S MIGUEL OUTROS TEMPOS OUTRAS ERAS

OUTROS TEMPOS – OUTRAS ERAS
Tive a sorte de ter nascido e crescido em S. Miguel … Fui criado durante um tempo em que quase todos se tratavam com respeito.
Nossa principal alimentação consistia de peixe que naquele tempo era a comida dos pobres, comíamos também sopas de leite que consistia em esmigalhar pão de milho numa tigela e em algumas ocasiões misturava-se rodelas de banana quando havia, em outras ocasiões comíamos sanduíches de quejo e manteiga, ou até mesmo de atum e se havia um doce para sobremêsa só em dias de festa principalmente pelo Natal ou Ano Novo.
Comer em restaurantes era impossivel devido aos seus preços proibitivos para os pobres e era considerado um prazer que não estava ao nosso alcance. Bebíamos água da fonte ou chá e de vêz em quando um refrigerante feito em casa que minha avó preparava com esmero.
Cresci num tempo em que havia um máximo respeito não apenas pelos pais mas também por todos os outros membros da família e quando nos cruzavamos com algum deles era obrigatório beijar a palma da mão do familiar e pedir que nos desse sua benção que por sua vêz respondiam: “Deus te abençoie”.
Os nossos professores, bem como autoridades religiosas e civis eram também nossos educadores e quando praticavamos alguma maldade a que alguns chamavam de patifaria, geralmente de menor importãncia, qualquer um deles nos podia castigar e se essa maldade chegava ao conhecimento dos nossos pais eramos mais uma vêz castigados e isto nunca foi chamado de abuso infantil mas sim meios disciplinãrios.
A televisão estava ainda na sua infãncia e mesmo assim era apenas a prêto e branco com muitas faúlhas e os mais pobres iam a casa de vizinhos mais abastados e assim poderem ver programas televisivos que achavamos um entretenimento fabuloso, no entanto nunca perdemos o gosto pelo rádio que aos domingos era dominado pelos homens da família para ouvirem os relatos de futebol e quando a nossa equipa favorita metia um golo os gritos de alegria podiam ser ouvidos até ao fim da rua.
O passa tempo favorito dos rapazes além do futebol era jogar ao berlinde
O objetivo deste jogo é ganhar o maior número de berlindes aos adversários após fazer a tarefa de entrar nos três buracos do jogo.
Inicia-se o jogo, fazendo uma cova num campo de terra (espaço exterior) ou um círculo desenhado numa superfície plana (chão de casa, passeio, etc.). Em seguida, os jogadores fazem um lançamento de berlinde, tentando aproximar-se o mais possível da cova ou círculo. Todos os berlindes têm de chegar à cova ou círculo e só depois de terem passado por esta(e) é que podem tentar eliminar os adversários, tentando acertar nos seus berlindes.
Quando o jogador é eliminado, se o seu berlinde tiver sido atingido, aguarda que o jogo termine e só depois pode iniciar uma nova jogada. Caso o jogador acerte, ganha um ponto e continua a jogar, mas, desta vez, contra o berlinde do jogador adversário para o afastar da cova e impedir que ele acerte. Caso consiga, volta a jogar para dentro da cova ou círculo, e assim sucessivamente, até falhar uma delas: a cova/círculo ou o berlinde do adversário.
De seguida, joga o outro jogador, segundo as mesmas regras. A experiência é repetida até X pontos (a definir entre os jogadores) e ganha o que atingir este valor primeiro.
Por outro lado as meninas brincavam à roda “O lencinho vai na mão e ainda não caiu no chão” que consistia as jogadoras formavam uma roda dando as mãos e uma das meninas corre em volta da roda com o lenço na mão dizendo “O lencinho vain a mão e ainda não caiu no chão” e num determinado momento a menina larga o lenço atrás de outra menina e quando esta se aperceber que tem o lenço atrás de si deve começar a correr em volta da roda na tentative de a apanhar antes desta entrar na roda e se esta for apanhada deve ir para o meio da roda e aí ficar até terminar o jogo.
Há ainda muitos mais jogos tais como: “Cabra Cega, Moeda, Pião” e muitos outros que já nem me record deles, mas todos eles jogos simples que entretinham a juventude de forma sádia e feliz.
Ah, santos tempos que já lá vão e se recordar é viver, então hoje vivo do passado mas pensando no futuro.
António Teixeira – Fall River
26 comments
3 shares
Like

Comment
Share
26 comments
View previous comments
All comments