se é para fechar, fechem POIARES MADURO

Views: 0

Miguel Poiares Maduro

Tenho recebido vários pedidos para falar da situação em Itália. Tenho resistido por entender que este é um momento para ouvir (e seguir os especialistas). Deixo apenas um conselho às autoridades portuguesas retirado da experiência em Itália e que diz respeito não às questões de saúde pública mas de comunicação pública.
Medidas híbridas que não transmitam uma mensagem clara quanto ao comportamento a ter pelos cidadãos não cumprem qualquer finalidade útil. Durante as primeiras semanas em Itália tomaram-se medidas como as portuguesas ao mesmo tempo que outros responsáveis públicos passavam uma ideia de normalidade (com receio do pânico). Resultado, fecharam-se escolas e os alunos iam para os bares ou festas… Decretou-se quarentena nalgumas localidades e outras tornavam os museus gratuitos para combater a perda de turistas…
O comportamento dos cidadãos só mudou verdadeiramente quando o PM começou o discurso dizendo que a mensagem era: fiquem em casa!
É aos responsáveis de saúde que compete definir o risco é o que deve ser feito para o combater. Se a decisão for a de limitar ao máximo os contactos entre pessoas tem de se ser plenamente consequente com isso. Se for isso que se pretende é isso que tem de ser dito claramente.Tomando medidas para assegurar o funcionamento de certas atividades fundamentais etc. Mas encerrar umas atividades sem encerrar outras que vão produzir o mesmo efeito e sem transmitir essa mensagem clara não vai funcionar. Vai apenas transferir o risco de uns locais para outros, de uma forma de socialização para outra forma de socialização.