regionalismos de Portugal de José Ferreira

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Idiossincrasias vocabulares…. 😜
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O apanhado de expressões que bem demonstram alguns regionalismos de Portugal é de autoria de José Ferreira;
“Há grandes diferenças no vocabulário frequentemente usado em diferentes cidades portuguesas. Sendo verdade que todos falarmos a mesma língua, há particularidades preciosas, quer no Porto, quer em Lisboa (quer noutras cidades portuguesas).
Existem idiossincrasias que são reveladoras de diferentes formas de ser e de estar. Alguns regionalismos demonstram que se pode ser muito diferente vivendo no mesmo país. No entanto, importa destacar o mais importante: por muitas diferenças que nos separem, há muito mais a unir-nos. Apesar das diferenças, todos nos compreendemos, falamos a mesma língua e amamos o mesmo país.
Sapatilhas (no Porto) vs Ténis (em Lisboa)
No calçado, existem diferenças significativas no glossário do Norte quando se compara com o glossário sulista. Este é um dos desafios norte-sul ou Porto-Lisboa que frequentemente origina discussões bem-humoradas.
Quem se desloca a uma loja do norte vindo do Sul deve pedir umas sapatilhas. Já os nortenhos que se desloquem ao sul têm de recorrer ao termo mais corrente na região: ténis, como o desporto.
Tacões (no Porto) vs Saltos (em Lisboa)
Ainda no universo do calçado, existem mais diferenças de vocabulário que confirmam que entre Porto e Lisboa há palavras bem distintas para identificar as mesmas coisas. Uma das que podemos identificar descobre-se no momento da compra de uns sapatos ou de umas botas.
Quando não se pretende alçado raso, deve-se decidir o comprimento dos tacões (quando se está no Porto) ou dos saltos (quando se está em Lisboa) de uns sapatos ou de umas botas. Boas compras!
Carteira (no Porto) vs Mala (em Lisboa)
Carteira e mala são palavras que se referem ao saco onde se transportam os objetos diários. Embora estes termos se usem em ambas as cidades portuguesas, é mais frequente ouvirmos dizer carteira quando estamos no Porto e é mais comum ouvir a palavra mala quando se está em Lisboa.
Cruzeta (no Porto) vs Cabide (em Lisboa)
Cruzeta e cabide são duas palavras que designam o mesmo objeto. Referem-se ao objeto que serve de suporte e no qual se pode pendurar a roupa (por exemplo, as calças e as camisas). Estas são colocadas no guarda-roupa / guarda-vestidos. Contudo, quando se está na cidade invicta, é mais comum usar o termo cabide quando nos estamos a referir a uma estrutura de pé ou de parede, que permite receber e manter os casacos ou outros acessórios.
Pinchar (no Porto) vs Pular (em Lisboa)
Tanto pinchar como pular são termos sinónimos da palavra saltar, que é bastante conhecida, seja a norte ou a sul de Portugal. No entanto, muitos preferem recorrer a regionalismos em vez de saltar. Quando se está no Porto usa-se “pinchar” e quando se está na capital portuguesa usa-se o termo “pular”.
Estrugido (no Porto) vs Refogado (em Lisboa)
Estas duas palavras bem distintas referem-se ao mesmo. Ambos os termos referem-se ao preparado que é frequentemente realizado nas cozinhas portuguesas. Trata-se de um preparado que inicia quase todas as receitas salgadas. Ele permite saltear cebola e alho em azeite.
A partir deste preparado pode fazer-se uma vasta série de receitas. O termo estrugido é mais comum no Porto. Já em Lisboa, o termo mais comum é refogado.
Sostra (no Porto) vs Preguiçoso (em Lisboa)
O termo preguiçoso é conhecido por todos os portugueses, de Norte a Sul, sem exceção. Embora todos saibam o significado de preguiçoso, há quem prefira recorrer ao termo “sostra”.
Embora no Sul possam existir pessoas que desconheçam este termo, as pessoas que são naturais de terras próximas do Porto estão familiarizadas com este termo. No norte, quando se diz que alguém é sostra, está a identificar-se essa pessoa como preguiçosa, isto é, alguém que não apresenta grande atividade, que não gosta de fazer nada, que está sempre a dormir.
Aloquete (no Porto) vs Cadeado (em Lisboa)
Tanto o termo aloquete como o termo cadeado se referem a uma espécie de fecho, que é frequentemente usado em cacifos, malas de viagem, bicicletas. Muitos adolescentes usam-no nos diários da infância.
Um jovem do Porto recorre a um aloquete para fechar o seu diário, enquanto um jovem de Lisboa prefere recorrer a um cadeado para fechar o seu diário.
Repa (no Porto) vs Franja (em Lisboa)
Ir a um cabeleireiro pode revelar-se uma experiência bastante diferente em Lisboa ou no Porto. Se uma pessoa de Lisboa estiver no Porto e quiser cortar o cabelo, se desejar fazer uma franja, convém usar a palavra “repa”.
Sertã (no Porto) vs Frigideira (em Lisboa)
Para quem vive em Lisboa falar em “sertã” significa identificar uma vila situada no distrito de Castelo Branco. No entanto, quem vive no Porto reconhece nessa palavra um objeto presente nas cozinhas de todos os portugueses. Para os nortenhos, uma sertã é uma frigideira.
Outras diferenças de vocabulário entre Porto e Lisboa
Aguça (no Porto) vs Afia (em Lisboa)
Alapar (no Porto) vs Sentar (em Lisboa)
Azeiteiro (no Porto) vs Bimbo (em Lisboa)
Breca (no Porto) vs Cãibra (em Lisboa)
Briol (no Porto) vs Frio (em Lisboa)
Espinha (no Porto) vs Borbulha (em Lisboa)
Chicla (no Porto) vs Pastilha (em Lisboa)
Calcar (no Porto) vs Pisar (em Lisboa)
Picheleiro (no Porto) vs Canalizador (em Lisboa)
Fino (no Porto) vs Imperial (em Lisboa)
Morcão (no Porto) vs Estúpido (em Lisboa)
Cimbalino (no Porto) vs Bica (em Lisboa)
Camioneta (no Porto) vs Autocarro (em Lisboa
Pingo (no Porto) vs Garoto (em Lisboa)
Malga (no Porto) vs Tigela (em Lisboa)
Foguete (no Porto) vs Malha no collant (em Lisboa)
Testo (no Porto) vs Tampa da panela (em Lisboa)
Molete (no Porto) vs Carcaça (em Lisboa).”
Poderíamos acrescentar centenas de outras palavras e expressões. Ficam apenas algumas para ilustrar a riqueza do nosso idioma.
Foto: Artur Pastor
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Goretti Carvalhal Silveira

Interessante. Na casa dos meus avós em São Jorge os termos às vezes eram os usados no Porto, às vezes em Lisboa, embora a maioria fossem os usados em Lisboa. Ex: carteira, pinchar, foguete, pingo, camionete, etc.
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