O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores defendeu a extinção do cargo de Representante da República, ao intervir na sessão solene comemorativa dos 45 anos do parlamento regional.

Não é matéria nova, bem pelo contrário. É uma função institucional que pode, de facto, ser repensada.

Mas penso que o presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, que é um homem sensato, devia antes falar do próprio parlamento regional e das suas insuficiências.

O funcionamento da Assembleia Legislativa dos Açores custa muito dinheiro à Região Autónoma, sem que se veja serviço à altura. Basta lembrar que na última legislatura, em quatro anos, os deputados não apresentaram, como estava previsto, qualquer trabalho sobre a revisão e melhoramento do sistema autonómico regional. Então como é? Depois existem deputados que durante toda a legislatura entram mudos e saem calados. Estão lá a fazer o quê? Há deputados talvez muito bons como funcionários partidários mas que são maus parlamentares e que sem ser através dos partidos nunca chegariam a tal função. Temos visto deputados que se servem apenas da Assembleia Legislativa para adquirirem currículo para mais altos “voos” políticos. E há deputados que claramente não possuem preparação académica e politica para o exercício da função.

Mas, pelos vistos, a preocupação maior do presidente da Assembleia Legislativa dos Açores é com a existência do cargo de Representante da República, que, como disse, pode ser repensado. Mas eu preferiria que o presidente da Assembleia Legislativa repensasse antes o próprio funcionamento do parlamento açoriano e apresentasse propostas para o seu melhoramento.