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Poucos sabem do Fantasma da Estação de São Bento, no Porto
Um fantasma doce e recatado que ainda percorre os corredores da estação, mas pouca gente sabe desta lenda do fantasma da estação de São Bento, no Porto.
Poucos sabem do Fantasma da Estação de São Bento, no Porto
Um fantasma doce e recatado que ainda percorre os corredores da estação, mas pouca gente sabe desta lenda do fantasma da estação de São Bento, no Porto.
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A Estação Ferroviária de São Bento, no Porto, deve a sua designação ao facto de ter sido construída no exato local onde antes estava o Convento de São Bento da Avé Maria.
O convento, devoluto desde que as ordens religiosas foram extintas em 1892, foi totalmente demolido para dar lugar à nova estrutura de apoio à Linha do Douro cuja chegada à cidade Porto exigia uma estação.
Construção da Estação Ferroviária de São Bento
Em 1888, com a aprovação da Câmara Municipal, a Direção dos Caminhos de Ferro dá início ao projeto de prolongamento da linha desde Campanhã até às imediações da Praça da Liberdade.
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Para tal são abertos vários túneis no percurso e em 7 de Novembro de 1896 chega ao local, ainda sem estação, o primeiro comboio, um ato que acabaria por marcar a inauguração oficial da linha.
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No entanto, foi apenas em Outubro de 1900 que se deu início à construção da Estação Ferroviária de São Bento tal qual como o conhecemos agora.
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Foram os reis D. Carlos e D. Amélia que presidiram à cerimónia de assentamento da primeira pedra da obra que só viria a estar concluída e inaugurada com pompa e circunstância em 1916.
O edifício, em forma de U, é da autoria do arquiteto Marques da Silva e conta com um átrio revestido por mais de vinte mil azulejos historiados do pintor Jorge Colaço.
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Com o objetivo de amenizar o efeito nobre mas severo do granito, o autor do projeto decidiu recorrer à tradição do azulejo português para decorar as amplas zonas de circulação da estação.
De todas as propostas apresentadas, foi a do pintor, ceramista e caricaturista Jorge Colaço que mereceu preferência.
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Os painéis de azulejos, que ocupam uma área superior a 550 metros quadrados, foram produzidos pela Fábrica Cerâmica Lusitana e representam vários episódios da História de Portugal, entre os quais o “Torneio de Arcos de Valdevez” e o “Infante D. Henrique na Conquista de Ceuta”, bem como vários momentos alusivos à história dos transportes.
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No seu interior, a Estação de São Bento conta com uma gare com 8 linhas terminais e cinco cais para mercadorias, tudo acomodado sob a proteção de uma imponente e lindíssima estrutura metálica com características artísticas.
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O edifício da estação, um dos mais emblemáticos exemplos que marcou o movimento artístico nacional do início do século XX, conta com três fachadas. Duas laterais, uma que dá para a rua da Madeira e outra para a Rua do Loureiro, e a principal, virada para a Praça Almeida Garret.
Estação Ferroviária de São Bento na Atualidade
Atualmente a Estação Ferroviária de São Bento é a estação ferroviária mais movimentada do Porto, sendo mesmo considerada a sala de visitas da cidade.
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Daí garantem-se ligações para o centro do Porto, bem como para as linhas do Norte, do Douro e do Minho, e para os ramais de Braga e Guimarães.
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Modernizada ao longo dos tempos, a Estação Ferroviária de São Bento pode acolher todo o tipo de material circulante da CP, nomeadamente comboios Pendulares, Rápidos Alfa, Inter-Cidades, Regionais e Suburbanos que asseguram as ligações às principais cidades do país.
Desde 2006 a Estação Ferroviária de São Bento conta também com uma estação do Metro do Porto da Linha D ou Linha Amarela, que faz a ligação entre o Porto e Vila Nova de Gaia.
O Fantasma da Estação de São Bento
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Pouca gente sabe a lenda do fantasma que ocupa a estação de São Bento, no Porto. Um fantasma doce e recatado, teimoso em vida e que, segundo a lenda, ainda percorre os corredores da estação de São Bento. Vamos recuar um pouco no tempo…
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Até aos finais do século XIX existiu, precisamente no local da estação, o extinto convento Beneditino das Freiras de São Bento da Avé Maria.
No ano de 1821, contava este convento, para além de 55 religiosas, com 105 membros de apoio (maioritariamente criadas).
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Em 1834 sai o decreto de extinção das ordens religiosas em Portugal, façanha de Joaquim de António de Aguiar, mais conhecido por “mata frades”.
Esse famoso decreto decretava a extinção imediata das ordens masculinas (e confiscação das suas propriedades), a proibição de que novas freiras professassem os seus votos e a extinção dos conventos por morte da última freira que lá residisse nesse ano.
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Foram tempos de grandes dificuldades para as ordens religiosas femininas, encapsuladas num tempo que já não lhes pertencia.
O convento de São Bento de Avé Maria não foi exceção, tendo vendido a maior parte das suas preciosas alfaias de prata em praça pública. O edifício desmoronava-se, que a vontade dos homens assim o ditava; e as abadessas foram morrendo, uma a uma.
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A última abadessa, no entanto, morreu “apenas” em Maio de 1892 (mais de 58 anos após a extinção das ordens religiosas em Portugal, recordo!), abrindo então caminho para a construção da estação de São Bento.
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Diz-se que, teimosa mas serenamente, o fantasma da última abadessa do extinto convento ainda hoje percorre os corredores da estação de São Bento, sendo ouvidas as suas rezas nas poucas horas mortas da estação, quando o ruído é menor. Mas apenas para os ouvidos mais atentos… que o Porto só se desvenda às almas pacientes.
Autora: Sara Riobom
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