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SHANE MACGOWEN (1957 – 30 de Novembro 2023 )
Mas quem é que gostava de Shane MacGowen e dos The Pogues? Eu gostava, imenso! Há tantos anos…
A melhor voz de bagaço de sempre. Chamar voz de bagaço, já é uma forma simpática de classificar aquele tom. A bem dizer, a melhor voz de todo o álcool do mundo e de tudo o que a doença, o vício, a dependência, a maldição arrasta consigo. Toda a imagem mais drástica e mais cruel que alguém, ainda por cima alguém exposto ao mundo artístico, pode apresentar. E não direi apenas a imagem física – porque essa ainda é o menos – mas a imagem mental, essa soberana imagem da filosofia do “estoumenastintismo” que não é para toda a gente.
Shane MacGowen personificou e desempenhou com a maior consciência possível essa imagem badalhoca, mas verdadeira, … é assim e?, eu quero é escrever músicas e cantar, gostam, gostam, não gostam, paciência…
Não estou a glorificar o tipo de personalidade sujeita a semelhantes desgraças.
Afundado, mergulhado, agarrado às suas bóias de salvação terrena – álcool e drogas duras – compôs música e poemas inesquecíveis.
O poeta e compositor nascido em Inglaterra, filho de pais irlandeses, o autor de “Fairy Tale of New York” essa simplicidade lírica convertida em música ou “Dirty Old Town”, a que mais vezes ouvi e a que mais gosto. Não tem nada de especial, é uma musiquita para se ouvir ao longe, muito ao longe quando caminhamos por uma vereda, dessas mais silenciosas que têm as densidades verdes das florestas a crescer. Ouve-se e pensa-se «que fácil, eu faria melhor…» mas não.
Cada um faz as suas coisinhas. Shane MacGowen, cá ficas na minha floresta.
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Joao Pedro Ruivo
Que texto extraordinário minha prima!!!
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Cristina Carvalho
Joao Pedro Ruivo Meu primo, deixo-te já aqui o convite para o meu novo livro. Muito obrigada, meu querido primo, pela tua apreciação a este meu texto.