Pedro da Silveira, a Prosa Reunida

Lida toda a obra de Pedro da Silveira, agora a Prosa Reunida, Edição do Instituto Açoriano da Cultura, 2022, registo alguns apontamentos que me foram surgindo ao longo da leitura.
1. Sinto-me ainda mais açoriana, com uma ideia mais profunda da açorianidade, por quanto estas prosas me levaram até às sete Ilhas do Oeste, das quais só conheço algumas de uma única e curta visita de férias, não conhecendo as Flores, o Corvo e a Graciosa.
2. Entre os imensos assuntos destas prosas, destaco: a tradição romancística das Flores, adivinhas, léxico; o riquíssimo cancioneiro de S. Jorge; o cosmopolitismo do Faial; o intercâmbio com outros países logo a seguir aos descobrimentos das ilhas; a açorianidade na literatura e seus autores.
3. Não resisti ao registo de curiosidades, das quais aqui ficam algumas:
* a batata doce, segundo testemunho de Gaspar Frutuoso, logo em quinhentos, começaria por Vila Franca do Campo e aclimatou-se muito bem nos Açores até às Flores e Corvo.
* as alcunhas dadas a cada ilha e seus habitantes, na perspetiva dos outros ilhéus. O que me ri!
* Antero de Quental registou numa carta a Oliveira Martins “São Miguel mercadores ricos; Terceira fidalgos pobres; Faial contrabandistas espertos.”
* o Faial é o celeiro do Pico, este o seu pomar e o fornecedor de lenhas.
* Quadra ouvida por Leite de Vasconcelos:
Graciosa, mãe das uvas,
Pico e Faial, dos damascos,
Terceira é a mãe das nesp’ras,
San Jorge é o rei dos pastos.
* Quadra de S. Jorge publicada por Teófilo de Braga:
A Terceira veste seda,
San Miguel chamalote,
O Pico pano da terra,
O Faial de toda a sorte.
O meu obrigada a todos os que se empenharam na publicação desta obra completa de Pedro da Silveira.
May be an image of book and text that says "SÓ O ESQUECIDO É PASSADO Pedro da Silveira PROSA REUNIDA"
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