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  • Português do Brasil vai deixar de existir

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    1. Português do Brasil vai deixar de existir em breve. 13.11.2024

     

    Um controverso linguista lusitano, de sua graça (pouca ou nenhuma) Fernando Venâncio surgiu há semanas, de novo, mais uma vez sensacionalista, em parangonas nos jornais, de Ceca a Meca, com a afirmação em epígrafe. Logo os brasileiros complexados e com sentimento de inferioridade lusitano aplaudiram e divulgaram.

    Este senhor, linguista, nativo de Mértola (1944) tem há muito a nacionalidade dos Países Baixos. Passou a infância em Lisboa, completou o liceu no Seminário em Braga, estudou Filosofia em Vila Nova de Ourém e Teologia no Seminário de Lisboa. Em 1970 mudou-se para a Holanda, onde fez o bacharelato em Língua e Literatura Francesa e completou a licenciatura em Linguística Geral (especialização em Estilística), com a tese «A Noite e o Riso de Nuno Bragança: Une Étude Stylistique» (1976), na Universidade de Amesterdão (Holanda). Dois anos depois, começou a lecionar no departamento de Português na Universidade de Nijmegen. Entre 1974 e 1978 desempenhou funções docentes e diretivas nas universidades de Amesterdão, Roterdão e Haia, tendo, seguidamente, lecionado na Universidade de Utreque de 1984 a 1988; regressando à Universidade de Amesterdão. Em novembro de 1995 apresentou provas de doutoramento, na referida universidade, com a dissertação «Conceções de Língua Literária na Época de Castilho (1835-1875)». ; e desde 1988, foi professor do Departamento de Estudos Europeus e responsável científico pela Secção de Português. Venâncio é um acérrimo detrator do Acordo Ortográfico de 1990 e muito controverso oponente das ideias reintegracionistas galegas, sendo muito apreciado na vetusta Academia das Ciências de Lisboa onde é sócio correspondente da Classe de Letras desde 2017.

     

    O português falado no Brasil, ex-colónia de Portugal, encontra-se em constante transformação e, dentro de décadas, poderá vir a ser reconhecido como “Brasileiro” em vez de “Português”. Esta é a tese defendida por Fernando Venâncio, linguista português, na sua obra recente Assim Nasceu uma Língua (editora Tinta da China), onde explora as origens e a evolução da língua portuguesa. Venâncio argumenta, com base em estudos académicos e documentos históricos, que o Português não nasceu em Portugal, mas no Reino da Galiza, fundado no século V, após a queda do Império Romano.

     

    “A simples ideia de que, algum dia, um idioma estrangeiro possa ter sido a língua de Portugal é-nos insuportável”, escreve Venâncio, questionando o ‘orgulho lusitano’. Para além de analisar as raízes históricas da língua, o linguista antecipa um futuro em que a variante brasileira do Português se afastará tanto da variante europeia que acabará por ser reconhecida como um idioma autónomo. “Não há maneira de retroceder, não há maneira de travar esse processo de afastamento entre o Português e o Brasileiro”, afirma Venâncio, prevendo que, num futuro não muito distante, o idioma falado no Brasil será conhecido simplesmente como “brasileiro”. Esta previsão baseia-se na crescente divergência linguística entre as variantes brasileira e portuguesa, apesar das influências mútuas. Venâncio exemplifica esta separação com a adoção, por parte de crianças portuguesas, de termos brasileiros como “geladeira” em vez de “frigorífico”. “A criança não está a falar brasileiro, está a falar um pouco à brasileira, e, na vida real, isso não tem importância”, comenta Venâncio, minimizando o impacto imediato, mas reconhecendo a relevância desta tendência a longo prazo.

