Views: 2
Chamava-se Martinho e foi um dos primeiros Reis de Portugal. Mas ninguém o conhece nem consta nos livros de história com esse nome. Sabe de quem falamos?
Fonte: Rei D. Martinho I: o Rei português que não aparece nos livros de história | VortexMag
Rei D. Martinho I: o Rei português que não aparece nos livros de história
Chamava-se Martinho e foi um dos primeiros Reis de Portugal. Mas ninguém o conhece nem consta nos livros de história com esse nome. Sabe de quem falamos?
Àaltura do seu nascimento, D. Sancho I não estava destinado a ser o segundo rei de Portugal. A prová-lo, está o facto de ter sido baptizado com o nome de Martinho, por ter nascido a 11 de Novembro. Martinho era, no entanto, um nome sem tradição entre os reis hispânicos. E, passado algum tempo (de seis meses a um ano), mudaram-lhe o nome para Sancho.
Porquê uma história tão atribulada, tendo como protagonista o sucessor de D. Afonso Henriques?
Na verdade, no dia de São Martinho de 1154, nasceu, não o primogénito, mas o segundo filho (legítimo) do primeiro monarca português. Destinado a ser o segundo rei de Portugal estava o seu irmão Henrique, que, na altura, tinha já sete anos.
Era este o primogénito, a quem D. Afonso Henriques, note-se, deu o nome de seu pai. E o facto de ter dado o nome de Martinho ao menino nascido naquele dia indica que talvez o destinasse à carreira eclesiástica. Se Martinho não era nome para rei, seria adequado para um clérigo.
No ano seguinte, porém, talvez no Verão, dá-se uma reviravolta nos acontecimentos: o infante D. Henrique morre, com apenas oito anos de idade. Apesar de a mortalidade infantil ser alta, naquela altura, sou de opinião de que Afonso Henriques terá sofrido um grande golpe.
Devemos considerar que, além de perder um filho, Afonso Henriques viu destruído o seu sonho de o seu sucessor ter o nome do pai. Além disso, ele próprio já não era novo. Ia a caminho dos cinquenta, a esperança de vida não era longa (ninguém podia adivinhar que ele passaria os setenta) e, de repente, o seu sucessor não passava de uma criança de colo.
E havia a questão do nome. Porquê Sancho?
Afonso Henriques sentiu que devia dar o nome do herdeiro do avô ao filho: Sancho! Era, acima de tudo, um nome cheio de tradição nas casas reais hispânicas. A partir daquele dia, deixou de existir o infante Martinho. O príncipe herdeiro de Portugal chamava-se Sancho!
Biografia de D. Sancho I
D. Sancho I de Portugal (11-11-1154 a 26-03-1211), quarto filho de Afonso Henriques, sucedeu o seu pai no trono, tornando-se assim no segundo Rei de Portugal. No entanto, a sua coroação acaba apenas por acontecer devido à morte prematura do seu irmão mais velho e legítimo aspirante ao trono. Até então D. Sancho respondia pelo nome de Martinho e a mudança ocorre precisamente quando se posiciona como herdeiro do trono de Portugal, posição que o obriga a adoptar uma onomástica com um nome mais hispânico.
Pela sua acção governativa, D. Sancho I conquistou o cognome de “O Povoador” pelo estímulo que deu ao povoamento de locais remotos do reino, nomeadamente na actual zona de Trás-os-Montes e da Beira Interior, região onde chegou mesmo a fundar a cidade da Guarda em 1199.
Ao longo do seu reinado, Sancho I dedicou grande parte do seu esforço a organizar administrativa e financeiramente o reino, apostando na criação de indústrias e no desenvolvimento da classe média de comerciantes e mercadores.
Para a história ficou o tesouro que conseguiu amealhar durante o seu reinado, criando assim as condições para que o jovem reino de Portugal pudesse caminhar firme no sentido da sua afirmação. Militarmente centrou as suas atenções na luta contra os mouros, dando por terminada a guerra transfronteiriça pela região da Galiza que o seu pai tinha iniciado.
A partir de Coimbra, liderou o seu exército nos avanços para o Sul de Portugal, tendo mesmo chegado a alcançar sucessos consideráveis como a conquista de Silves, naquele tempo uma cidade com mais de 20 mil habitantes e de uma importância vital. Fruto destas acções passou a intitular-se Rei de Portugal e dos Algarves.
Esta vitória seria, no entanto, efémera já que a cidade de Silves, bem como outros territórios conquistados por essa altura, viriam a ser perdidos de novo para os exércitos árabes, muito por culpa do contínuo assédio feito às fronteiras do reino pelo Rei de Leão e Castela que continuava a não querer aceitar a independência de Portugal.
D. Sancho via-se obrigado a dividir as suas forças nestas duas frentes militares, o que lhe limitou sempre os avanços territoriais que pretendia para o reino. Num plano mais pessoal, D. Sancho I ficou também conhecido pelo gosto que nutria pelas artes e pela literatura, tendo mesmo chegado a deixar publicados vários livros de poemas da sua autoria e a patrocinar a ida de estudantes portugueses para várias universidades estrangeiras.
O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do túmulo do seu pai, Afonso Henriques. Foi sucedido no trono por Afonso II, seu filho.
Fonte: Andanças Medievais