RTP E AÇORES

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OLHAR EM FRENTE
O que diz Nicolau Santos – O Presidente do Conselho de Administração da RTP, Nicolau Santos, no colóquio sobre o “Futuro do serviço público de rádio e televisão”, organizado pela Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação da Assembleia da República, em resposta a uma pergunta do Deputado Paulo Moniz sobre a necessidade de correspondentes da rádio e televisão pública em todas as ilhas, respondeu que tal não era possível, comparando os Açores ao distrito de Braga. A resposta de Nicolau Santos só é importante porque se trata do dirigente máximo da estação pública de rádio e televisão, responsável pelo serviço público nos Açores e Madeira, e que faz uma afirmação bem reveladora do velho espírito centralista que, 45 anos depois da instituição da autonomia regional, ainda faz escola no poder central, na Administração Pública do Estado e nas empresas integradas no sector público do Estado. A comparação é sempre a mesma e os argumentos repetem-se ao longo da história: a pequenez das ilhas, a escassa dimensão populacional, os custos associados à prestação de serviços públicos, em contraponto com os grandes ou médios distritos. Por eles – estes centralistas modernos, iguais a todos os centralistas – ainda estaríamos sob o jugo de um Governador Civil, sem direito a escolhermos um parlamento representativo do povo açoriano e a termos um Governo Regional, politicamente responsável perante o parlamento, no fundo, sem autogoverno.
A declaração do Dr. Nicolau Santos não é uma simples infelicidade discurso, mas uma atitude consciente de quem, enquanto Presidente da RTP, não compreende a natureza e a importância do serviço público de rádio e televisão – como se comprovou nestes tempos de pandemia, se prova fosse necessário fazer – para a coesão nacional, que significa coesão entre todas as parcelas do território, a começar pelas ilhas. Para ele o serviço público prestado nas Regiões Autónomas será uma extravagância.
As eleições autárquicas – No dia 26 de Setembro, os açorianos são chamados às urnas, pela terceira vez em tempo de pandemia, agora para a eleição das autarquias locais, o poder sempre mais próximo das populações. A singularidade destas eleições é que o povo – sempre com sabedoria – faz escolhas em função de cada uma das candidaturas e não a pensar nas eleições regionais ou nacionais. Estas eleições não são uma segunda volta das eleições regionais: nem para o PS que gostaria de fazer delas um plebiscito à liderança de Vasco Cordeiro, transformando um eventual bom resultado numa censura ao Governo Regional, nem para o PSD que gostaria de confirmar um crescimento eleitoral e consolidar os resultados das eleições regionais. O PSD – sozinho ou em coligação eleitoral com os seus parceiros de coligação governamental – tem condições para consolidar o seu poder autárquico – a começar por Ponta Delgada, em que apresenta um excelente candidato – e conquistar autarquias locais ao PS, em várias ilhas. O PS tem tudo a perder e o PSD tem tudo a ganhar nestas eleições. A interpretação dos resultados eleitorais só pode ser feita autarquia a autarquia, sem extrapolações regionais, que são sempre forçadas e pouco rigorosas.
Uns dias sem escrever – Serei candidato a Presidente da Assembleia de Freguesia do Livramento, nas próximas eleições. Por esse motivo e no respeito pela imparcialidade no tratamento das diversas candidaturas que o Açoriano Oriental sempre observou, deixarei de escrever nesta coluna até ao dia 26 de Setembro. Regressarei nas primícias do Outono.
(Publicado a 28 de Julho de 2021, no Açoriano Oriental)
Telmo R. Nunes, José Manuel Leal and 14 others
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  • Célio Teves

    Caro Pedro Gomes, existe um trabalho sobre o Serviço Público de televisão, no qual participei e está disponível na net, em que demonstra que a coleta da taxa da RTP nos Açores, financia um Serviço completo de televisão pública nos Açores.
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    • 16 h
    • Pedro Gomes

      Célio Teves, creio que não conheço esse trabalho. Vou procurá-lo. Obrigado pela indicação.

      Um abraço
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      • 15 h
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