     

    No entanto, muitos linguistas e gramáticos, tanto no Brasil como em Portugal, consideram que ainda existe uma unidade significativa entre as duas variantes. Apontam que elementos essenciais como os morfemas (artigos, preposições, pronomes, entre outros) continuam idênticos, e que o Português culto no Brasil é praticamente indistinguível do Português culto em Portugal. Estes fatores impediriam a separação completa numa “língua brasileira” distinta. Para Venâncio, contudo, a linguagem “espontânea” utilizada no Brasil, que se afasta da norma culta, é um dos fatores que contribui para o afastamento entre as variantes. “Vai dar-se um afastamento do Português europeu. Não sabemos quando, mas sabemos que é inevitável”, conclui. No final de Assim Nasceu uma Língua, Venâncio reflete sobre o futuro do Português e sugere que este poderá fragmentar-se noutras línguas, tal como aconteceu com o latim, a língua dos romanos. “Sabermos isso faz-nos, a nós, mais felizes? É o mais certo”, escreve, deixando em aberto a inevitabilidade da evolução linguística que acompanha a história das nações.

    Ora desta treta gostam os nossos irmãos brasileiros sempre desejosos de mostrarem que sem Portugal seriam melhores do que são. Como? Se eles são o que são por serem descendentes de portugueses, mesclado com nativos sul-americanos, escravos africanos, europeus imigrados dos Países Baixos, Itália, Alemanha, Espanha, colonizados por açorianos entre outros…

     

    Mas toda esta falácia assenta num cisma linguístico que também é comum ao inglês e ao castelhano, por exemplo, e não ouvimos ainda dizer que os argentinos falam argentino, os colombianos falam colombiano, os chilenos falam chileno e por aí adiante. O mesmo se diria dos franceses de França e dos ultramarinos, da Martinica, Guiana; Guadalupe; S. Pedro e Miquelón, a Reunião, da Nova Caledónia etc., e pior seria ainda enunciar ainda as várias línguas que poderiam nascer do inglês dentre todos os territórios coloniais e outros que hoje formam a Comunidade “Commonwealth”. Não existe nenhum movimento para chamar escocês, australiano, canadiano, norte-americano, ou como quer que se viriam a chamar as novilínguas de Anguilla, Acrotíri e Decelia, Bermudas, Malvinas, Gibraltar, Ilhas Cayman, Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, Ilhas Virgens Britânicas, Monserrate, Pitcairn, Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha… E ipsis verbis ainda não conhecemos movimentos independentistas linguísticos para a língua moçambicana, angolana, guineense…

     

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    A Lusofonia regressou à ilha-mãe

     

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A Lusofonia regressou à ilha-mãe

