Conheço uns senhores que são parentes de família minha que têm uma casinha em S. Lourenço e pediram autorização, aquando da reconstrução dessa casa , para levantarem 30 cm porque o pé direito era muito baixo. Não autorizaram porque ia contra o espírito do articulado no diploma da Paisagem Protegida. Esses senhores para não baterem com a cabeça no teto, até porque ainda por cima são altos, escavaram os ditos centímetros na rocha onde assenta a casa.

Entretanto, aqui há uns dias, para espanto meu, vejo uma casa de uma pessoa minha conhecida a ser levantada cerca de 80 cm pelo menos e foi autorizado. Tudo feito na maior e “pretensa” discrição para que houvesse poucas possibilidades de haver olhares curiosos e cheios de espanto como os meus . No próximo verão a dona e familiares terão a casinha pronta e bonitinha e quase ninguém reparou neste “ milagre” tipo multiplicação dos pães e dos peixes mas, neste caso, será dos centímetros.

Entretanto, os fenómenos da construção de casas na discrição do inverno continua. Casas que tapam as casas dos vizinhos de tal forma que ficam parcial ou quase totalmente sem vistas para o mar em que a licença de construção foi autorizada parece, e digo parece porque não tenho a certeza, aquando da venda do terreno de uma instituição de carácter social. Não entendo onde aqui se enquadra a Reserva de Paisagem Protegida .

Continuando neste tema “sobejamente aliciante” há junto dum fontanário de 1914, já em estado muito degradado, tendo havido naquele local um acontecimento trágico que deveria ser respeitado nem que fosse só por isso, está uma casa em reconstrução e aproveitando essa “reconstrução” o do dono fez mais umas “coisinhas”atrás da casa que tapam parcialmente,a vista do mar,do vizinho detrás. Ainda não pintaram a casinha “ portuguesa concerteza” porque parece que o dito vizinho detrás não está a gostar nada do assunto.

Todas estas casinhas têm sido “arranjadinhas” “feitinhas” ao abrigo duma pretensa discrição não parecendo que a descrição do que está no diploma de Área Protegida contemple essa discrição manhosa e sem pudor de certa gente.

Finalmente, e continuando no capítulo das casas, na Ponta Negra para espanto de muita gente em que me incluo eu, está a ser feita a reconstrução de uma casa velha que eu conheci,desde sempre,como uma casa velha com um só piso e já venho a S. Lourenço há cerca de 70 anos. A casa agora tem dois pisos e a justificação dada é que o artigo em que está registada tinha dois pisos e como tal, a Área Protegida engoliu e calou . Se a minha mãe ainda fosse viva,como notária que foi em Vila do Porto,perguntava-lhe sobre esse registo, o original claro está

Antes de continuar esta prosa e de mesmo a concluir quero acrescentar o seguinte:

1. Nada me move contra as pessoas que estão fazendo estas “obrazinhas” e reconstruções. Atiraram o “barro à parede” e colou, lamentavelmente

2. S. Lourenço está sem plano nenhum de construção há já uns anos o que leva a que uma baía bonita que era já não o é e, como o disse um meu conhecido com toda a propriedade, mais parece em certas zonas uma favela do Rio de Janeiro em betão armado.

3. S. Lourenço corre o risco de lhe acontecer o que há dias houve nos Mosteiros em S. Miguel, no ano passado na Povoação também em S. Miguel e em cerca de 1914 no lugar do fontanário que atrás vos falei não esquecendo aqui há dois anos em S. Lourenço /Santa Bárbara e que eu presenciei.

Trombas de água com chuva muito intensa, derrocadas de terras por deslizamento levando tudo à sua frente, casas, carros e muito pior vidas.Esses fenómenos são tão mais gravosos quanto mais as terras estiverem sem adequadas vias de escoamento de águas e muito impermeabilizadas como acontece em S. Lourenço e mais acontecerá se não pararem de fazer asneiras.

4. Muitas das pessoas que me estão a ler incluindo eu possivelmente,não vão mais poder subir as escadas em casas que foram feitas a esmo sem um plano director e de futuro porque ou já morreram, ou já não conseguem mexer-se e todas essas casas, eventualmente, serão os netos que as subirão se entenderem que vir ao “ paraíso” que já está a deixar de ser vale a pena .