e tudo é bonito ver como, quem sai, foi – digamos – elucidado sobre a terra que nós habitamos, a sua geografia, as plantas e paisagens, o casario e as actividades que constituem a diversidade cultural das nossas comunidades.
Mesmo que pouco interessados, pelo simples facto de terem andado “por aí” os visitantes levam impressões da terra que, de modo consciente ou inconsciente, comparam com o seu viver, lá onde passam o resto do ano, seja longe ou perto. Eles, os visitantes, ficaram mais cultos e mais capazes…
E nós, os que aqui moramos, ficamos como?
Talvez até seja preferível escrever “continuamos como”?
Talvez até seja preferível escrever “continuamos como”?
Já aqui escrevi, mas regresso ao assunto, perguntando quantos de nós, os que nos designamos por açorianos, conhecem, sem ser em salto de pulga, mais que uma ilha, a sua, se é que a conhecem minimamente, porventura.
Divirtam-se um bocadinho, bastam cinco minutos, a pensar quantos, da família ou em volta de vocês, conhecem – vamos lá, minimamente – mais de três ilhas, quatro ou cinco? A percentagem pode ser interessante, de início, mas, depois de três, acredito que cai, e muito.
Tenho por quase certo que menos de 10% dos moradores habituais destas ilhas conhecem e já dormiram em todas elas, daí a pergunta que vos deixo aqui e já: como é que nos podemos atrever a ter opinião, a votar, a opinar, a querer decidir sobre os Açores, sobre o progresso dos Açores, sobre que caminho para os Açores? Se não conhecemos?
Entretanto, a grande maioria dos tais turistas, que anda “por aí”, quando regressa a casa sai melhor habilitado, o que me parece bom para eles, mas mau para a nossa realidade habitante e produtiva insular.
Daí o título, que não pretende ter resposta simples.
Precisamos, todos, fomentar o turismo interno, de modo multifacetado, virtual ou real !
Precisamos, todos, fomentar o turismo interno, de modo multifacetado, virtual ou real !
Afinal esta é a nossa terra e nós não podemos ser desconhecedores.
- FRANCISCO MADURO-DIAS
in, Diário Insular, 22 de Julho / 2023
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