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Peixe do meu quintal José Soares
Ditadura bicéfala
Aquilo a que o mundo assistiu durante o processo eleitoral americano desta última terça-feira e que ainda não terminou, foi a uma verdadeira hegemonia entre dois partidos que forjam toda a vida política que influencia o mundo em que vivemos.
O trumpismo americano é um fenómeno que alastra pelo mundo das democracias e pode infetá-las com fulminante vírus, através da manipulação tecnológica das redes digitais.
Donald Trump é mais um dos produtos do laboratório social, de políticos agitadores da ordem estabelecida, fomentadores de violência separatista para melhor governar à sua única e formatada maneira. Donald Trump assume-se como o vil desejado, outro clone de uma série já demasiado vasta.
André Ventura (Chega, Portugal); Santiago Abascal (Vox, Espanha); Matteo Salvini (Lega Nord, Itália); Marine Le Pen, (Front National, França); Nigel Farage, (Brexit Party, Inglaterra); Jörg Meuthen e Tino Chrupalla, (Alternative für Deutschland, Alemanha); (Freiheitliche Partei Österreichs, Áustria). A lista continua pela Polónia, Hungria, Turquia, Rússia, etc.
A viragem extremada à direita no espetro político democrático internacional é ela própria o retrato do descontentamento de muitas políticas levadas a cabo pelas democracias que, na sua abrangente tolerância e humanismo, permitiram (e permitem) desfasamentos sociais que, por outro lado, vitimizam povos habituados a viver em confortáveis almofadas sociais.
Salvar as democracias no mundo é urgente, mas os interesses partidários na luta gladiadora pelo poder, negligenciam na resolução dos verdadeiros e profundos problemas dos seus povos. É nessa negligência que assenta o fértil campo da extrema-direita e suas radicalizações.
A liderança democrática internacional é obrigada a repensar toda a ordem do estado de Direito.
Os ataques de fanatismos religiosos ao ocidente, incitados por guerras entre religiões e culturas intolerantes no oriente, levaram ao cansaço da perca constante de familiares, vítimas desses atos de violência e terrorismo. O uso abusivo de muitos que são recebidos de braços abertos, perante uma condescendência sem regras da parte das democracias que os recebem, facilita descalabros radicais de alguns oportunistas intolerantes.
Se necessário fosse provar o êxito da atual extrema-direita, temos os cerca de 60 milhões de americanos que novamente votaram em Donald Trump, mesmo após quatro anos de descalabro e abusos dos mais variados à vigente ordem democrática americana e do seu narcisismo narcótico.
Vimos como o partido “Chega” agiu de forma disruptiva na autonomia açoriana, não reconhecendo essa autonomia política e ignorando os seus símbolos, assim como ordenando a partir de Lisboa como deviam atuar os seus eleitos nos Açores.
Perante manifestações populares pelas cidades de todo o mundo, verificamos a incapacidade dos governos em atuar rapidamente na resolução dos problemas desses manifestantes, em muitos casos por necessidades sociais básicas e de fácil resolução.
Ao invés, os líderes investem dinheiro público na sua proteção militarizada, com polícia de choque armada até aos dentes, tal guarda pretoriana, padronizada em todo o planeta, com capacete e bastão a carregar sobre os cidadãos.
De entre estes escravos da modernidade, surgem os oportunistas que aproveitam toda esta energia manifestante e coletiva, para redirecioná-la em proveito dos interesses obscuros que sempre acompanham os extremismos.
Combater essa intolerância, implica uma atitude de cada um de nós, cidadãos, na análise dos acontecimentos que nos rodeiam.
Já não se trata apenas ‘da casa dos outros’. Também nos Açores, a maré intolerante prepara o seu tsunami político.
Estejamos atentos e, sobretudo, implacáveis na rejeição à escravatura da extrema-direita.