Portugal e o colonialismo Moisés de Lemos Martins

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Portugal e o colonialismo

Penso que as Ciências Sociais e Humanas (CSH) não devem colocar em termos morais a questão colonial. Porque o que se espera de um sociólogo não é aquilo que se espera do líder de uma confissão religiosa, ou do líder político de uma nação, que denunciem a responsabilidade de uma Igreja, ou de um país, em crimes, do presente ou do passado.

Para as CSH, o colonialismo é uma metamorfose da metafísica da unidade, que constituiu o Ocidente, e que apaga toda a diferença. Foi o regime logocêntrico, da tradição greco-latina, e o regime simbólico, da tradição judaico-cristã, que marcaram o movimento da cultura ocidental, concretizando uma longa narrativa de absorção do outro pelo regime do mesmo, ou seja, pela metafísica da unidade.

O que se espera das CSH é, pois, que compreendam e expliquem a lógica que constituiu o Ocidente, e em consequência, que compreendam e expliquem, também, o colonialismo, e não que andem à procura de culpados, nem que promovam atos expiatórios de culpas passadas.

É este o sentido da crónica, que hoje publiquei no Correio do Minho.

CORREIODOMINHO.PT
Em 2000, o Papa João Paulo II publicou o documento Memória e Reconciliação: A Igreja e os Erros do Passado. Nele pediu perdão por um conjunto de crimes da Igreja. Entre eles, conversões forçadas, uso da violência e preconceito…

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  • Moises Lemos Martins Apenas não concordo com um aspeto : que a colonização tenha tido coisas mais positivas que negativas. Um povo dominar outro nunca é positivo. Mas usar a colonização como álibi para desculpar os erros e as violências atuais não é solução nenhuma. É meter a cabeça na areia. A colonização não é desculpa para tudo.
  • Indira Grandê Moises Lemos Martins concordo plenamente em relação a violência. É importante fazer uma análise sociológica destes factos. Confesso que não me espanta os contornos que esta situação tomou, repressão leva a ruptura, e a ruptura historicamente é um processo violento. Tal como a mudança. Portugal alimentou um “cancro” com a invisibilidade destas comunidades africanas (portuguesas muitas delas) e de origem do “império” esclavagista e colonizador. São necessárias medidas urgentes porque este “cancro” racial é institucional e de origens na história portuguesa. A fuga ao problema só alimentará mais a crise e instabilidade. Concordo plenamente consigo, no que concerne à violência. Aleais sou alérgica a violência e a extremismos. Mas atenção, que a problemática maior gira a volta dos direitos humanos, os mesmos que á pouco pensávamos que existiam…comecemos pelo processo de desconstrução da academia, pela educação ensinada e praticada nas escolas e faculdades…