Sazonalidade e presença de turistas

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Sazonalidade e presença de turistas
Preço do peixe já está em valores antes da pandemia
A venda de pescado em lota nos Açores registou um aumento médio de 24%, entre Junho e Julho deste ano, revela o Diário Insular com base em dados da Lotaçor.
Tendo em conta a análise dos volumes de pescado transaccionado nas lotas açorianas nos meses de Junho e Julho deste ano (kg, valor e preço médio), verifica- se um aumento global de 24% do preço médio por quilo na totalidade do pesca- do comercializado em lota, que passou de 4,70 para 5,81 euros/kg.
De acordo com a Presidente da Lotaçor, Catarina Martins, “de Junho para Julho, verifica-se também que o valor de primeira venda das dez espécies mais valorizadas nos meses em análise foi, respetivamente, de 36% e 49% do valor total do pescado comercializado em lota, apesar dessas espécies constituírem apenas 10 e 15% do peso total”.
Venda em lota isenta de taxas
No entanto, Catarina Martins realça que, em Junho e Julho, a venda de pescado esteve isenta de taxas de lota devido à pandemia da Covid-19.
Em situações normais, as lotas regionais cobram uma taxa de 4% aos armadores e 4% aos compradores de pescado.
Adianta que os dados sobre as transacções de pescado na lota “não incluem a indústria conserveira e aquele vendido por contratos de abastecimento directo, para não distorcer a análise pretendida”.
As dez espécies comercializadas em lota que alcançaram maior valor médio de preço na primeira venda em e julho nos Açores foram a lagosta a 39,85 euros/kg (+ 12% do que em Junho), imperador a 36,98 euros/kg (+ 8%), goraz a 27,01 euros/kg (+ 63%), rocaz a 19,79 euros/kg (+ 23%), peixe-galo a 18,39 euros/kg (+ 16%), cherne a 17,97 euros/ kg (+ 17%), salmonete a 15,85 euros/kg (+ 22%), pargo 14,85 euros/kg (+ 24%), peixão a 13,29 euros/kg (+ 22%) e o lírio a 11,99 euros/kg (+ 15%).
A lagosta, apesar de ter atingido os preços médios mais elevados, constitui apenas 0,2% do peso total e 0,11% do valor de todo o pescado comercializado nas lotas da Região.
Quase 3 milhões de euros em 10 espécies
Já o goraz tem maior representatividade, com 4,5% do peso e 18% dos valores totais, o mesmo acontecendo com o imperador, com 0,68% do peso e 4,69% do valor e com o cherne que representa 1,86% do peso e 6,04% dos valores registados na Região.
No passado mês de Julho, foram capturados 506 407,632 quilos dessas dez espécies nos mares açorianos e que corresponderam a um valor global de venda em lota de 2,9 milhões de euros.
Por outro lado, Catarina Martins realça que “no que respeita a algumas espécies mais valorizadas, cujos preços por quilo foram veiculados na comunicação social na semana passada, convém esclarecer que pontualmente as vendas atingiram preços acima do preço médio, no entanto, para quantidades muito reduzidas.”
Nesse âmbito, a Presidente da Lotaçores aponta como exemplos os preços médios mais elevados registados nas lotas açorianas durante o passado mês de julho.
Lota da Praia da Graciosa (27 de julho), 150 kg de boca negra, tamanho 1, grau de frescura E, 12,08 euros/kg; Ponta Delgada (29 de Julho), 45 kg de Írio/lírio, tamanho 1, grau de frescura A, 17,50 euros/kg; São Mateus (30 de Julho), 158 kg de peixão, tamanho 1, grau de frescura E, 19,44 euros/kg; São Mateus (26 de Julho), 18 kg de pargo, tamanho 2, grau de frescura E, 22,23 euros/ kg; Praia da Graciosa (24 de Julho), 105 kg de goraz, tamanho 1, grau de frescura E, 30,39 euros/kg; Ponta Delgada (30 de Julho), 104 kg de cherne, tamanho 5, grau de frescura E, 26,03 euros/kg e Ponta Delgada (30 de Julho), 150 kg de imperador, tamanho 1, grau de frescura E, 42,80 euros/kg foram a que registaram valores mais elevados.
