PORTUGUESES MAIS MESCLADOS DE PERSA DO QUE DE ÁRABES

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É uma excelente pergunta.

Nos últimos anos (talvez, desde 2010), tenho-me apercebido de uma certa ideia romântica sobre as raízes árabes da população portuguesa. Isto parece ser forçado dentro de alguns grupos susceptíveis a ideologias.

Eu mesmo, vivi até ao início dos anos 2000, convencido da minha ascendência mediterrânica, até que fiz um teste de ADN e percebi que não podia estar mais errado. O meu haplogrupo é afinal o I1, que se concentrou desde 3000 AC na Escandinávia, e tem em Portugal, uma presença inferior a 2%.

Os Mouros

Os povos que invadiram a Península Ibérica, não eram exclusivamente árabes. Muitas tribos berberes foram aliciadas a participar na invasão.

Assim sendo, seria de esperar uma percentagem significativa do haplogrupo árabe, o J, e o E1B1b (E-M81) do Magrebe.
Os estudos feitos nos últimos 20 anos, têm mostrado (com alguma flutuação) que o grupo E1B1b é residual. Já o J, tem alguma expressão. Dependendo do estudo, encontram-se percentagens entre os 6 e os 10%.

Onde é que as teorias da ascendência árabe caem por terra? – É quando começamos a esmiuçar o haplogrupo J. Há duas variantes do J, o J1 e o J2. O J1 é o grupo representativo dos árabes, e o J2 o dos persas.
Nos estudos mais detalhados, é revelado que embora o J tenha alguma expressão, na verdade, o subgrupo dominante é o J2 (o dos persas) numa proporção de aproximadamente 80%, por comparação com o J1 dos árabes.

Quer isto dizer que, apesar da presença árabe de ~5 séculos no território que viria a ser Portugal, a miscigenação foi muito marginal. Os contactos com os persas foram claramente mais importantes.

E com isto, desfiz uma certa fantasia que parece existir acerca “costela” árabe dos portugueses.

A diversidade genética na Península Ibérica

Os grupos E ganharam alguma expressão em Portugal, a partir dos anos 80, devido ao fluxo migratório de africanos oriundos das ex-colónias portuguesas. Representam cerca de 12% o que correlaciona bem com os números de africanos imigrados em Portugal.

Os grupos dominantes pelo mundo

3 comentários de

Américo Carvalho

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