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São factos que fazem parte da História de Timor.
1 Year AgoCONTINUANDO…
Parece provável que o primeiro porto, na ilha de Timor, a lograr as atenções dos Dominicanos, terá sido Mena —que era, àquela data, a sede de um dos mais poderosos reinos, fonte do melhor sândalo e quem controlava a exportação do mesmo. Situado na parte central norte da ilha (Lifau— Oé-Cusse), e onde, por volta de 1590, um tal Frei Belchior da Luz, terá desembarcado, terá sido bem recebido pelo rei (ou rajá) local, e ali terá permanecido cerca de seis meses e construído uma igreja — a primeira, naquela zona. Embora ele não se tenha convertido, ofereceu, ainda assim, uma filha à fé cristã. No entanto, por volta de 1616, dar-se-ia o início da evangelização, ainda muito mais acentuada em 1630, com a chegada de alguns missionários, provenientes de Larantuca (Solor tinha passado, é certo que temporariamente, em 1613, para as mãos holandesas). Ter-se-á devido a Frei Cristovão Rangel o estabelecimento definitivo dos dominicanos, o qual, em 1633, fixou morada no reino do Silabão, no extremo noroeste da província dos Belos. Larantuca era o Porto das Flores centro da governação portuguesa, se bem que nunca se soubesse, ao certo, quem ali governava, de tal modo proliferavam os candidatos à chefia da Capitania, especialmente com a implantação no lugar de dois aventureiros euro-asiáticos, os ‘topasse’ António d’Hornay e Mateus da Costa.
Contudo, mesmo assim, só alguns anos mais tarde (a partir de Junho de 1641), Mena passou a ser inteiramente cristã, quando um frade dominicano, vigário-geral de Solor — António de São Jacinto — correu em seu socorro, com 70 soldados, devido a uma invasão muçulmana, proveniente de Makassar, nas Celebes. Incursão essa que foi frustrada, não obstante a enormidade dos meios que o invasor possuía, quer em navios (cerca de 150 barcos, à vela, denominados ‘parais’) e em homens (à volta de 7.000), e ainda terem tentado levantar os nativos contra os portugueses, tentativa frustrada, sem sucesso. Conquanto tivesse havido bastante destruição, e o rei tivesse sido morto, a viúva assumira-se como rainha, fugira para o interior, mas o padre dominicano conseguiu contactá-la, conquistar a sua confiança e, tendo ela, ao acabar por regressar ao seu reino, se ter convertido, e o seu povo seguiu-lhe o exemplo.
Diz-se, não haver qualquer dúvida, que a evangelização deste frade, marca o estabelecimento definitivo da Igreja em Timor. Para além disso, os reinos, ao abraçarem a fé cristã, juravam também lealdade à Coroa de Portugal.
É também hipótese que, por esta altura, os portugueses começaram a referir-se a Timor como “Ilha de Santa Cruz — nome que não deve ter pegado, como tantos outros que, posteriormente, os portugueses baptizaram várias localidades.
Porém, em 1642 —no mesmo ano em que caiu Malaca, tomada pelos holandeses, que havia cerca de nove anos a sitiavam —, deve ter sido pela vitória dos portugueses, comandados por Francisco Fernandes (capitão-mor das ilhas atrás referidas, ‘topasse ou topaz’, natural de Solor), sobre o reino de Wehale (ou Uai-Hali), situado na costa sul (onde vivia o imperador dos Belos — então rebelados), numa operação que pode ser considerada como “o primeiro acto da conquista armada de Timor “, o que levou, não só à conversão de numerosos régulos e do seu povo —pois a notícia, da derrota do poderoso potentado dos Belos, espalhou-se rapidamente —como, igualmente, à destruição daquela, até então, entidade política, praticamente unida, quer por relações familiares quer por amplas alianças, de tal modo que quase se poderia considerar um Estado.CONTINUAREI…