Rui Martins | O Salmo de Vasco Cordeiro

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Rui Martins | O Salmo de Vasco Cordeiro

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No último fim-de-semana de Maio, decorreu na cidade da Horta o conclave do Partido Socialista dos Açores, que serviu para re-entronizarVasco Cordeiro como condestável.

E digo condestável, por um lado, porque é o primeiro dignitário, o chefe do exército, mas, por outro lado e curiosamente, por ser aqueleque nas grandes solenidades se colocava à direita do trono real, neste caso, Carlos César.

Em contraste com o espírito geral que desbordou do conclave, na sessão de encerramento, Vasco Cordeiro surgiu exaltante, e ao melhor estilo evangélico, deu início ao salmo!

“Nós temos a responsabilidade histórica de não deixar os Açores ficarem para trás, é isso que faremos com a confiança dos açorianos, nós temos a responsabilidade histórica de levar os Açores para a frente!”

Pelo meio, e de forma proverbial, lá relatou os avanços da Região, fazendo o paralelismo de dados actuais, face há vinte e quatro anos atrás. Esqueceu-se de referir que encontrou uma região sem Facebook, e que a deixava com mais redes sociais. Também não falou nos “smartphones” que não existiam e que agora toda a gente utiliza.

Obviamente, não fez o paralelismo entre os indicadores regionais, com os nacionais ou europeus, que continuamos a pretender alcançar, e que nem os mais de 1000 milhões de euros/ano em fundos comunitários aplicados na Região nos 24 anos de governação socialista, nos permitiram fazer essa convergência.

Obviamente também, nenhum dos fiéis presentes no conclave repetiu a frase principal do salmo. Talvez por falta de hábito, ou, eventualmente, falta de ânimo.

No entanto, e pese a letargia de muitos fiéis, “o melhor PS” (a expressão é de Vasco Cordeiro), está de volta. Não sei se foi a ida de Francisco César e de Sérgio Ávila para Lisboa que fez o feito…

De qualquer modo, de um congresso que se esperava profético, não saiu mais nada que o rol, já proverbial,de “malfeito fora se não tivesse a Região progredido qualquer coisa…”

De Lisboa veio a inflamada exaltação de que o Governo Socialista da República vai cumprir, escrupulosamente, a Lei de Finanças Regionais. Ora, no ano em que a verba a transferir é inferior à do ano transacto, poderia neste particular, ao invés, trazer alguma boa notícia, nomeadamente que a transferência de verbas, este ano, seria pelo menos igual à do ano anterior.

Para lá do estribilho “o PS precisa de poder, o PS precisa de poder”, ainda apareceu Carlos César a dizer que era preciso moralizar as nomeações e acabar com perseguições na administração pública… permito-me à camaradagem: -“Eh pá, todos menos tu Carlos!”

Assim, permitam-me a aliteração do salmo, mas “o Partido Socialista tem a responsabilidade histórica de não ter levado os Açores mais à frente, e enquanto perdurar a memória do povo açoriano, o Partido Socialista tem a responsabilidade histórica pelo que deixou ficar para trás.”

Ámen.