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Sou pai, professor e biólogo.
Hoje, tento moderar-me para não escrever o que me apetece na linguagem que me apetece. Fechamos instituições de ensino superior, tribunais, centros de saúde, jogos de futebol, festivais, concertos, eventos, treinos desportivos, concentrações, etc, etc, e muito bem! Recebemos apelos para evitar concentrações ou aglomerados, e muito bem! Empresas tomam medidas sérias de prevenção, e muito bem! E nas escolas? Vamos continuar a juntar centenas ou milhares de pessoas, em espaços restritos, muitas vezes mal ventilados, com concentrações que chegam a superar, durante 7 ou 8 h diárias, 30 pessoas em 15/20 m2, num espaço fechado e nada ou mal ventilado. Como biólogo, acho incompreensível. Como pai, uma irresponsabilidade. Como professor e profissional, sinto-me tratado como carne pra canhão. Como cidadão, só me apetece dizer: que merd@ de país este em que ninguém parece capaz de ter coragem e capacidade de tomar decisões mesmo quando as evidências entram pelos olhos dentro…. duas palavras finais: uma, para as bestas quadradas que numa altura destas aproveitam a quarentena para ir para a praia (aos milhares, a crer pelas fotos e vídeos publicados) – bestas!; outra, para os profissionais de saúde que estão na primeira linha de tiro e mais expostos: sou-vos, do fundo do coração, profunda e admiradamente agradecido. Que toda a força do Universo esteja convosco. A minha gratidão já está.
Ps: vou sair do carro e entrar na escola. Com um aperto no peito. Pela minha família e pelos meus alunos. Ah, é verdade, também faço parte de um grupo de risco, pois sou asmático… mas isso não interessa para nada…