Aos vinte anos estava na fase rebelde (já terá passado?), aos trinta e com falhanços matrimoniais estava na fase do nervosismo otimista, nos 40 já me interrogava sobre o porquê dos falhanços e se o rumo persistente seria a resposta… casei, por fim, uma última vez aos 45 e só então comecei a viver em plenitude física, mental e espiritual. Agora que enviuvei podia dizer que chegou a idade de fazer o que muito bem entendo, o que não sendo absolutamente nada egoísta pode ser a chave de sobrevivência. Até consegui constatar que a raiva já não é a mesma, está mais grisalha como eu, é que neste dealbar das últimas páginas de vida não vale a pena manter a raiva, antes pudesse eu manter o sol, pois o outono e inverno são muito mais frios do que eram dantes e o sol, como escrevo há mais de 50 anos ajuda-me na minha função clorofilina, vital para a minha saúde mental.
Há coisas que não se compram, remédios ou curas para as dores de alma, por exemplo e escuso de as pedir sempre que vou à farmácia aviar remédios para outras maleitas, diabetes, colesterol, hipertensão, dores musculares. Dizem que a vantagem de ser viúvo é não ter de agradar a ninguém, e poder ser eu mesmo pois as pessoas amam o original, mas lamento informar que apesar de poder ser eu mesmo, preferia ter ainda a minha mulher e tentar agradar-lhe ao fim de quase três décadas e não seria por isso que eu deixaria de ser original.
A minha rebeldia – que se mantém desde bem antes da maioridade – leva a que me marginalizem e tentem ignorar, o que é absolutamente despiciendo pois nunca deixarei de falar e escrever, mesmo que ninguém me leia ou ouça, e quanto mais me tentarem silenciar ou ignorar mais vocal serei neste mundo de injustiças e desigualdades. O mundo em que vivo começa a estar dominado por hologramas em que a realidade existe em menor proporção (veja-se https://www.facebook.com/watch?v=1081593463376979), e enquanto isto não progride mais, podemos sempre imaginar que ao caminhar numa floresta matamos inconsequentemente milhares de formigas e outros pequenos animais que nem sequer vemos, mas sentimo-nos superiores a eles, como uma forma de vida mais elevada. Com a introdução da IA em mais e mais setores das nossas vidas, em que as suas capacidades intelectuais superarão as nossas milhares de vezes, e a sua capacidade decisória é mais lógica e linear, podem rapidamente chegar à conclusão de que nós não merecemos ser preservados (tal como as formigas) por eles que são tão superiores a nós.
Sei que será também esse o destino daqueles que nos tentam minimizar ou ignorar como recentemente aconteceu quando o 39º colóquio da lusofonia foi, pela terceira vez à ilha de Santa Maria (depois de 2011 com Homenagem a Daniel de Sá e 2017 com o Prémio Nobel Ramos Horta).
Dentre os convidados oficiais salientamos ÁLAMO OLIVEIRA, DORA M NUNES GAGO, PEDRO ALMEIDA MAIA, ANABELA FREITAS (MIMOSO), ANÍBAL PIRES, EDUARDO BETTENCOURT PINTO, ALEXANDRE BORGES, LUÍS FILIPE BORGES, NUNO COSTA SANTOS, DIOGO OURIQUE, VASCO ROSA entre outros além da presença do decano de escritores EDUÍNO DE JESUS e de ONÉSIMO T ALMEIDA.
Homenageados neste colóquio, o autor do ano, Pedro Almeida Maia, Helena Chrystello numa Homenagem Póstuma à professora, antologiadora, escritora e vice-presidente da AICL e o autor local, Arsénio Puim.
Houve três sessões musicais com Ana Paula Andrade, alunos da escola local, um grupo de folclore de Santo Espírito, participantes do Brasil e uma dúzia de apresentações literárias além da exibição de um documentário de Francisco Rosas sobre os 50 anos do 25 de abril nos Açores com um apontamento sobre o meu 25 de abril em Timor há 50 anos. Novidade foi uma curta peça de teatro de Florianópolis (Santa Catarina, Brasil) dedicada a Helena Chrystello, além de um painel de debate dedicado à Diáspora e outro de Encontro de Gerações com Nuno Costa Santos, Alexandre Borges, Eduíno de Jesus e Onésimo T Almeida. Rui Barata Paiva apresentou uma pequena mostra de aguarelas incluindo trabalhos sobre a capa de um livro por ele ilustrado e aqui apresentado.
A editora LETRAS LAVADAS apresentou uma mostra de livros dos autores presentes.