“Como se pode constatar, as quantidades de pescado que atingiram os preços médios mais elevados são diminutas no cômputo geral e nem sempre os valores que vêm a público correspondem ao preço médio para a espécie ou para o conjunto de espécies numa determinada data.
É necessário analisar todo o conjunto de informação para se chegar a conclusões mais consentâneas com a realidade”, realça Catarina Martins.
Horta com maior aumento
Apesar disso, os dados oficiais apontam para aumento dos preços de venda
de peixe em lota de junho para julho deste ano.
A lota que maior aumento registou no preço médio foi a da Horta, de 6,68 para 12,17 euros/kg, um aumento de 82%, seguindo-se a da Praia da Graciosa que viu os preços médios aumentarem de 9,10 para 15,19 euros/kg, o que se traduz num incremento de 67%.
Na maior lota dos Açores, a de Ponta Delgada, verificou um aumento de 23% nos preços médios, que subiram de 3,68 para 4,51 euros/kg, o que traduz mais a tendência a nível regional, pois aquela infraestrutura vendeu no período em análise 58% do peso e 45,2% do valor total do pescado comercializado nas lotas de Região nos meses de junho e julho deste ano.
Valores próximos de 2019
Depois de em 2020 ter havido uma quebra nas capturas de pescado nos Açores devido à situação relacionada com a pandemia da covid-19, os dados da Lotaçor de junho e julho apontam para uma recuperação que coloca o setor próximo dos valores que se registaram nos mesmos meses de 2019.
“Constatamos que é normal o preço médio subir entre junho e julho, como se comprova pelos dados dos três anos em análise e que em julho de 2021 o preço médio por quilograma em lota (5,81 euros) está a aproximar-se do ano pré-pandemia (5,96 euros)”, defende Catarina Martins.
Em junho de 2019 foram transacionados nas lotas açorianas um total de 639 406,49 kg de pescado com um valor de venda de 3,2 milhões de euros, sendo o preço médio por quilo de 5,10 euros.
Em junho 2020, foram capturados 441 544,982 kg que representaram uma receita de 2,1 milhões de euros e o preço médio foi de 4,77 euros.
Em junho de 2020, o montante das capturas atingiu os 595 482,262 kg que foram transacionadas em lota por 2,7 milhões de euros a um preço médio de 4,70 euros.
No que se refere a Julho de 2019, foram transacionados nas lotas açorianas 420 954,642 kg de pescado que corresponderam a um valor de venda de 2,5 milhões de euros, sendo o preço médio por quilo de 5,96 euros.
Em Julho de 2021, foram capturados 596 485,113 kg que representaram uma receita de 3,1 milhões de euros e o preço médio de 5,25 euros.
No passado mês de Julho (2021), o montante das capturas atingiu os 506 407,632 kg que foram transaccionadas em lota por 2,9 milhões de euros a um preço médio de 5,81 euros.
A formação de preços do pescado
A lei da oferta e da procura determina a formação dos preços na venda de pescador nas lotas e no mercado, assegura a presidente da Lotaçor, Catarina Martins.
“Para a formação do preço, funciona em primeiro lugar a lei da oferta e da procura. Fatores como as condições meteorológicas dos dias anteriores, o grau de frescura e o tamanho do pescado, a situação dos mercados de exportação, a abundância dos stocks, a apetência do mercado para o consumir, a época turística (alta ou baixa), influenciam, diariamente, a formação do valor do pescado na primeira venda”, realça.
Catarina Martins adianta que ”a tudo isto, acresce depois o conjunto de outros fatores ao longo da cadeia da comercialização que contribuem para o estabelecimento do preço pago pelo consumidor final”.
No entanto, os pescadores e armadores açorianos têm expressado o seu descontentamento pelo facto dos rendi- mentos da pesca serem baixos, tendo em conta a diferença de preços entre a lota e o consumidor final.
As espécies mais valorizadas destinam-se quase todas aos mercados de exportação, onde o peixe atinge valores considerados altos para a bolsa da maioria dos açorianos, conclui o Diário Insular.
(Diário dos Açores de 29/08/2021)
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