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URBANO BETTENCOURT | VIAGENS
‘Sala de espelhos’, assim se chama o recente livro de ensaios de Urbano Bettencourt, é uma magnífica viagem, dentro de quatro paredes (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, as literaturas das ilhas atlânticas); e por entre muitos e diversos e belos espelhos dos seus escritores, com natural predomínio dos açorianos (“o ser ilhéu… e salvar-se pelos livros”).
Por essas imagens/textos/ensaios passam livros e autores, literaturas e história literária. E corre a pena ágil, clara e vigorosa (bem humorada, também) do ensaísta e do poeta, e este ‘sentir’ poeta é importante no moldar de cada ensaio – e reflete o seu ‘exquis’ olhar sobre escritores e obras. E nos fazem partilhar dele, numa conversa a três.
Os espelhos têm nomes, e cito alguns: Nemésio, Raul Brandão, Pedro da Silveira, Natália, Antero, Cortes Rodrigues, Zerbone, Dias de Melo, Manuel Ferreira, Martins Garcia, Manuel Lopes, Santos Barros, João de Melo, Joel Neto. E até “os bandos de Entrudo na Piedade” aparecem no final para animar ainda mais este festim de literaturas.
Magnífica viagem, então, esta ‘Sala de espelhos’. Um roteiro que, conforme Urbano Bettencourt nos diz, “longe de ser uma história literária, é muito simplesmente a análise de autores e textos particulares, mas sem perder de vista o seu contexto, as condições em que lhe foi possível existir, ganhar visibilidade e a realização plena no contacto com o leitor”. Vale a pena este abraço.
(A editora ‘Companhia das Ilhas’, um milagre de qualidade, iniciou a publicação da obra completa deste professor universitário, ensaísta e poeta. E envia também o livro por encomenda direta, de forma rápida).
