timor 1973 e o desaparecimento misterioso do navio Arbiru

  1. Jose Manuel Leal Pires
    8 hrs ·
    Estou-me a tornar um grande “ladrão ” informatico.
    Com a devida vênia transcrevo esta excelente narrativa de um dos casos mais misteriosos de Timor da autoria do meu Amigo Tito Duarte.
    “Hoje, 28 de Abril,vou dedicar o meu post ao José Rocha, e à sua meia irmã, Telvira Dores.
    Na manhã do dia 28 de abril de 1973, partiu de DÍLI o navio “O Arbiru”,

construido nos estaleiros de Aveiro, propriedade do governo de Timor, destinado à cabotagem, sob o comando de José da Rocha Dores. Ia com destino a Bangkok e, além da tripulação, levava alguns passageiros, entre eles a esposa do capitão – Rosentina Napoleao, mais conhecida por Babo – e mais três senhoras: a esposa do comandante dos portos – Pacheco Medeiros – a do gerente do BNU e a de um major Viegas, algarvio.
Menos de 24 horas depois, o navio deixou de comunicar, o que não era de estranhar, pois já acontecera anteriormente. Porem, passados os doze dias, calculados para chegarem à capital da Tailandia, nada aconteceu. Passado que foi algum tempo, iniciaram-se as buscas, quer pelos nossos dois aviões “Dove”, quer por alguns países da área. Alguns dias depois, soube-se que havia um sobrevivente – Paulo do Rosário -,timorense, resgatado do mar por uma corcora Indonésia e levado para a ilha dasFlores. Pouco se soube do que ele relatou e, embora o chefe dos Serviços Meteorológicos – dr. Manuel da Costa Alves – ter pedido, ao Centro Meteórico de Darwin, cópias das cartas meteorológicas e das imagens obtidas por satélite, daquela zona, que provavam a evidência clara a confirmar o diagnóstico, formulado pelos colegas australianos de ” que um pequeno e intenso ciclone tropical” justamente na posição indicada pelo marinheiro sobrevivente, “provava a existência de uma banda nebulosa com curvatura ciclonica perto do centro de perturbação e que pode ter originado uma tromba d’água, que é, nem mais nem menos, um tornado no mar..” O governador, inexplicavelmente, com a colaboração da pide DGS, não ligou importância ao diagnóstico daquele técnico, o deixou dialogar com o náufrago), nem à afirmação do comandante dos portos, nem à minha – que, então chefiava os Serviços das Alfândegas – de que o navio não tinha carregado qualquer mercadoria… nada !
Com que propósito preferiram que se espalhasse o boato – que ainda hoje parece perdurar – de que o navio tinha sido atacado por piratas, ou pela Frelimo (incrível!!!), ou de transportar armas, devido a um misterioso negócio militar, de armas.
Passados todos estes anos, penso que o propósito, de ocultar toda a verdade, terá terá sido para não terem que pagar indemnizações, ou multas, pois o “Arbiru” destinava-se à cabotagem, por conseguinte ao longo da costa, e não a viagens de “longo curso “. Várias vezes já fora a Singapura, a Bangkok, a Hong-kong, ou a Fremantle, na Austrália.
Estarei perto ou longe da verdade ? Os conhecedores do assunto, já quase todos desapareceram.
Vou postar algumas fotos, infelizmente não tenho nenhuma do comandante, José da Rocha Dores, e as que tenho da esposa, também não são de grande qualidade.
É o que posso, amiga Telvira e amigo José Rocha.”

  1. foi isto que escrevi na altura no livro Timor Leste o dossier secreto 1973-1975 ed contemporânea e disponível em
    https://www.lusofonias.net/component/joomdoc/textos-escolhidos/timorleste/timor-leste-o-dossier-secreto-1973-1975-vol-1-da-trilogia/download.html

IV) MAIO
Em maio assiste-se a um novo mistério típico de Timor26, quando o navio Arbirú deixa Dili dia 28 rumo a Hong Kong, Macau e Banguecoque e subitamente desaparece dos mares sem deixar vestígios. Com a cooperação internacional, extensas buscas são feitas pelas marinhas da Indonésia, Filipinas e Malásia mas sem resultados! Umas semanas mais tarde, um único sobrevivente é recolhido em circunstâncias pouco críveis. Como sobreviveu no alto mar, infestado por tubarões e sem alimentos, permanecerá para sempre um mistério. Depois de chegar a Dili descreve com implausível detalhe as suas experiências de náufrago, deixando mais perguntas sem resposta do que aquilo a que responde. As conjeturas, então feitas, merecem apenas um vago comunicado oficial. Embora se tratasse de um cargueiro, naquela viagem transportava cerca de vinte passageiros civis, na sua maioria mulheres de oficiais do exército e senhora da alta sociedade local.
Depois de inquirido localmente, o sobrevivente foi transferido para Lisboa para mais interrogatórios. Desconheço se alguma vez regressou a Timor. Dois anos mais tarde, começaram a surgir rumores de que alguns viúvos estariam a receber mensagens das esposas desaparecidas, mas nenhum deles estava disposto a discutir o assunto ou especular sobre o mesmo. Outro tabu!

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