Quinta da Cardiga, Golegã
Já há algum tempo que queria por ali passar…
É indigno o atual destino desta preciosidade de interesse patrimonial e histórico. Consta
ter sido doada à Ordem dos Templários em 1169, por D. Afonso Henriques, para “arroteamento e cultivo”, tendo passado para a Ordem de Cristo, que terá ali tido uma granja para veraneio (c. 1540-1542), pela apetecível proximidade ao Rio Tejo. Terão o palacete, o celeiro e o claustro conhecido traça e mão de Juan de Castillo (1470-1552).
A Quinta da Cardiga, juntamente com o castelo de Ozêzere, a torre da Atalaia e o Castelo de Almourol eram postos de vigia da milícia do Templo. Tal importância tinha a Quinta da Cardiga que em 1550, D. João III autorizou o seu irmão a proceder à mudança do percurso do rio Tejo, fazendo-o passar pela Cardiga. Em 1580, Filipe II de Espanha, vindo das Cortes de Tomar a caminho de Lisboa, ali descansou.
O Palácio da Quinta da Cardiga está classificado como Edifício de Interesse Público desde 12 de Março de 1952
Ao ali aceder, vindo de Vila Nova da Barquinha, os c. 1,7km de miserável e dissuasor caminho de terra batida e esburacada nos brindam com a surpresa – e o desgosto de ver tão lindo lugar, senão abandonado, pelo menos com aspeto disso. O silêncio é confrangedor. Apenas quebrado pelo som do bater de bicos das cegonhas que por ali nidificam… O relógio da torre, tal como o Tempo, por ali parecem ter parado…
Nas suas envolvências, as estruturas olvidadas do lagar de azeite, do celeiro e do picadeiro.
Certamente ideal para um estabelecimento hoteleiro de luxo, considerando os c. de 22.297 metros quadrados, os 30 quartos e salões, a capela com o portal manuelino e a torre, do Séc XII e os jardins. E uma área de terreno de 402. 400 metros quadrados.
Melhor o acesso por S. Caetano.
Prossigo viagem, desgostoso com o que vi… – com a triste constatação de que este não é exemplo único no nosso País.