requiem por áfrica

 

Carlos Fino

 

Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching and violence, executions, and tribal slaughtering, all taking place on the African continent.

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Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching…
Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching and violence, executions, and tribal slaughtering, all taking place on the African continent.

3h ·

REQUIEM POR ÁFRICA
Escreve Miguel Castelo Branco a propósito de Africa Addio (1966):

Para evocar a desgraça de África, o mais terrível documentário jamais produzido

A 1960 foi dado o nome de the Year of Africa, posto nesse ano terem sido elevados à independência dezasseis novos estados. Passaram 60 anos e a África não cumpriu a esperança antes proclamada em 1957 por Kwame Nkrumah, o homem que recebeu do Reino Unido a Costa do Ouro, então a mais rica sociedade da costa da Guiné, para logo lhe mudar o nome para Gana.

Ao invés do Gana irradiar o anunciado renascimento africano, depressa mergulhou numa sucessão de desastres políticos e económicos motivados pela cega prepotência e amadorismo da execrável como errática governação do novo tirano.

Ao Gana sucederam-se os desastres da Guiné Conakri de Sékou Touré, da Guiné Equatorial de Francisco Macias Nguema, do Uganda de Idi Amin, do Zaire de Mobutu Sese Seko, da Libéria de Charles Taylor, do Zimbabwe de Robert Mugabe.

Fomes bíblicas, epidemias incontroláveis e guerras de extermínio, de que a do Biafra foi pálido anúncio, mais a falência generalizada da administração, da assistência médica e daquelas funções primárias que legitimam a existência do Estado, promoveram um neo-colonialismo brutal de modelo asteca, fundado na aliança entre elites locais armadas, rapinadoras e vorazes, e uma rede de multanacionais que em nada se distinguem no modus operandi do chamado Estado Livre do Congo durante o reinado de terror de Leopoldo II.

A África de hoje conta com uma trintena de estados falhados, apenas reconhecidos por conveniência e hipocrisia da chamada comunidade internacional, havendo até casos extremos de estados que deixaram de poder reunir uma só das características usualmente requeridas para a reconhecimento internacional, para além, claro, de uma bandeira e de um hino. Ausência de lei e de ordem, violência incontrolável, inexistência de Justiça, clima de guerra civil em parte ou na totalidade do território, permanente conflitualidade étnica, religiosa e linguística, deterioração ou mesmo inexistência de infraestruturas básicas, corrupção e confusão entre a riqueza do território e interesses de partido ou parentela dos detentores do poder, este será o quadro actual africano, com excepção do Senegal, da Etiópia, ainda da África do Sul, de Cabo-Verde, do Quénia e do Botswana.

Quando foi realizado o Africa Addio, em 1966, a quase todos surgia como evidente que algo de muito inquietante se avolumava no horizonte desse belo, sensual, grandioso e úbere continente que foi o berço da humanidade. Então, contra Portugal se mobilizava toda a cegueira e má vontade. Não foi necessária uma década para que sobre Angola, e logo Moçambique e Guiné caíssem as desgraças do África, adeus: um milhão de mortos em Moçambique, outro milhão em Angola, a corrupção desenfreada da parentela dos Santos, mais o secessionismo no norte de Moçambique, as guerras civis e a narcocracia em Bissau. Será necessário acrescentar algo mais? Bom documentário …
Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching and violence, executions, and tribal slaughtering, all taking place on the African continent.
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Africa Blood and Guts 1966 (Africa Addio)
Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching…
Genre: Documentary IMDB: (1966) The cruel acts of animal poaching and violence, executions, and tribal slaughtering, all taking place on the African continent.
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Chrys Chrystello
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Viriato Porto
Viriato Porto Carlos Fino

Este documentário de 1966 é um filme nojento, desonesto e racista. Calunia um continente e a dignidade de quem luta pela descolonização. Por isso, é um filme que faz as delícias dos retornados com espírito vingativo e ressabiado e os saudosistas do colonialismo.

Para quem quiser ler a crítica arrasadora do filme, consultar o texto que o crítico de cinema norte-americano Roger Ebert lhe dedicou

https://www.rogerebert.com/reviews/africa-addio-1967

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Armando Gonçalves de Assunção
Armando Gonçalves de Assunção Esta matança tantas vezes escondida: https://www.publico.pt/…/desaparecidos-angola-1929721
Os “desaparecidos” de Angola
publico.pt
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