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Deixem-me, desde já, admitir o eventual erro da minha análise. Não sou sociólogo, nem politólogo, que é a difícil ciência de interpretar políticos, nem sequer tudólogo, esse novo fenómeno televisivo que nos assoberbou com inúmeros especialistas em tudologia, nos vários canais de televisão, antes e durante o auge destes anos da peste. Poderei, quanto muito, reivindicar o vago direito à condição de historiador, que não é grande fundamento académico para análise de questões comportamentais, mas avançarei, na mesma, com a minha singela interpretação para a pergunta política do momento, que tanto apoquenta jornalistas, comentadores e Marcelos de toda a espécie: o porquê da maioria absoluta do PS de António Costa? Na minha parca visão, existem duas razões, que até são paradoxais entre si, para este retumbante resultado. Em primeiro lugar, julgo que fica claro, embora tal não tenha sido alvo de plebiscito, que a grandíssima maioria dos portugueses acabaram por fazer uma avaliação e validação positiva da gestão socialista, e do governo de Costa, da pandemia. No fundo, a ideia de um Governo autoritário e repressivo é algo que não perturba e que até agrada aos portugueses. É que, sejamos claros, foi um governo dito socialista que, quando colocado debaixo de uma ameaça, optou, sem pestanejar, pela via do fascismo sanitário. Que os especialistas recomendassem a perda de direitos fundamentais é uma coisa, que os políticos o decidissem, e até com verdadeiras ganas de o fazer, é outra, substancialmente diferente. Quando confrontados com a decisão de escolher entre a Liberdade ou a Vida, os políticos, e políticos ditos socialistas, como Costa, optaram voluntariamente por matar a Liberdade. E não me venham dizer que sou um assassino de velhinhos porque basta olhar para a Suécia para perceber que isso não é verdade. A questão fundamental aqui é exatamente essa escolha política da ponderação da opção entre os princípios basilares de um Estado de Direito Democrático e de uma sociedade livre, que imperava defender, ou o Estado Totalitário de uma sociedade presa na ditadura sanitária, à qual se ofereceram voluntária e sorridentemente. “Antes morrer livres do que em paz sujeitos” vem-me imediatamente à cabeça. Ora, aparentemente, esta contradição fulcral não perturbou os portugueses, que deram uma maioria ao Primeiro-ministro dos confinamentos, das quarentenas, da vacinação em massa e, talvez o mais grave, ao pai histórico do precedente mais assustador e absurdo, de violação do ideal europeu, o passaporte sanitário. Costa ficará na história como o sancionador do maior ataque aos ideais de uma Europa livre, a Europa de Maastricht e Schengen, uma Europa de circulação aberta para todos os cidadãos, com a instituição do salvo conduto vacinal, o maior instrumento de segregação e de limitação das liberdades individuais na história do continente europeu. Para os portugueses, tudo isto está bem quando acaba bem, o importante era matar o bicho, mesmo que para isso fosse preciso matar tudo aquilo que nos faz ser uma sociedade aberta, livre e democrática. A segunda razão de fundo que vejo para a maioria absoluta de Costa, e é aqui que reside o paradoxo fundamental, é o CHEGA!. Houve, creio que claramente, tanto à esquerda como ao centro, que são a maioria do país, uma concentração de voto no PS para evitar a possibilidade de reedição, no país, daquilo que tinha acontecido nos Açores, um Governo refém, fosse no parlamento, ou até mesmo em coligação governamental, do partido de André Ventura. É aqui que reside o paradoxo das massas. Os mesmos eleitores que se assustam com um partido xenófobo e racista a governar o país são os mesmos que aceitam um Primeiro-ministro que lhes coarta sem pestanejar as liberdades mais essenciais. Esta contradição fundamental está no centro do nosso momento político e é extraordinário que a maioria das pessoas não o consiga discernir. No fundo, Portugal é um país do respeitinho e da autoridade, uma sociedade amorfa e abdicante, que se revê na panaceia de um líder, que nos proteja da ameaça, desde que o ordenadosinho não deixe de cair na conta ao final do mês. A verdade, como se vê pelos resultados eleitorais deste domingo, é que o PREC nunca acabou, restará é saber quem é que, verdadeiramente, está com a revolução e quem é que, no fundo, está com a reação. Eu, por mim, sei que nunca irei com a Ditadura, seja ela de que tipo for… 

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