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Petrolífera Woodside regista perdas de valor no projeto Greater Sunrise no Mar de Timor

Díli, 15 jul 2020 (Lusa) – A petrolífera australiana Woodside registou imparidades de 170 milhões de dólares (149 milhões de euros) no projeto de Greater Sunrise, onde Timor-Leste tem uma participação maioritária, num quadro de redução do valor de todos os ativos.
Em comunicado, a empresa indicou que as imparidades totais em todas as áreas de negócio atingem, antes de impostos, os 5,27 mil milhões de dólares (4,61 mil milhões de euros), abrangendo os ativos de petróleo e gás na Austrália Ocidental, instalações de gás natural liquefeito (GNL) e licenças de exploração.
Esse valor total, que desce para 3,92 mil milhões de dólares (3,44 mil milhões de euros) depois de impostos, abrange imparidades de 2,76 mil milhões de dólares (2,42 mil milhões de euros) em ativos de petróleo e gás e 1,16 mil milhões (mil milhões de euros) em ativos de exploração e avaliação, incluindo o Greater Sunrise.
No caso deste projeto, em que a petrolífera timorense Timor Gap tem uma participação maioritária e de que faz parte ainda a Osaka Gas, a Woodside apontou como motores da imparidade o “aumento da incerteza das condições regulatórias, questões fiscais e o conceito de desenvolvimento”.
A imparidade é uma redução permanente do valor do ativo de uma empresa, calculado com base nos rendimentos esperados comparados com o valor contabilístico atual.
Se for determinado que o valor contabilístico do ativo excede o fluxo de caixa futuro ou o benefício do ativo, a diferença entre os dois é amortizada e o valor do ativo diminui no balanço da empresa.
O projeto do Greater Sunrise constitui o maior investimento de sempre do Governo timorense, que já utilizou 650 milhões de dólares (570 milhões de euros) do fundo petrolífero para comprar a participação maioritária no consórcio que vai realizar o componente de ‘upstream’ do projeto.
As estimativas iniciais da Timor Gap antecipavam que o desenvolvimento do projeto teria custos de capital até 12 mil milhões de dólares norte-americanos (cerca de 11 mil milhões de euros).
A previsão otimista, baseada num preço por barril de cerca de 60 dólares (53 euros), era de um retorno financeiro que podia alcançar os 28 mil milhões de dólares (24,5 mil milhões de euros).
Nos pressupostos divulgados esta semana a Woodside disse esperar que os preços por barril caiam até 35 dólares (30,1 euros) este ano, subam para 44 dólares (38,6 euros) no próximo e continuem a aumentar até 65 dólares (57 euros) em 2025.
Timor-Leste adquiriu a participação no quadro das negociações das fronteiras marítimas permanentes com a Austrália, apostando no desenvolvimento do setor petrolífero centrado, em particular, na costa sul.
Tanto o tratado das fronteiras marítimas como o projeto de Greater Sunrise foram encabeçados pelo ex-Presidente timorense Xanana Gusmão que, na sexta-feira, se demitiu como representante do Governo para as fronteiras marítimas com a Austrália e para o desenvolvimento do projeto dos poços de Greater Sunrise.
Na carta de demissão enviada ao primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, Xanana Gusmão referiu a decisão de exoneração de Francisco Monteiro como presidente da Timor Gap e a substituição pelo ex-“número dois” Antonio Loiola de Sousa.
O Governo explicou que a alteração na liderança da petrolífera timorense Timor Gap, aprovada esta semana, pretende conseguir uma gestão mais eficiente, eficaz e alinhada com a “nova visão estratégica” do executivo para o setor petrolífero.
O Governo ainda não divulgou os pormenores da nova estratégia, antecipando-se a possibilidade de mais alterações noutras estruturas ligadas ao setor.

ASP // EJ
Lusa/Fim

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