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Presidente timorense vai reunir-se com Xanana Gusmão para discutir novo Governo
Díli, 06 jun 2023 (Lusa) – O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, confirmou que vai reunir-se na quarta-feira com o presidente do partido vencedor das legislativas de 21 de maio, Xanana Gusmão, para discutir o novo Governo.
“Amanhã vou encontrar-me com o presidente do CNRT [Congresso Nacional da Reconstrução Timorense] seguido do presidente do PD [Partido Democrático] para discutir a formação do novo Governo, do nono Governo”, disse Ramos-Horta, num discurso no Palácio Presidencial.
O encontro com Xanana Gusmão, que será o próximo primeiro-ministro, e com os responsáveis do PD, é um dos primeiros passos no processo de formação da nova maioria parlamentar que sustentará o próximo Governo.
O cenário mais provável é o de uma aliança entre o CNRT e o PD, numa maioria de 37 deputados, tendo os dois partidos começado já negociações para esse processo.
Os líderes das bancadas do parlamento nacional deverão hoje definir a data de tomada de posse dos novos 65 deputados eleitos, podendo dias depois concluir-se a tomada de posse do executivo, que deverá incluir membros do CNRT e do PD.
Ramos-Horta falava perante várias individualidades timorenses e representantes do corpo diplomático, numa conferência sobre as eleições legislativas de 21 de maio e as suas implicações na política doméstica e interna do país.
No encontro, o chefe de Estado defendeu a necessidade de acelerar o processo, tendo em conta os compromissos internacionais, como o cumprimento do roteiro de adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), e os objetivos nacionais de desenvolvimento.
O chefe de Estado defendeu ainda que o novo executivo dê continuidade a projetos de importância iniciados pelo atual executivo, como o cabo de fibra ótica submarino ou as obras no aeroporto da capital, Díli.
No seu discurso, Ramos-Horta disse que espera que o novo Governo seja pragmático em algumas das suas políticas, nomeadamente no combate à “totalmente inaceitável insegurança alimentar” que ainda existe, 20 anos depois da restauração da independência.
Aspeto que considerou “urgente e prioritário”, uma questão “moral imperiosa”, mas que é também um “investimento no futuro”, nas novas gerações.
Mais esforços na educação e na saúde nacional são outras prioridades, disse.
Ramos-Horta disse que gostaria que houvesse uma suficiente maioria de apoio ao Governo no Parlamento Nacional para que possa “aprovar uma lei que permita governar, nos próximos anos, com ordens executivas em alguns assuntos prioritários”.
“Tudo o relacionado com o nosso processo de adesão à ASEAN, que seja feito pelo Conselho de Ministros. Enviam para mim e eu assino para acelerar. Se não fizermos isso, vai ser muito difícil implementar o roteiro”, considerou.
O chefe de Estado pediu ainda ao futuro Governo que “não despeça gente a torto e a direito” e que se esforce para abraçar todos, mesmo os derrotados nas eleições.
“É uma pena neste país que quando um novo Governo entra, até os pobres empregados de limpeza que não pertencem ao partido político certo são despedidos. Imagine-se nos níveis mais altos”, afirmou.
Sobre a transição geracional, Ramos-Horta recordou que muitos dos que ainda se continuam a referir como “nova geração”, já não são tão jovens: “alguns dos que se dizem jovens até já são avós”.
O chefe de Estado mostrou-se ainda confiante que o pragmatismo predomine nas negociações entre Timor-Leste e a Austrália para fechar o acordo sobre a exploração dos poços de Greater Sunrise.
“Já se demorou demasiado tempo. Temos que chegar a acordo sobre o desenvolvimento. Há 10 anos os australianos diziam que trazer o gasoduto para Timor não era viável, agora dizem que já é, mas o problema é o custo. Se for esse o problema, podemos mobilizar recursos”, disse.
ASP // SB
Lusa/Fim
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