PEDRO PAULO CÂMARA, CAMALEÕES

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Camaleões
Prostram-se, recostados a altas alvas paredes.
Debatem na toca do seu ser possibilidades.
Fitam-nos.
Reparam com desconfiança no meu sentir.
Comentam quase em silêncio o meu agir.
Camaleões
Sorriem entre dentes não brancos e omitem segredos
Calam-se na vírgula antes que revelem verdades.
Fitam-nos.
Atiram pedras com telhados de vidro não assumidos.
Escusam-se a nomear, apontando corajosamente atrevidos.
Camaleões
Fingem o que não são. Não são o que fingem.
Camaleões:
Um dia cansam-se de mudar de cor.
Pedro Paulo Camara in: Saliências
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