Tomás Quental Abaixo a nova “Koltura”

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Abaixo a nova “Koltura”!!!
Danificar grosseiramente o velho adro de uma vetusta Igreja é “koltura”, porque Cultura não pode ser. São pedras de basalto talhadas manualmente com séculos de história, que dizem muito a crentes e não crentes, porque o que está em causa não é só religião, é também património, de resto oficialmente classificado.
O argumento de que as pedras estavam danificadas pelo tempo e tinham que ser substituídas não colhe: há técnicas próprias e especializadas para corrigir e tratar essas situações.
O que diriam dessa lamentável situação os ilustres e saudosos historiadores micaelenses Luiz Bernardo Leite de Athayde, João Bernardo de Oliveira Rodrigues, Luciano de Resende Mota Vieira e Hugo Moreira? Todos eles dedicaram-se ao estudo e à investigação respeitante ao Convento e à Igreja de Nossa Senhora da Esperança, assim como ao culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Cheguei a ver fiéis ajoelhados a beijarem as velhas pedras do adro dessa Igreja antes de nela entrarem. Isso diz muito do que está em causa. A falta de sensibilidade grassa cada vez mais na terra açoriana. A moda do “bonitinho” não combina com a defesa do património, seja ele qual for, como tão bem dizia outro ilustre e saudoso historiador micaelense, Jorge de Melo Gamboa de Vasconcelos.
Se a secular imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres surgir de cabelo pintado de loiro, com os olhos azuis e de barba rapada, não se admirem, porque, pelos vistos, já tudo é possível, dentro da nova “Koltura”, promovida e consentida por agentes, a vários níveis, da vida pública micaelense e açoriana.
Por mim, digo: abaixo a nova “Koltura”!!! Ao que se havia de chegar na terra açoriana, em que valores patrimoniais arquitectónicos são esquartejados como quem corta uma melancia. Não!!! Isso não poderá repetir-se!!!
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João Pacheco de Melo

Como diz o povo: estamos entregues aos bichos!