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18.21. PAROLICE AÇORIANA EM 3 ATOS, CRÓNICA 279 – 13.8.19
Há esta parolice açoriana de dar nomes estrangeiros (quase todos em inglês) a projetos, festas, etc., hoje vi um novo “CREACTIVITY?” na Lagoa. No Google não surge resultado algum para creACTivity)… e como bilingue que sou entendi a ideia “criativa” mas poupem-me, escrevam na língua oficial e deixem-se de parolices saloias de novos-ricos falidos… Escrever em inglês não é sinónimo de sofisticação ou classe, mas parolice… Atlantis Cup, Azores Today, Azores Burning Summer, Festival Folk Azores, Azores Triangle Adventure, SpotAzores, Walk & Talk Azores, Epic Trail Azores, Eco-Beach Resort, Azores Geopark, Azores Greenmark, Azores Trail Run, Lava Homes, Hotel Neat, Pink House Azores, Cow House, Lagoa Azores SUP Day, Lagoa promove Birdwatching, e tantos mais … Muitos, se fossem apresentados na versão bilingue eu até compreendia…como chamariz turístico, oh yeah! You know?
Há mais exemplos da dita parolice açoriana, no campo das festas anuais. São contratados para abrilhantarem musicalmente os eventos. Não consegui contabilizar os muitos milhares de euros que voam em cada verão para pagar a “artistas continentais,” alguns de qualidade dúbia e outros sobrevalorizados. Com honrosas exceções, quase todos em animação de festas paroquiais ou municipais, e sem a qualidade dos artistas locais (sejam cantantes, bandas, filarmónicas). Claro que os de fora cobram cachês de mais de dez mil euros cada e os da terra – quando não atuam graciosamente – cobram tuta e meia. Assim tem sido há muitos anos. Recordo que na Lomba da Maia no ano de 2013 contrataram o Quim Barreiros por 17 mil euros em vésperas de eleições para a Junta de Freguesia, a terrinha decuplicou a população por umas horas e os resultados das eleições foram os opostos ao pretendido.
Depois quando vierem as chuvas, desabamentos, inundações, ou outras obras necessárias quer as Juntas como as Câmara Municipais todos se vão queixar da falta de verbas. Ainda há não muito tempo houve um artista na capital do norte da ilha de S Miguel que parece ter cobrado 150 (mil) mais 55 mil euros da receita. Ao subirem ao palco já o dinheiro tilinta na conta enquanto os locais ficam tempos infindos à espera de serem pagos. Assim se fazem festas e festarolas com o erário público, dilapidando recursos numa manifestação de panem et circensis, tal como em Roma no século I da nossa era.
Outro exemplo da parolice acontece com o turismo, que tem levado o governo regional a abrir novos e maiores parques de estacionamento para os senhores turistas, prejudicando o equilíbrio ecológico e defenestrando paisagens para apaziguar a necessidade do bicho careta turista estacionar. Em tempos, sugerimos para os locais mais emblemáticos da ilha onde se verificava tal necessidade, que fossem criadas carreiras de minibus, preferencialmente ecológicos, em vez de criar parques enormes de estacionamento. Por exemplo na Lagoa do Fogo, iriam nas horas de maior afluxo de meia em meia hora, parando (por ex.º em pontos fixos) na Lagoa, Ponta Delgada e Ribeira Grande. Podia ser cobrada uma quantia (simbólica ou não) e o trânsito fluiria melhor (os carros dos turistas estacionariam em locais designados nas três cidades). O mesmo na Vista do Rei para evitar a imagem de carros estacionados dos dois lados da rodovia e mal se passando no espaço remanescente. Aqui, o minibus turístico podia partir de Ponta Delgada, subir à Vista do Rei, descer às Sete idades com paragens nas lagoas e regressar pela Covoada, aliviando os constrangimentos de trânsito.
E como amo os Açores não falarei de mais parolices hoje…