reedição das obras de Álamo Oliveira suspensa por falta de $$$

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Filomeno Moreira to Açores Global

DIRETOR DA COMPANHIA DAS ILHAS CRITICA AÇÃO DA DIREÇÃO REGIONAL DA CULTURA

Publicação de obras de Álamo Oliveira suspensa por falta de apoios da DRaC

O financiamento é escasso, a burocracia é imensa e há falta de divulgação das obras. A Companhia das Ilhas desistiu de candidatar-se aos apoios da DRaC.

A publicação da obra completa de Álamo Oliveira está suspensa. A Companhia das Ilhas, que arrancou com o projeto em 2017, justifica a decisão com a falta de apoios financeiros da direção regional da Cultura (DRaC).
“Além dos financiamentos serem absolutamente ridículos, ao ponto de cobrirem menos de 20% dos custos efetivos da produção e da impressão de cada livro, o que se tornava inviável, a carga burocrática era quase impossível de trabalhar”, adiantou, ontem, o diretor da editora, que tem sede no Pico, Carlos Alberto Machado, em declarações a DI.
Desde 2017, a Companhia das Ilhas republicou seis volumes do escritor terceirense: “Já Não Gosto de Chocolates”, “Pátio d’Alfândega Meia Noite”, “Burra Preta com uma Lágrima”, “Até Hoje Memórias de Cão”, “Murmúrios com Vinho de Missa” e “Contos Contados”. O compromisso assumido seria de publicar dois volumes por ano, entre obras já publicadas e originais, mas, pelo menos, em 2020, as novas edições estão suspensas.
“Estamos a estudar formas de ultrapassar a situação, mas não estamos a contar com a DRaC”, avançou o diretor da Companhia das Ilhas.
Segundo Carlos Alberto Machado, no primeiro ano, a DRaC atribuiu um valor que cobria cerca de 30% dos custos de edição dos livros, mas no ano passado reduziu-os para menos de 20%. Este ano, a editora optou por não se candidatar aos apoios anuais do Governo Regional. “A direção regional da Cultura tem de alterar o seu modo de trabalhar em relação à edição de livros nos Açores, não pode continuar a ser uma agenciazinha de entrega de dinheiros para fins políticos”, criticou.
Para além da falta de apoios financeiros, o diretor da Companhia das Ilhas lamenta que o executivo açoriano não tenha um plano de promoção de leitura de obras dos autores açorianos, em particular junto das escolas.
Antes da reedição pela Companhia das Ilhas, as obras de Álamo Oliveira estavam inacessíveis à maioria dos açorianos. Praticamente todos os títulos estavam esgotados e muitos nem se encontravam em bibliotecas. Questionado sobre a procura pelas mais recentes edições, Carlos Alberto Machado disse que os hábitos de aquisição de leitura dos açorianos não são os desejados, mas salientou que há títulos em vias de esgotar como o “Pátio d’Alfândega Meia Noite”.
“O Álamo é um autor muito querido das pessoas, em particular na Terceira”, sublinhou.
O autor tem continuado a escrever contos e poesia e tem peças de teatro, por exemplo, nunca publicadas, mas a publicação de material inédito ficará igualmente suspensa.
“Ou a direção regional da Cultura manifesta interesse em apoiar a obra do Álamo de forma condigna, que ele merece, ou a DRaC não está interessada e nós procuramos alternativas”, reiterou o diretor da Companhia das Ilhas.
Cerca de 40% dos livros publicados pela editora são de autores açorianos e muitos outros ficarão com publicações suspensas. A obra completa de Vitorino Nemésio continuará a ser publicada, porque não conta com apoios do Governo Regional.
in, Diário Insular de 22 de Janeiro / 2020