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Richard Zimler and Richard Zimler shared a link.

Quase ninguém em Portugal percebe alguma coisa da história dos judeus portugueses. Irrita-me imenso. E gente importante continua a divulgar fantasias e erros. Exemplo: Pedro Bacelar de Vasconcelos é uma óptima pessoa e muito competente professional mas o artigo que escreveu ontem no JN revela erros graves e básicas. E dá uma visão completamente errada da Inquisição. Entre outras coisas, escreve: “Aquando da partida de Vasco da Gama para as Índias, o rei Manuel I, o Venturoso, expulsou a comunidade judaica de Portugal, perseguida e torturada pelos agentes do Santo Ofício.”
1) O rei Manuel I NUNCA EXULSOU OS JUDEUS!!! Emitiu um edito de expulsão em Dezembro de 1496, dando um prazo para eles vender tudo e sair do reinado. Mas muito antes do prazo, em Março de 1497, fechou os portos e mandou converter todos os judeus à força. Só em Lisboa 20.000 judeus foram presos e fechados nos terrenos do Palácio de Estaus e baptizados à força. Quem lutou contra isso foi morto e as suas crianças dadas a outras pessoas. Daí 99,9% aceitou a conversão. Repito: Os judeus nunca foram explusos de Portugal. Quase ninguém saiu. Daí, falar de “judeus expulsos” é absurda. Não faz sentido nenhum. 99,9% dos judeus foram convertidos ao cristianismo (contra a sua vontade!).
2) A conversão resultou na criação de uma nova classe em Portugal: O Cristão Novo. (ou Converso ou, mais tarde, o Marrano). A diferença entre um Judeu e um Cristão Novo é importantíssimo. Porquê….? O Santo Ofícou não tinha poder nenhum sobre judeus assumidos (não baptizados). Zero! Mas tinha todo o poder sobre Cristãos Novos . Qualquer Cristão Novo suspeito de praticar judaismo em casa ou de frequentar uma sinogoga clandestina podia ser preso e torturado. Mas a Inquisição só começou em 1536, 39 anos depois da Grande Conversão.
3) Os Cristãos Novos que queriam continuar a praticar o judaismo tentavam tudo para emigrar nas próximas decadas e secúlos. Daí, a diaspora judaica e a presença da comunidades de judeus portugueses em Istambul, Salonica, etc…. (Mais uma vez, NÃO FORAM EXPULSOS, fugiram.) As vagas de emigração começaram já em 1497. Nesta altura não havia “agentes do Santo Ofício”. Porquê? Porque o Santo Ofício só começou em Portugal em 1536, 39 anos mais tarde).
4) A Inquisição nunca converteu ninguém. Porquê? Já todos os judeus tinham sido convertidos em 1497! O propósito da Inquisação não era converter os judeus, era prender os Cristãos Novos (e outros que tinham sido suspeitos de heresia e denunciados) e força-los a confessar as suas heresias. Os Inquisidores tentavam forçar as suas vítimas a identificar outras pessoas praticando judaismo (ou bruxaria ou islão, etc…). Daí, famílias inteiras foram destruidas entre 1536 e o fim do século 18.
Agradecia que divulgasse, pois estamos em 2020 e acho que deviamos finalmente conhecer a nossa história judaica-portuguesa. Se desejar saber mais, pode ler o meu artigo. Lamento que não tenho em português.Quase ninguém em Portugal percebe alguma coisa da história dos judeus portugueses. Irrita-me imenso. E gente importante continua a divulgar fantasias e erros. Exemplo: Pedro Bacelar de Vasconcelos é uma óptima pessoa e muito competente professional mas o artigo que escreveu ontem no JN revela erros graves e básicas. E dá uma visão completamente errada da Inquisição. Entre outras coisas, escreve: “Aquando da partida de Vasco da Gama para as Índias, o rei Manuel I, o Venturoso,…