Nunca foi usança minha escrever poesia. O respeito que lhe tenho proporcionou-me apenas o rabiscar de dois ou três poemas e qualquer um deles sem
grande valor estético. Escrever sobre poesia, que me recorde, também não me atrevi, e isto porque acredito que a criação ou comentário de texto poético dever-se-ão manter exclusivos daquelas almas maiores, daqueles que sabem talhar palavras na medida exata, dispondo-as uma a seguir à outra, numa sucessão que se julga coesa e coerente, dentro do imperativo da subjetividade. Aprecio a sua leitura e gosto mais ainda de a ouvir ornada pelo talento de um bom «diseur» – e nós temo-los entre nós.