Além da novel obra Antologia de humor açoriano (que a Helena Chrystello deixou inacabada e o Aníbal C Pires concluiu), divulgamos uma novela dela, inédita, datada de 1976. Ouvimos uma dúzia de testemunhos e falamos das suas últimas 4 obras, revisitando as suas intervenções em prol da cultura e literatura na RTP-Açores, ouvindo poemas a ela dedicados (com a presença de dois filhos, Isabel e João) e que foram incluídos numa edição especial minha “29 poemas, 29 anos com a Nini” ofertados a todos os presentes.
Podemos afirmar, quase em uníssono com os demais presentes (quatro dezenas e meia) que se revelou mais um sucesso o 39º colóquio da lusofonia em Vila do Porto, Santa Maria.
Agradecimentos para o nosso patrocinador local, a autarquia através da sua Presidente, Dra. Bárbara Chaves (conhecida destes colóquios desde 2011 quando, como deputada, ajudou a colocar na lista de livros recomendados no Plano Regional de leitura, a obra Antologia de autores açorianos contemporâneos, da Helena CHRYSTELLO), do seu vice e vereador da cultura, Domingos Barbosa, nosso interlocutor privilegiado ao longo dos meses, e da assessora Helena Barros. Agradecimentos muito especiais são devidos às incansáveis funcionárias da Biblioteca Municipal, Débora Vicente, Judite Fontes, Neli Coelho, Viviana Esteves, lideradas por Lisete Cabral que prestaram inestimável apoio técnico, muito para lá das suas competências habituais sem problemas técnicos quer nas transmissões online quer no decurso das sessões com recurso a meios técnicos diversos ao longo destes 4 dias cheios de desafios logísticos e técnicos. Excelente trabalho os dos motoristas Sr António e Sr Armando sempre incansáveis e pacientes nas suas esperas depois das refeições vespertinas em que o pessoal caprichava a atrasar-se, já que durante o dia se cumpriram religiosamente os horários.
Agradecemos ao Hotel (onde nós e os colóquios sempre ficamos), na pessoa da sua Diretora (Dra. Aida Amaral), sua filha Bruna Figueiredo que nos auxiliou na obtenção de descontos, e a todo o restante pessoal (da receção sala, cozinha e quartos) notavelmente a D. Madalena (que conhecemos há 20 anos, sempre solícita na satisfação de todos os nossos pedidos e idiossincrasias, como o anormal pequeno tamanho da minha “italiana”).
Agradecemos o mecenato da EDA RENOVÁVEIS que nos permitiu ter presentes vários autores açorianos e gratos estamos à Direção Regional das Comunidades que nos presenteou com a presença do seu Diretor Dr. José Andrade e apoiou parcialmente a vinda de Eduardo Bettencourt Pinto da Diáspora Canadiana, além do apoio da Direção Regional da Cultura que, infelizmente, não se fez representar.
Ao Professor José de Andrade Melo nosso guia no roteiro cultural (dia 3 de outº) vão os nossos agradecimentos pelas suas explicações sobre os locais visitados num roteiro com horário restrito e agradecemos ao Museu de Santa Maria (Polo de Vila do Porto e sua diretora Dra. Elisa Sousa, e ao Centro de Interpretação Dalberto Pombo / Casa dois Fósseis, que tão bem nos receberam. Por último agradecemos à Escola Secundária de Santa Maria através da Presidente do Conselho Executivo, Dra. Carla Roque pela organização da sessão com alunos e a oferta gentil de almoço aos participantes no colóquio.
Foi como de costume um prazer voltar à Ilha-Mãe e saímos daqui com pena de se terem passado tão fugazmente estes dias, com pena de não dispormos de mais tempo, mas com a certeza de que queremos regressar o mais depressa possível, talvez já em 2026 ou 2027 para um colóquio mais longo, menos emocional, mais tranquilo e com mais vagar para viajarmos pela ilha e partilharmos algumas das suas maravilhas. Em 2025 estaremos nas Lajes das Flores de 23 a 27 abril.
Conclusões do 39º:
No encerramento quando tivemos a presença da Coordenadora da Vice-Presidência do Governo em Santa Maria, Dra. Leonor Batista, salientamos duas das propostas que nos fizeram chegar:
a) Para que a Anabela Freitas e a Dora Gago unam esforços e sinergias para compilarem a série documental de artigos sobre o autor açoriano Leal de Carvalho e posteriormente editar em livro.
b) Para que o trabalho iniciado pela Helena Chrystello da Antologia do Humor, e completado pelo Aníbal Pires, possa ter seguimento, sugerindo-se o nome de Victor Rui Dores para se encarregar de proceder a tal.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713
MEEA-AJA (IFJ)

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