tudo igual como em 2012

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O ÚLTIMO VERÃO – 24 JUL. 2012, CRÓNICA 119

A Islândia ensinou que é preferível deixar os credores perder investimentos especulativos a reduzir pensões, benefícios sociais e caos na sociedade. Em vez de salvar bancos, deixou-os falir de forma controlada, salvando a economia. Não creio que surjam líderes capazes de se oporem à oligarquia do lucro na América, com agendas secretas de aniquilar a Europa e salvaguardar o dólar. Os EUA mais falidos que a Europa, a dívida nas mãos dos chineses.

A Europa, envelhecida arrisca ficar deserta de europeus. A ministra dos direitos da mulher em Marrocos (23 jul. 2012) disse que “não há motivo para se preocuparem com as violações das mulheres e o casamento abaixo da idade por que isso não são problemas da sociedade marroquina.” Nem nos apoquentemos por estarem na Idade Média, ao apedrejarem uma mulher até à morte no Afeganistão, por adultério, que se veio provar não existir. Devemos calar e respeitar.

Almeida Garrett em “Viagens na Minha Terra” perguntava aos economistas se “calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico, cada um custa centos de infelizes, de miseráveis.” Claro que não, nem sabem da sua existência, algarismos desgarrados, sem família nem existência, casas decimais nas folhas de cálculo de lucro. Aqui ao lado, sem sabermos, nem vermos, nem ouvirmos, famílias que eram pilares da comunidade morrem asfixiadas na miséria, pobreza e humilhação…A terceira guerra (sem tiros nem tanques nem aviões) é mais impiedosa que a depressão de 1929, mas nem por isso menos mortífera. E o povo, licenciado com canudo, tratamento por doutor, assiste refugiado numa telenovela. As elites não lideram, nem os militares. A revolução está fora de questão. Nem acreditem em referendos que funcionam bem no papel, mas na prática não. Se tiverem idade respeitável, emigrar está fora de questão e alternativas são poucas…