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“NÃO CONSIGO RESPIRAR!” – RACISMO NOS EUA
A história do racismo nos EUA
por João Paulo Charleaux – Nexo
A morte de Floyd não é um fato isolado. O debate sobre violência policial contra os negros nos EUA é tão antigo quanto a própria história do país, que, assim como o Brasil, é marcado pela escravidão de africanos, considerada uma prática legal até a segunda metade do século 19.
Mesmo após a abolição da escravatura, os negros ainda viveram um século 20 marcado por leis discriminatórias e perseguições protagonizadas por milícias que cometiam linchamentos públicos, em muitos casos sob anuência das autoridades.
O cenário de racismo persistente nos EUA colocou o movimento negro na vanguarda da luta por direitos civis nos anos 1960, que culminaram com a conquista de uma série de direitos que, embora tenham feito justiça ao passado, não foram suficientes para equalizar uma situação de desigualdade resultante de séculos de história.
Racismo em números
O instituto americano Pew Research Center publicou em 2019 um abrangente estudo de opinião sobre a percepção que os EUA têm a respeito das diferenças raciais no país.
58%
dos americanos classificam como “ruins” as relações raciais no país
56%
acham que o presidente Donald Trump tornou as relações raciais ainda piores
80%
dos americanos consideram que a herança da escravidão prejudica os negros ainda hoje nos EUA
O mesmo instituto aponta, com base em dados de 2017, que os negros eram 12% da população adulta americana, mas representavam 33% da população carcerária do país.
No subgrupo das mulheres, a disparidade é ainda maior – o número de mulheres negras encarceradas no país é o dobro do número de mulheres brancas na mesma situação.
As injustiças estruturais, somadas aos episódios reiterados de brutalidade contra negros nos EUA, alimenta uma rede de pessoas, movimentos e instituições que lutam por justiça.
Um dos movimentos mais conhecidos desse setor é o que ficou conhecido pelo nome “Black Lives Matter” (ou vidas negras importam, em português).
O movimento teve início num dos muitos episódios de violência policial semelhantes ao ocorrido com Floyd, em Minneapolis, quando em fevereiro de 2012, o jovem negro Trayvon Martin, de 17 anos, foi seguido, alvejado e morto por um vigia de bairro na Flórida. O autor dos disparos, George Zimmerman, alegou legítima defesa e acabou sendo absolvido pelo assassinato.
